A relação da avaliação do ENADE com o curso de jornalismo

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Qual a importância do resultado da prova, e porquê o boicote dos alunos é discutido e considerado

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) é uma prova proposta pelo Ministério da Educação aos alunos de ensino superior para avaliar rendimento e validar a continuação do curso. A prova é realizada com periodicidade trienal para compreender se os conteúdos programáticos foram aplicados. O resultado deve ser notado em competências profissionais, e se o curso mantém-se atualizado em relação à realidade brasileira. A avaliação integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), juntamente com uma análise do curso e uma institucional. Assim, o conhecimento obtido pelo aluno é analisado em paralelo à estrutura da universidade e do corpo docente.

Alexandre Barbosa, membro da Comissão Assessora da área do jornalismo, compara a avaliação com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para a melhor compreensão da prova e sua importância. A boa nota obtida no ENEM significa uma conquista de bolsa em universidades particulares ou vaga em públicas de renome. Já no ENADE, Alexandre diz que “a nota que o curso obtiver vai melhorar o ranking da instituição dele [aluno]”. Segundo ele, apesar de não ser um benefício imediato, não deixa de ser importante.

O curso de jornalismo da Unesp está avaliado em nota 2 pelo ENADE 2014, levando em consideração que a nota mínima é 3. Porém, segundo Maria Cristina Gobbi, atual diretora do Departamento de Comunicação Social, a avaliação não corresponde à realidade. Ela afirma que a estrutura física e as melhorias pedagógicas são muito significativas, mesmo que a grade antiga, e ainda presente, não atenda à novas práticas e processos de produção. Gobbi ainda destaca a implementação do novo projeto político-pedagógico, com ênfase na dedicação aos direitos humanos e a valorização da cidadania e diversidade em toda a graduação, e o estímulo da participação dos alunos em atividades como projetos de pesquisa e extensão. “Eu diria que são muitas as ações, mas a mais importante é a defesa da universidade pública inclusiva, gratuita, de qualidade e para todos”, diz ela.

Como o boicote ao ENADE é justificado pelos alunos

Seguindo a ideia de construir profissionais com autonomia, visão crítica e apreço pela ética, surgiram ideias sobre o boicote ao ENADE. Vinícius Cabrera, 26 anos, participou da ação e contou que uma das principais motivações era a falta de uma verificação profunda da realidade da universidade pública. “Era meio que uma prova para ‘cumprir tabela’ sem realmente avaliar o problemas que o curso enfrentava ou o que deveria mudar para que melhorasse”, explica. Além disso, para os alunos(que alunos, está falando por eles) que fizeram a prova junto com Vinícius, o ranqueamento promovido a partir da prova também era problemático. “Era algo unicamente utilizado para fazer marketing em universidades privadas, sem realmente avaliá-las da maneira correta também”, ele complementa.

Segundo Alexandre, é por esse mesmo motivo que a realização da prova é importante – o ranqueamento chama atenção das pessoas para o curso. Apesar do caráter voluntário, o aluno dentro do período de realização da prova é obrigado a fazê-la para que possa “colar grau”.

Responsável pela elaboração de matrizes e diretrizes para a área do jornalismo, Alexandre deixa claro que “o MEC não faz nenhum controle sobre o que os estudantes fazem na prova”. Isso torna o boicote somente prejudicial. O ranqueamento dos cursos universitários chama atenção tanto de possíveis novos estudantes, quanto do mercado de trabalho – que leva em conta a avaliação na valorização curricular no momento de contratação. A falta de propostas de soluções para a reclamação dos alunos pode ter diversas consequências negativas, inclusive a possibilidade de fechamento do curso caso a nota continue abaixo de 3.

Texto: Julia Belioglo

Produção multimídia: Gabriela Arruda

Editora: Caroline Oréfice

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