Deep Web: o que você quer (e pode) encontrar
Quem já ouviu o ditado “a curiosidade matou o gato”, com certeza aprendeu que muitas descobertas podem não nos agradar. Ela atiça os nervos e tem a capacidade de nos levar a lugares diferentes.
E foi curiosidade que moveu os dedos rápidos do estudante de contabilidade Matheus Estevão para descobrir um mundo que vai além da surface. O poder de acesso pelos navegadores padrão não conseguem atingir o mundo no qual Matheus mergulhou: a Deep Web. “A minha curiosidade foi procurar por conhecimentos, tanto na área de programação, quanto na pessoal, e entender fatos que são escondidos da população normal. O maior erro de quem ‘descobre’ a DW é ir até ela só por curiosidade, sem um objetivo. Você tem que saber bem porque está acessando e o que quer ali. Não é lugar para curiosos. A não ser que você esteja preparado para ver coisas que nem sonha que aconteça e para sofrer as consequências”, ressalta o estudante.
Para navegar no outro lado da internet, é preciso baixar um novo navegador – muito semelhante ao Mozilla Firefox – chamado Tor Project. O “Tor” tem a imagem associada a uma cebola, pois a Deep Web é formada de várias camadas e a cada nível que passa, é possível encontrar mais coisa. Além disso, os sites não terminam em .com e já na primeira camada existem os sites .onion. Criativo nome, não?
Aprenda como utilizar a Deep Web e conheça os seus riscos
A maioria dos usuários da Deep Web encontra o que quer já na primeira camada. “As minhas necessidades são supridas na ONION. Não preciso de muitos softwares e conhecimento amplo de programação para acessar esta camada. Basicamente utilizo uma máquina virtual, um programa de firewall, camuflador de IP, TOR e um programa para verificar as portas de acesso da minha máquina”, comenta Matheus.
Segundo uma pesquisa realizada em 2001 pela Universidade da Califórnia em Berkeley, estima-se que a Deep Web possui cerca de 7.500 terabytes de informação. Em 2008, registros mostraram que a DW representava cerca de 70 a 75% de toda a internet. Ou seja, cerca de um trilhão de páginas indexadas fazem parte desse mundo. E você achando que conhecia a internet de verdade, não é?
Não há registros, documentações ou fiscalização na DW. Por isso, não é difícil encontrar venda de produtos ilegais, crime por encomenda, pedofilia, experiências humanas e muito mais. Segundo os produtores do Canal do Youtube Chudoku, Leandro Orga e Gabriel Mota, você pode encontrar “inúmeras coisas ruins e pessoas que querem praticar o mal por ser uma rede em que tudo é na base do anonimato e extremo sigilo”.
De acorco com Felipe Prado, advogado especialista em crimes virtuais, “uma das características da internet é o fato de não existir um controle prévio do conteúdo que é difundido. Embora deva existir um esforço conjunto para reprimir os ilícitos criminais praticados por meio da internet e da Deep Web, a fiscalização prévia do que é disseminado inviabilizaria a internet como a conhecemos”, diz. Prado ainda ressalta que, no caso de crimes que envolvem pornografia infantil, existe um efetivo monitoramento por parte de grupos de compartilhamento de conteúdos e departamentos de Polícia especializados.
Os dois lados da moeda
Que a Deep Web tem uma má fama tremenda ninguém discorda. De vez em quando, alguns “virais” aparecem na surface contando casos da DW. Como tudo é feito no anonimato, não há como saber se o que se lê é verdade. Há algum tempo, foi divulgada uma história de venda de “bonecas humanas” sexuais.
“A DW é um local que você encontra de tudo, de livros sobre computação quântica e acadêmicos, pesquisas de universidades, relatos de vida fora da Terra e sites de venda de órgãos, drogas, pessoas e várias outras coisas que não sonham que o ser humano possa fazer. Se irá acessá-la para o bem, o cuidado que deve tomar é camuflar o seu IP e usar uma máquina virtual para proteger o seu PC de algum imprevisto”, aconselha Matheus.
Um dos criadores da página do Facebook “Deep Web”, identificado por #Jp, diz que tem repúdio e nojo temporário de algumas coisas que vê, e que a DW deve ser usada com moderação. “Você só vai achar lá aquilo que procura, não necessariamente com facilidade, digitando e achando, nada vai pular na sua tela. Apenas use com sabedoria. É uma ferramenta que muita gente deveria conhecer”, conclui.
Também é possível achar muita coisa boa na DW. Matheus Estevão comenta que há um “lado muito rico em conhecimento, que pode dar enriquecimento cultural e pessoal para quem souber aproveitar. A DW não é só feita de coisas sombrias”.
E você, está preparado para conhecer a Deep Web? Nossa equipe, junto com o estudante Matheus Estevão, separou alguns sites desse mundo submerso da internet:
Política e Ocultismo: http://xqz3u5drneuzhaeo.onion/users/heidenwut2
Segurança em Informática: http://g7pz322wcy6jnn4r.onion/openso…ont/index.html
Livros: http://am4wuhz3zifexz5u.onion
Wikileaks: http://sx3jvhfgzhw44p3x.onion/
Reportagem: Nayara Kobori
Produtor multimídia: Leonardo Zacarin
Edição: Mayara Abreu Mendes
One thought on “Deep Web: o que você quer (e pode) encontrar”