Entenda como ocorrem situações abusivas em vários tipos de relacionamentos

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As problemáticas de se viver situações abusivas em um relacionamento estão sendo cada vez mais discutidas. Entretanto, é comum nos depararmos com uma associação erronia ao termo  ‘relacionamentos abusivos’. O ser humano vive diversos tipos de relações em seu cotidiano, como, por exemplo, as amorosas, de trabalho, de amizade e familiares: situações problemáticas podem acontecer em qualquer uma delas. O Repórter Unesp averiguou como uma situação abusiva acontece em vários tipos de relações e o resultado você vê a seguir:

Situações abusivas acontecem em vários lugares

Desde o homem passou a viver em sociedade, é impossível não viver relacionamentos humanos. De acordo com a terapeuta e coaching especializada em relações humanas, Isabela Antunes, é importante que todo ser humano faça parte de grupos sociais: “viver em sociedade ajuda o homem a superar suas dificuldades, aumenta o desenvolvimento individual e intelectual e nos ajuda a entender os comportamentos humanos”. Por isso, é comum que as pessoas se sintam confortáveis em ter relacionamentos.

O problema acontece quando essas relações acabam prejudicando quem participa delas, seja mentalmente ou fisicamente. A psicóloga Thaiana Brotto explica que um relacionamento abusivo é caracterizado por um comportamento concebido para controlar outro ser humano, através do uso do medo, humilhação, intimidação, culpa, coerção ou manipulação. E esse tipo de comportamento pode acontecer em muitas esferas de relacionamentos, como, por exemplo familiares, trabalhistas e amorosos. Cada tipo possui suas particularidades:

Como são os relacionamentos familiares abusivos?

O conceito de família é definido por “núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre si relação solidária”, de acordo com o reconhecido Dicionário Houaiss. De acordo com a terapeuta Isabela, as relações familiares são o primeiro contato social do ser humano e, por trazerem uma sensação literalmente ‘familiar’, acredita-se que elas serão benéficas, porém, nem sempre acontecem dessa forma.

Tweet relata um exemplo de relacionamento abusivo familiar (Créditos: @ravenclxw)

A estudante do curso de Farmácia e Bioquímica da USP, Andressa*, conta que viveu um relacionamento abusivo com seu pai durante anos. Ele não permitia que ela tivesse uma vida social ativa, tinha ciúmes de todos os seus amigos e amigas e também dizia que ela só poderia escolher o caminho profissional que ele quisesse. A estudante relata que só se deu conta do que acontecia, depois que passou a ter ataques de pânico e desenvolveu fobia social.

Com ajuda de terapia, ela tratou os sintomas e começou a entender melhor o contexto familiar em que estava inserida: “minha dica para quem sofre um relacionamento abusivo na família é que eu sei o quanto doí não ter apoio de quem deveria estar ao seu lado, mas nada pode custar sua saúde mental. Se seus pais não são bons para você, não se sinta culpada por isso. Existem muitas pessoas que podem te fazer um bem danado se você permitir”.

O assédio moral e sexual em ambientes de trabalho

O local de trabalho também pode ser cenário de situações abusivas. Sejam elas entre subordinados e chefes ou até mesmo entre colegas de profissão. É importante que quem sofre esse tipo de abuso saiba que assédio moral é crime, através da lei 12250/06, e quem se sentir danificado por algum comportamento desse tipo pode abrir ações judiciais. Além disso, é necessário que o departamento pessoal ou de recursos humanos das empresas tenham ciência do que está acontecendo, para auxiliar as partes envolvidas e resolver os problemas do ambiente de trabalho.

Tweet discute sobre o assédio (Créditos: @sigamarqes)

Campanhas que defendem o respeito no ambiente de trabalho e denunciam situações abusivas vividas por trabalhadoras estão cada vez mais em evidência: nos Estados Unidos, a campanha #TimesUp uniu mulheres da indústria cinematográfica expondo abusos sexuais, morais e até mesmo explicou como funciona a desigualdade no salário entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções. Essas ações vem ajudando na luta contra a violência psicológica.

No Brasil, em fevereiro de 2018, jornalistas esportivas se uniram na campanha #DeixaElaTrabalhar, depois que a jornalista Bruna Dealtry, do “Esporte Interativo”, foi beijada à força por um torcedor durante uma transmissão ao vivo. Nenhum ambiente de trabalho está isento da possibilidade de uma situação abusiva, por isso, de acordo com a terapeuta Isabela, “é importante não se silenciar diante de um problema no ambiente de trabalho, porque ele pode acarretar sérios danos psicológicos no futuro”.

A dor que faz sofrer em nome do amor

Os relacionamentos afetivos entre duas pessoas que possuem amor deve ser algo descomplicado, mas nem sempre segue esse caminho. Em nome de um sentimento comum, algumas mulheres acabam aceitando situações abusivas e, muitas vezes, não as enxergam como um real problema. O Repórter Unesp conversou com três jovens: Bruna*, Camila* e Manoela*, que toparam compartilhar suas experiências dentro de um relacionamento amoroso abusivo e relatam como conseguiram se desvencilhar dessa situação.

Atenção: os relatos podem ser gatilhos psicológicos. 

*Por motivos de preservação, os nomes das fontes que relataram seus relacionamentos abusivos foram alterados.

Repórter: Carolina Freire

Produção Multimídia: Gabriela Carvalho

Edição: Aressa Muniz

Foto de capa: Casal de mãos dadas (Créditos: Banco de imagens)

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