Na década de 90, muitas escolas municipais ainda faziam com que as crianças se reunissem em fila para todas as atividades, entre elas cantar o hino nacional. Até hoje em dia, é possível se surpreender com esse e outros resquícios da pedagogia que herdamos da ditadura militar.

O cenário de um policial militar à frente de uma escola pode até remeter a décadas passadas, quando o Brasil vivia uma ditadura militar. Isso, no entanto, é encontrado até hoje. Em janeiro de 2014, o estado de Goiás repassou a administração de dez escolas públicas para a PM, como uma forma de controlar a violência. Em Valparaíso, por exemplo, a escola terá a administração de um Policial com formação em Pedagogia. “E os pais estão achando isso ótimo!”, ironizou a professora do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da UNESP Bauru, Maria José da Silva Fernandes.

Ao se analisar a estrutura física de uma escola, a semelhança com uma prisão é perceptível. Grandes muros, grades e severidade na punição aos alunos são exemplos de atitudes e construções que fazem a escola se distanciar de um ambiente de aprendizado. Isso, claro, é reflexo da metodologia antiquada que é adotada pela maioria dos colégios. “Quando você vai pela via do controle, da coerção você vai criar pessoas que vão se revoltar ou vão se tornar submissas e não só na escola mas também submissas também na sociedade”, diz Maria José.

Andresa de Souza Ugaya, professora do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências, critica também a disposição física dentro da própria sala de aula: ” é muito mais que um desconforto físico (de se sentar numa carteira). Fica-se sentado em um período longo, não pode olhar pros lados e nem pra trás. Há somente a formação dos jovens para a cognição e o movimento (físico) fica em último plano”.

Andresa faz pesquisas em torno do desenvolvimento da atividade física como forma de  aprendizado. Para ela, crianças e jovens devem receber uma educação que liberte o corpo e desenvolva educação corporal voltada para qualquer prática. Áreas verdes, por exemplo, são espaços exploráveis, tanto para o lazer e o lúdico, como para que se aprenda botânica.

A rigidez que se cobra na escola seria descartável se o ensino fosse feito de maneira mais atrativa para o aluno. O desafio da Educação é estabelecer métodos que ofereçam aos estudantes a chance de adquirir conhecimento sem se sentir preso em um ambiente cujo intuito é prendê-los. Confira no infográfico abaixo algumas alternativas de métodos de ensino:

Contra uma educação cerceadora, áreas livres são muito mais para um aluno do que apenas um espaço para um intervalo entre uma aula e outra.

Reportagem: João Vitor Reis

Produção Multimídia: Julia Germano

Edição: Mayara Reis