Todo dia é dia de feira
Mesmo com o número cada vez maior de supermercados, as feiras-livres continuam muito bem frequentadas por consumidores fiéis, que buscam produtos frescos, saudáveis e por um preço bom.
A prova disso é o estudante de design Vinicius Oliveira. Mesmo em um domingo frio e de garoa, Vinicius saiu do Jardim Planalto para aproveitar a feira no centro, entre as quadras 4 e 7 da Gustavo Maciel, em Bauru. Neste dia, ele procurava comprar tofu. “Acordei com essa vontade e vim até aqui. Enquanto no mercado eu pago cerca de R$12 , aqui encontro por R$6 e com qualidade muito melhor”, explica.
Lá também se encontra clientes mais antigos, como os aposentados Aparecida Maria e José Prado. Casados há 38 anos, eles frequentam a feira todos os domingos, religiosamente. “Menos quando vamos passear”, brinca Aparecida. A aposentada acredita que a feira tenha mudado desde seus tempos de menina. “Hoje tem muito mais diversidade e mais qualidade também”.
Quem atendia o casal era o feirante Edson Suzuki. Ele trabalha em feiras livres há 30 anos e está a frente de sua própria barraca – herança do pai – há quatro. O trabalho é duro, com pausas apenas às segundas e quintas, quando ele aproveita para carregar o caminhão de produtos no Ceagesp. Mas Edson não reclama. “Já virou tradição”.
Serviço:
Todos os Domingos, das 7h às 12h
Rua Gustavo Maciel, quadras 4 a 7.
Feiras Orgânicas
O Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor (IDEC) mapeou em seu site as feiras orgânicas espalhadas por todo o país. Para encontrar a mais próxima de você, basta digitar seu endereço e procurá-lo no mapa.
Uma destas feiras orgânicas acontece todas as quintas, próxima a Avenida Getúlio Vargas, e atrai um público atípico para uma feira que acontece no meio da semana. O segredo: a grande variedade de produtos cultivados de forma natural, sem pesticidas e com respeito ao meio ambiente. A maioria dos comerciantes são pequenos produtores, que possuem sítios e fazendas nas proximidades da cidade. Ali são encontrados desde vinhos e queijos artesanais até bolos, confeccionados sem nenhum tipo de maquinário.
A confeiteira Tatiane Carvalho diz que o local já virou um segundo lar. “Trabalhar em feira é viciante, o dia que eu não venho parece que falta um pedaço”, revela. Há cinco anos, ela resolveu fazer cupcakes para as festas de aniversário dos filhos, tomou gosto pela coisa e se profissionalizou. Há três, está na feira e já é uma celebridade do local. Em seu perfil do Facebook, divulga os produtos e faz contato com possíveis parceiros comerciais.
Serviço:
Todas as quintas-feiras, das 16h às 20h, na quadra 1 da rua Dr. Fuas de Matos Sabino.
A Feira Regulamentada.
Durante a gestão do prefeito Gilberto Kassab, várias medidas foram tomadas em relação à regulamentação das feiras-livres na cidade de São Paulo. Os feirantes foram proibidos de armar suas barracas antes das 7h – eles costumavam chegar ao local da feira a partir das 4h30 -, além da obrigatoriedade do uso de luvas, toucas e máscaras. Em 2007, na medida mais polêmica, a prefeitura instituiu a lei do silêncio nas feiras. Os feirantes que quisessem anunciar seus produtos em voz alta estariam sujeitos a multas e à cassação de suas licenças.
“Algumas medidas foram muito boas, a das luvas por exemplo, mas outras não pegaram. É o caso da lei do silêncio, pra essa o pessoal já não liga tanto”, revela o feirante Luis Carlos dos Santos. Desde os anos 70 na feira, ele fez amigos e criou seus filhos no ambiente. Um deles, Fernando, hoje substitui o pai a frente da barraca da família. “A vida não é fácil, não tem final de semana, nem noite de sono. Mas eu não trocava, a gente faz amigos aqui. Todo mundo conhece a gente. Vira nossa família”, revela, emocionado.
É possível encontrar os endereços de praticamente todas as feiras livres da capital paulista no site do FeiraLivre.cc. Em Bauru, a prefeitura disponibiliza uma lista em seu site .
Reportagem: Vitor Moura
Produção: Paula Monezzi
Edição: Paula Reis