Coleta de lixo em Bauru funciona, mas reciclagem é falha
Bauru foi pioneira em reciclagem, mas ainda precisa avançar na quantidade de material a passar pelo processo
O lixo reciclável em Bauru ainda é um problema para a cidade. 350 toneladas de material orgânico e 12 toneladas de material reciclável são recolhidos diariamente. “Quase 50% do lixo orgânico no aterro poderia ser reciclado”, comenta Luis Henrique Facin, diretor de divisão da Secretaria do Meio Ambiente de Bauru. A cidade conta com três cooperativas responsáveis pela separação do lixo reciclável e distribuição para empresas e companhias que reutilizam o material: Coopeco, Cootramat e Coperbau.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o setor de reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano no Brasil. No entanto, devido à baixa aderência dos municípios e da população, o país deixa de ganhar em torno de R$ 8 bilhões anualmente por não reciclar resíduos que vão para os aterros ou lixões.
Reciclagem em Bauru
A prefeitura começou a coleta seletiva em 1992, sendo uma das pioneiras da região no processo e, atualmente, a coleta alcança 80% do município. A empresa contratada para o serviço é a Emdurb e esta disponibiliza todo o material que é recolhido para as três cooperativas que existem na cidade.
“A prefeitura está com um plano de conseguir mais 2 caminhões para Emdurb e, com isso, a coleta atingirá 90% do território”, explica Luiz Henrique Facin. Em Bauru, esse recolhimento funciona diariamente e passa uma vez por semana em cada bairro que o programa atinge. A prefeitura disponibiliza quatro caminhões para coletar o lixo reciclável das ruas e dos pontos de reciclagem, conhecidos como Ecopontos.
“O objetivo é ampliar para 100% o serviço de coleta seletiva, mas há o problema da capacidade de recebimento das cooperativas”, explica Rosana Fregolente Holloway, do setor de comunicação da Emdurb. Ela acrescenta que é necessário que mais cooperativas se cadastrem para receber o material reciclável, assim a empresa poderá investir na ampliação da coleta e na divulgação do programa. Além disso, existe um problema social, porque ainda há muitas famílias que realizam coleta de recicláveis para suas sobrevivências, principalmente nas periferias.
Como funciona o processo?
O material coletado é levado às três cooperativas de Bauru, que dividem o lixo igualmente. Os lixos recicláveis são separados pelos funcionários em uma esteira entre plástico, papel, papelão e outros. No final dessa esteira encontram-se os resíduos orgânicos que a população mistura na hora da reciclagem, que é o que atrapalha as cooperativas: “Se alguém coloca um livro com uma casca de banana dentro, perdemos o material. O papel não é mais reutilizável, não é possível transformá-lo em um novo produto”, explica Jéssica Ribeiro, presidente da Coopeco.
Os funcionários das cooperativas também sofrem com toda essa sujeira, por isso alertam que não é necessário lavar o material com água potável, mas eles não devem ser colocados para reciclagem se estiverem muito sujos. Jéssica comenta que deixar o matéria reciclável na pia e lavar a louça em cima do produto ajuda no processo e ainda, não desperdiça água.
Depois de separados, os materiais recicláveis são compactados e prensados para serem comercializados. Jéssica comenta que os compradores se beneficiam do material, transformando-os em algo reutilizável. “Por exemplo, transformam pet em telha, edredom em calça jeans”, conta a presidente.
E os ecopontos?
São locais criados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, onde é possível levar pequenas quantidades de entulho, no máximo 1m³.
O que se pode levar?
Pode-se levar madeira, plástico, metal, vidro, papel, papelão, móveis e eletrodomésticos. Não se deve levar aos ecopontos lixo doméstico, hospitalar e industrial.
Solução
O ideal seria que 30% do lixo da cidade fosse reciclado, mas apenas 3% passa por esse processo. Luis Henrique comenta que “Bauru precisa de divulgação e educação ambiental através da mídia, porque falta conscientização da população”. Além da diminuição do impacto ambiental, a reciclagem gera empregos para famílias de baixa renda: “A palavra exata para a população é conscientização, ser consciente que o lixo é a subsistência de outra pessoa”, finaliza Jéssica.
Reportagem: Catherine Paixão
Produção Multimídia: Pepita Ortega
Edição: Alexandre Wolf
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