Esporte para todos
A infraestrutura pública, uma luz no fim do túnel
Quando pensamos em esporte, a primeira coisa que nos salta a mente é a relação que ele tem com a ideia de sucesso e conquistas. Por vivermos em um mundo globalizado, onde tudo é mercantilizado, essa noção de esporte e de esportistas “popstars” se potencializou ainda mais e é hoje, aos olhos do público, principalmente dos de baixa renda, encarado como um status quo, difícil de se mudar. A realidade de pessoas que enxergam no esporte uma saída e que se imaginam como futuros astros, desses que aparecem na televisão, é inquestionável. Apesar de ser um sonho alcançável, poucos conseguirão, um dia, serem um desses que eles viram na TV.
Ao discutirmos uma saída para esse tipo de mentalidade, encontramos nos incentivos públicos e em especial nas quadras e praças públicas lugares que, ao contrário dos rígidos centros de treinamentos, incluem a população em geral e, dessa maneira, dão a ela uma forma de lazer, muito importante para as pessoas com pouca oportunidade de entretenimento. Nas quadras públicas, o esporte é pensado como lazer ou forma de manter uma atividade física, a mentalidade excluidora à aqueles menos talentosos se transforma em inclusão, natural, para que a prática de determinado esporte seja possível, sem que com isso, tome-se em conta somente os mais talentosos.
As quadras públicas, piscinas públicas, pistas de skate/patins e todo lugar destinado a prática de esportes por parte da população em geral deve ser encarada como um lugar de interação entre pessoas que convergem para um objetivo comum. Roger Camargo, secretário de esportes de Bauru, enfatiza o caráter inclusivo das quadras públicas. “A ideia é a fomentação do esporte através da criação de quadras destinadas à prática de esportes por parte da população mais carente que, sem chance de se filiar a algum clube, tenha uma opção real de se divertir e se manterem fora das ruas”, afirma Roger.
Roger também explica que esse processo de ocupação das quadras públicas é realizado em conjunto de projetos sociais fomentados pela prefeitura em parcerias com o setor privado, um exemplo disso é o projeto mantido pelo Bauru Basquete em conjunto com a Paschoalotto Serviços Financeiros, no qual as escolas públicas funcionam como uma espécie de ponte entre as crianças e o projeto. Roger enfatiza que nesses projetos a formação de cidadãos está acima da formação de campeões. “Nós temos vários projetos sociais distribuídos nas periferias de Bauru, em todos eles o enfoque prioritário é o desenvolvimento do lado cooperativo entre os jovens participantes, a formação de pessoas conscientes. O lado competitivo também é incentivado, mas nunca colocado a cima do social”, assegura Roger.
Quando pensarmos em esporte, devemos agora nos lembrar que ele vai muito além do que é transmitido nas televisões todos os dias, o esporte é uma arma de longo alcance que deve ser utilizada de maneira a unir as pessoas. As quadras públicas têm extrema importância nesse processo, elas reúnem o melhor dos dois mundos, pois incentivam o esporte/esportista e influem na formação de cidadãos. São muitos os fatores para as quadras públicas serem cada vez mais difundidas, logo de cara já temos dois grandes motivos para elas não serem precarizadas: sem elas, a prática dos esportes ficaria ainda mais resignada a uma pequena parcela da população que tem acesso à clubes ou a estabelecimentos pagos, além disso, os projetos sociais também se prejudicariam e não atingiriam tantos envolvidos. Diferente do que é mostrado no nosso cotidiano, o esporte é, antes de tudo, sinônimo de inclusão, e cabe ao poder público investir e se comprometer mais em áreas tão promissoras como essa. A ligação entre educação e esporte deve ser mais explorada e implementada como elemento básico para todos, as quadras públicas são provas vivas de que essa ligação pode ocorrer de forma a beneficiar a população.
Reportagem: Vinícius Cabrera
Produção Multimídia: Lívia Lago
Edição: Mariana Amud Fernandes
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