Vai uma gelada aí?

Browse By

Não é somente sexta-feira o dia de cerveja. Para muitos brasileiros, o alívio do fim do dia é a companhia de uma ‘gelada’. Segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), o setor cervejeiro no Brasil movimenta um total de 50 fábricas, contribui em 1,6% do PIB nacional e tem faturamento de R$70 bilhões por ano. Esses elevados números deram ao país a terceira posição no ranking mundial de produção de cerveja em 2015, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

O consumo da famosa ‘geladinha’ no Brasil também é alto. De acordo com a CervBrasil, a ingestão da bebida é de 66,9 litros por pessoa durante um ano, ocupando a 27ª posição mundial em 2014. Não é para menos que, segundo dados do Ibope, a cerveja foi eleita como ‘a cara do brasileiro’.

Mas você sabe como ela é produzida? Confira no vídeo abaixo.

Artesanal x Industrializado

O sabor e o modelo de produção são as principais diferenças entre as cervejas industrializadas e artesanais – também chamadas de especiais, e podem influenciar no preço do produto. Enquanto o primeiro grupo tem produção em grande escala para atender o máximo de consumidores a nível nacional e até internacional, o segundo leva em consideração uma maior variedade de sabores e aromas.

As fábricas industrializadas utilizam apenas 60% do malte, principal ingrediente para a fabricação de cerveja, e 40% de outros cereais. Dessa forma, o custo de produção é menor e, consequentemente, o preço de venda também diminui. Já as cervejarias artesanais selecionam com mais cuidado os ingredientes, mesmo que o resultado disso seja uma produção e comercialização com valores mais altos. Elas também devem ser produzidas de acordo com a Lei da Pureza Alemã, que especifica que as bebidas não podem ter conservantes, açúcares ou outros componentes durante a sua produção.

Os consumidores dividem opinião em relação às suas preferências. A preocupação com o rótulo, com o engarrafamento e com a preservação do sabor também é característica das cervejarias artesanais, por isso aqueles que prezam pelo paladar preferem, geralmente, essas bebidas especiais.

Amor pelo artesanal

Há 10 anos, Fernando Bueno, 48, experimentou pela primeira vez uma cerveja artesanal e “foi um caminho sem volta”. Com uma visão mais poética, Bueno começou a produzi-las, há aproximadamente um ano, em casa para consumo próprio. Apesar de considerar apenas um hobby, o mestre cervejeiro sempre tenta melhorar o seu produto final por meio de trocas de experiências.

Em uma pesquisa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 2013 até os dias atuais, o número de cervejarias no Brasil foi de 214 para 419. Vale ressaltar que esse número só serve para os locais registrados, deixando de lado a realidade de cervejeiros caseiros como Bueno.

[foogallery id=”15483″]

Se para uns a cerveja é considerada um passatempo, para outros ela é vista como uma oportunidade de carreira. Apaixonado por cerveja e insatisfeito com a advocacia, Luis Gustavo Doná, 29, resolveu fazer da sua paixão uma profissão, decidindo então, ‘aposentar’ a carteirinha da OAB. Doná se formou sommelier de cerveja pelo Instituto da Cerveja Brasil (ICB) em 2015 e se juntou aos amigos para abrir o Don Tonel, estabelecimento de vendas de cervejas especiais em São José do Rio Preto, SP.

Assim como Doná, Marcelo*, distribuidor de cerveja artesanal, visualizou nesse setor a possibilidade para negócio: “Primeiramente comecei com uma loja, mas como a demanda começou a aumentar muito, eu resolvi sair do varejo e focar no atacado”. Atualmente, o distribuidor atende aproximadamente seis lojas específicas de cervejas artesanais em Rio Preto e região. Marcelo não vê o mercado de produção em grande escala como um inimigo das produções artesanais. Para ele “as fábricas fazem aquilo que o consumidor deseja, então se o consumidor está migrando para outro produto, elas devem simplesmente começar a produzir aquilo que o consumidor quer”.

Visualizando a expansão da produção caseira e com a finalidade de trocar experiências entre cervejeiros, o espaço Don Tonel realizou no sábado, 17, um workshop sobre os erros mais frequentes na fabricação de cerveja artesanal. Para o sommelier Doná, ignorar etapas simples no processo de produção pode influenciar no gosto final. É importante prestar atenção até nos mais simples detalhes, como escolher a água. “Muitas pessoas pegam água da torneira e acreditam que já está bom, mas não, é sempre importante dar uma fervida para diminuir o cloro; outra questão é o controle de tempo e temperatura, tanto na receita quanto na fermentação”, explica.

O mercado para os pequenos produtores

Para facilitar o trabalho das pequenas cervejarias do país, um projeto de lei sancionado em 2016 inclui as microcervejarias, com produção média de 200 mil litros por mês, no Simples Nacional. Criado em 2006, o Simples Nacional reduz os tributos das pequenas empresas, ajudando-as a se manter no mercado.

Além disso, a Associação Brasileira de Microcervejarias (Abracerva) conseguiu através de reivindicações, que o Festival Brasileiro de Cerveja, evento que acontece em Blumenau (SC) no mês de março, seja exclusivo para as microcervejarias. Ou seja, sem a participação de grandes distribuidoras, importadoras e dos quatro maiores grupos fabricantes de cerveja do país: a AmBev, o Grupo Schincariol, a Cervejaria Petrópolis e a Heineken. A decisão Abracerva permite, com isso, que microempreendedores também tenham seu espaço no mercado através da cultura de cervejas artesanais em expansão.

Historia da cerveja no Brasil

*A fonte não quis ser identificada por motivos pessoais

Reportagem: Ariádne Mussato

Produção Multimídia: Bárbara Ramirez

Editora: Luana Brigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *