Pesquisa revela os hábitos dos brasileiros na internet
O Governo Federal divulgou recentemente a Pesquisa Brasileira de Mídia, um amplo levantamento para entender o consumo midiático dos brasileiros. Entre vários aspectos, a pesquisa revelou um embate interessante no conteúdo da internet: informação versus entretenimento.
A dualidade fica evidente na lista dos sites mais visitados pelos brasileiros. Dos doze endereços mais acessados, há um site essencialmente de notícias, quatro redes sociais e sete portais que mesclam entretenimento e informação. “Os portais reúnem uma série de notícias e serviços que são úteis aos usuários. Assim, é natural que eles tenham mais visitas e que sejam usados principalmente na navegação inicial”, explica Jorge Machado, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista na área de cultura digital.
É justamente um conteúdo amplo que o internauta busca ao acessar a web. A policial Karolyne Dandara conta que os sites visitados por ela variam muito. “Eu procuro de tudo na internet, desde coisas banais, como algum clipe novo, até notícias e histórias do mundo. Acho que todo e qualquer tipo de conhecimento é válido”, afirma Karolyne.
No entanto, é preciso estar atento a esta mistura de entretenimento com informação. A incessante busca para atrair um público maior faz com que alguns sites de notícias deixem o interesse público de lado e priorizem a diversão. “Assim como a mídia tradicional, os portais são financiados por anúncios. Por isso, muitos sites apelam nas notícias e nas imagens, sempre buscando refletir os interesses do usuário de internet, o que influencia bastante nas linhas editoriais e na forma de se comunicar”, alerta Jorge.
A Pesquisa Brasileira de Mídia apontou outro problema no jornalismo online. De acordo com os dados divulgados, poucos brasileiros confiam nas notícias veiculadas na internet. Apenas 22% confiam sempre ou muitas vezes nas notícias publicadas em blogs, 24% nas notícias de redes sociais e 28% nos sites. Segundo Machado, “a facilidade na publicação de conteúdo influencia na difusão de boatos e notícias sem verificação”, o que pode ter motivado o resultado das pesquisas. A própria Karolyne brinca que “já mataram o Renato Aragão umas 400 vezes no Facebook”.
A febre do curtir
Mesmo com o destaque dos portais de conteúdo, o site mais acessado pelos brasileiros é disparadamente o Facebook. A rede social se popularizou a partir de 2011, e hoje é raro achar alguém que não tenha um perfil no “Face”. Para o professor Jorge Machado, “a facilidade de navegação, a comunicação rápida e a ênfase na imagem ao invés do conteúdo são atributos que atraem à rede social”. “O Facebook é o reflexo de nossa sociedade”, completa.
Mas será que é possível se informar nesse mundo instantâneo e imagético? A estudante Stephanie Hahne garante que sim. “Isso vai depender do que você procura e do que/quem você segue. Há várias páginas e perfis confiáveis, em que é possível aprender e ler muita coisa interessante”, conclui.
Democracia na web?
É muito comum ouvirmos que a internet é o meio de comunicação mais democrático da atualidade, em que todos podem participar e expor seus pontos de vista. Porém, a Pesquisa Brasileira de Mídia apresenta uma realidade diferente, 53% dos brasileiros não costuma usar a internet. O percentual aumenta quando os entrevistados são de baixa renda ou idosos. Machado acredita que ainda temos muito a evoluir. “A conexão brasileira é cara e muito ruim, principalmente em lugares mais afastados dos centros urbanos. Nossa internet não é democrática! Ainda estamos para ver o grande impacto da internet no Brasil”.
Reportagem: Renan Fantinato
Produção: Leonardo Zacarin
Edição: Mayara Abreu Mendes
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