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Traçando uma visão geral da indústria pornográfica

Apesar do tabu, indústria pornográfica movimenta a economia mundial

A indústria pornográfica, responsável pela movimentação de milhões de dólares todos os anos, passou por duas crises ao longo dos anos. No entanto, mesmo com o modelo de negócio afetado, a pornografia se reinventou e continua relevante para a economia.

O tamanho da indústria

É difícil encontrar fontes confiáveis que avaliem os lucros e o tamanho real da indústria pornográfica. Por exemplo, a informação de que mais de 30% do conteúdo da internet é de pornografia já foi desmentida há anos, apesar de ainda ser usada em diversos blogs. Outras fontes apontam por volta de 12%.

A organização Treasures, responsável por ajudar ex-profissionais do sexo, afirma que o lucro dessa indústrial, nos EUA, foi de US$ 13 bilhões em 2006, mais do que as principais ligas esportivas do país. Mundialmente, esse número chegou a US$ 97 bilhões no mesmo ano, mais que o dobro da Microsoft (US$ 44,8 bilhões).

As crises

Isso não significa, entretanto, que tudo são rosas para os investidores, que já enfrentaram duas grandes crises de negócio na indústria. A primeira delas ocorreu durante a popularização da internet, nos anos 2000. Até o momento, a pornografia era consumida em pequenas locadoras, muito populares e que atendiam o público local. Surgiram, então, as “blockbusters”, locadoras que passaram a trabalhar com grandes franquias e diminuíram a distribuição de pornografia.

A solução encontrada foi partir para o mercado online, e muitas produtoras obtiveram sucesso oferecendo conteúdo digital pago. A proposta durou pouco, já que o avanço da internet permitiu o surgimento da transmissão de vídeos, que facilitou ainda mais a pirataria.

Os sites pornográficos recebem vídeos tanto de produtoras como de usuários comuns. O problema é que os usuários não colocam apenas vídeos próprios, amadores, mas também de produtoras, caracterizando a pirataria. Nesse cenário, mais devastador que o primeiro, diversas empresas fecharam suas portas, inclusive no Brasil.

A produtora Brasileirinhas, uma das mais populares no Brasil, reflete essa situação. Para evitar a perda de assinantes para sites gratuitos, eles decidiram dificultar o acesso a seu conteúdo em outras fontes. Através de uma resolução do governo dos EUA, chamada de Digital Millennium Copyright Act e que foi adotada pelos principais sites de conteúdo pornográfico do mundo, as produtoras precisam apenas preencher um formulário para que o conteúdo seja retirado dos motores de busca do Google. De acordo com entrevistas concedidas a outros portais, eles chegam a retirar 1500 vídeos do ar por dia.

Assim, seu conteúdo é dificilmente encontrado em outros lugares, a não ser em seus próprios domínios. Segundo o press-release da Brasileirinhas, seus produtos estão distribuídos em 15 sites, que possuem, ao todo, mais de 10 mil assinantes – o suficiente para manter um bom negócio.

PornHub e pesquisas na internet

Nessa realidade atual de sites que reúnem vídeos de produtoras e usuários comuns, merece destaque o PornHub, um dos maiores do mundo no gênero. Desde 2013, a empresa possui uma página dedicada à estatísticas de consumo do site principal (e parceiros, como Redtube e Youporn), trazendo diversas informações interessantes de acesso em momentos e lugares específicos. A equipe do Insights acabou se tornando referência de dados em pornografia, por ser uma das poucas fontes confiáveis que publicam informações com certa frequência.

Das pesquisas direcionadas ao Brasil, duas são mais importantes. Pornhub & Brazil traz dados sobre os hábitos de consumo de usuários brasileiros no site, como os dias da semana com mais acessos, duração média de uma visita, principais termos de busca e mudanças no tráfego durante feriados. Muitas dessas informações também são divididas por estados.

Redtube & Brazil traz dados sobre os hábitos de consumo dos brasileiros durante o Carnaval, responsável por boa parte do conteúdo do site, juntamente com informações gerais, pesquisadas durante o ano.

Com relação às pesquisas internacionais, merecem destaque: Year in Review, com muitas informações relevantes sobre as buscas realizadas em 2015, além de Women’s Favorite Searches Worldwide (“Buscas favoritas das mulheres internacionalmente”, em tradução livre) e What Women Want (“O que as mulheres querem, em tradução livre), que tratam especificamente do público feminino. Essas duas últimas são importantes pois abordam um público que ainda sofre com diversas questões sobre a pornografia, desde o tabu com o consumo até a objetificação e violência nos filmes.

Esse pioneirismo do Pornhub de trazer ao público pesquisas e informações sobre seus sites ajuda na desmistificação da pornografia, afinal de contas, ainda são poucas as pessoas que assumem que consomem esse conteúdo. Além disso, suas propagandas de duplo sentido, que podem ser veiculadas em qualquer site, desempenham um papel importante nessa quebra de tabus com a pornografia.

Crédito: Lucas Rubio Ayres

 

Reportagem: Alexandre Wolf

Produção Multimídia: Lucas Rubio Ayres

Edição:Raphael Soares

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