Bauru, uma cidade setorizada e com limites
Um levantamento realizado no Plano Diretor de Bauru divide a cidade em setores e, com isso, fica possível fazer um mapeamento imobiliário da cidade. Nesta matéria, você vai entender o que leva a essa grande diferenciação de preço na cidade e as causas sociais desse acontecimento.
Um levantamento apresentado no Plano Diretor Participativo de Bauru dividiu a cidade em 12 setores, denominados “bacias”. Essa divisão foi criada em cima do planejamento ecológico com base nos afluentes do rio Bauru, que corta a cidade. Esses afluentes servem como demarcadores das divisas entre os setores, com exceção do setor 1, que é o centro da cidade.
Tentanto fazer um levantamento da média de preço de imóveis sendo vendidos e alugados em Bauru, a reportagem consultou os sites das imobiliárias Gilar, Concreto Imóveis e Canal Imobiliária, e a busca foi feita em cima de apartamentos com dois dormitórios e casas com três dormitórios. A ideia era trabalhar com a hipótese de que, quanto mais infraestrutura tiver uma região, mais caro será o imóvel lá.
Assim, foi possível perceber uma série de situações que traduzem um pouco da história e do desenvolvimento social de Bauru. Nas regiões mais ricas, por exemplo, predominam residências amplas ou de luxo, muitas bem antigas. Em alguns casos, esses locais se tornam repúblicas universitárias, como ocorre nos bairros Vila Universitária, Jardim Panorama e Jardim Brasil. Nesses lugares, a infraestrutura também é bem maior: existe uma boa quantidade de mercados, padarias, bancos etc.
Na cidade, ocorre o crescimento do número de prédios e condomínios fechados, uma tendência para aqueles que procuram segurança e conforto. Além disso, é bem difícil encontrar prédios nas regiões periféricas da cidade, bem como casas para alugar ou vender – normalmente, quem vai para essas regiões, ocupam de maneira irregular os terrenos ou participam de programas de moradia populares.
Diante dos dados levantados, foi possível verificar um considerável aumento e discrepância nos valores de aluguéis e vendas. Muito disso reflete a especulação imobiliária que hoje atinge o nosso país e, que entre vários fatores, tem uma íntima relação com a inflação.
O site Estamos Ricos faz uma série de comparações de como é caro a moradia no Brasil em relação a outros países. Num dos posts, o autor do blog faz um comparativo entre uma casa de 3 dormitórios e 125 m2 em Las Vegas e uma casa que você compra por um pouco mais no centro de Recife – para ver as duas residências, clique aqui.
Cláudio Bertolli, professor de Antropologia do Departamento de Ciências Humanas da Unesp, diz que, através da História, já se designam as classes sociais e observam-se as diferenças bairro a bairro, bastando calcular seus índices de desenvolvimento humano.
Em Bauru ocorre o privilégio pelas elites pelas áreas altas – lugares que são mais ventilados e que garantem o mínimo de salubridade da região, que não eram alagáveis, mas ao mesmo tempo estavam perto de fontes de água – e pela infraestrutura urbana, que vem na forma de água encanada, esgoto subterrâneo, luz elétrica e transporte público. Já os mais pobres montam suas residências nas áreas baixas (áreas alagáveis e marcadas pela ocorrência de epidemias). “Quando a cidade vai crescendo, as próprias imobiliárias elegem algumas regiões para serem valorizadas ou comercializadas a um preço alto. Terrenos são adquiridos a um preço baixo e vendidas a um preço alto”, ele conclui.
Confira no mapa abaixo a precificação dos imóveis pelas regiões de Bauru (para melhor resolução, clique para visualizar em tela cheia):
colaboração de João Vitor Reis e Mayara Reis