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Na Natureza Também tem Música

Em estudo realizado, Bernie Krause concluiu que o que conhecemos como música hoje em dia é uma tentativa do homem primitivo de reproduzir sons que são originais do meio-ambiente. Pensando nisso, o Repórter Unesp foi até as ruas de Bauru mostrar para algumas pessoas alguns sons e tentar responder a pergunta: afinal, o que é música?

Você sabe definir o que é música? Ou melhor: você conseguiria dizer o que não é música?

Muitos pesquisadores publicam teorias de que a música está presente em todos os lugares e momentos da nossa vida: o ritmo da cidade com o buzinar e a movimentação constante de veículos motores, os circuitos de um computador, árvores tremulando ou formigas cortando folhas – tudo pode ser considerado como música!

Capa do livro " A Grande Orquestra da Natureza": na obra, Krause apresenta as suas teorias e faz uma comparação entre a complexidade do som do meio ambiente e o equilíbrio da natureza.

Capa do livro ” A Grande Orquestra da Natureza”: na obra, Krause apresenta as suas teorias e faz uma comparação entre a complexidade do som do meio ambiente e o equilíbrio da natureza.

O músico e naturalista Bernie Krause é um dos maiores especialistas do mundo em sons naturais e passou a vida descobrindo e gravando o coro de vozes da natureza, resultando no Wild Sanctuary. Em A Grande Orquestra da Natureza (Editora Zahar, 248 páginas, R$ 59,90), seu último livro e recentemente publicado no Brasil, Krause traz os resultados de anos de pesquisa e prova que muito do que conhecemos hoje como música veio de uma tentativa do homem primitivo de recriar os sons do meio ambiente.

Além disso, em uma pesquisa realizada em 1988 em Lincoln Meadow, uma área de manejo florestal na Califórnia, Krause conseguiu comprovar que o som de um ambiente pode informar muito mais sobre o seu equilíbrio natural do que fotografias ou imagens de satélite. Esse novo conceito foi chamado de “ecologia acústica” (soundscape ecology) e se tornou uma importante disciplina científica onde o uso de sons de organismos vivos não humanos (“biofonia”) e de fontes não biológicas (“geofonia”) servem como indicadores de biodiversidade: quanto mais “musicais” e complexas as propriedades acústicas de um habitat, mais saudável ele será.

Em uma reportagem publicada no jornal O Globo, de 28 de janeiro de 2014, Krause afirma que essas gravações confirmam a relação do Homem com o mundo natural. “Se elas são saudáveis, a paisagem sonora indicará os padrões necessários que confirmam em que grau essa relação existe. Se não são, então não haverá som em determinado habitat, ou os padrões bioacústicos serão caóticos e incoerentes”, ele completa.

Pensando nisso, o Repórter Unesp fez uma compilação de algumas gravações de Krause e proveniente de um outro estudo realizado pelo músico Jim Wilson – que gravou grilos cantando e sobrepôs em duas camadas a gravação; um das camadas ele alterou a velocidade, deixando-a mais lenta e resultando numa espécie de “coro dos anjos” –, mostrou o som a algumas pessoas na Praça da Paz e Bauru e pediu que cada uma delas identificasse o que era aquele som.

Castor chorando

Alce

Mãe-da-Lua (ou Urutau)

Grilos cantando (o áudio original e completo pode ser ouvido aqui)

Formigas trabalhando

Dzanga Sangha, floresta na República Centro-Africana

 

Através destes sons, alguns entrevistados reviveram lembranças da infância e outros reforçaram alguns valores que interligam e integram o ser humano com a natureza. A segunda parte da reportagem questionava os entrevistados sobre o que é música. Alguns comentaram que veem música em tudo; outros, que elas só provêm de instrumentos musicais; e alguns também disseram que fazer música boa hoje em dia é bem difícil!

Assista à nossa reportagem em vídeo e ouça acima os sons utilizados na preparação da matéria:

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