O Marco Civil e a bolha da internet
O Marco Civil da Internet, aprovado ou não, provocaria mudanças na forma como as pessoas acessam a rede. Mas será que os internautas e os cidadãos bauruenses sabem disso? É a pergunta que me faço após tentativas frustradas de entrevistar diversas pessoas e não obter resultado.
Foi uma busca incansável. A editora Annelize Pires entrou em contato com oito pessoas ligadas à área de ciência e tecnologia e a maioria declinou, argumentando que não dominavam o assunto ou que o Marco Civil era algo muito recente. O restante não quis dar entrevista, como é razoavelmente comum acontecer ao longo de apurações jornalísticas.
Também procurei duas pessoas, mas não obtive resposta. Em conversas informais com amigos e parentes, o vácuo parecia se repetir. Ninguém sabia do que se tratava o Marco Civil da Internet – inclusive um amigo que cursa Ciência da Computação. Estamos na era da informação, da instantaneidade, da publicação vertiginosa de conteúdos online, “como isso pode acontecer?”, logo pensei.
Será que a grande mídia não tratou do assunto suficientemente? Acredito que não. Acompanhei a cobertura do Jornal Nacional, líder de audiência da TV aberta e, mesmo que não cedessem muitos minutos para tratar do assunto, sempre havia uma matéria ou nota sobre o processo de votação do Marco Civil da Internet e os argumentos envolvidos na discussão.
Enquanto isso, na linha do tempo do meu Facebook, chovia postagens e comentários ansiosos pela aprovação do projeto de lei. Obviamente, eu tive a impressão de que todos estavam suficientemente informados sobre o assunto e que a pressão popular nas redes poderia alterar os resultados da votação.
Mas a informação que se reproduz na minha tela de computador não é a mesma que se reproduz em outras milhares de telas. Talvez os filtros de informação sejam muito mais complexos do que imaginamos e muito mais direcionadores do que gostaríamos. Ou, como sugere Eri Parisier (autor do livro “Filtro-Bolha: o que a internet está escondendo de você”), vivemos em bolhas de informação que nos levam onde estão nossos – supostos – interesses.
Em época de discussão sobre a regulamentação da internet, vale a pena clicar no vídeo abaixo:
Artigo: Carolina Ito
Edição: Annelize Pires