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A História do Calçadão Sem Limites

O movimento das ferrovias de Bauru era um dos fatores que impulsionaram o comércio local. No final da década de 30, a cidade reunia o maior entroncamento de ferrovias do Brasil. Três importantes linhas férreas se encontravam na cidade: Sorocabana, Paulista e Noroeste.

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O Calçadão permanece um importante local de compras, e tem maior movimento nos sábados no período da manhã [Foto: Amanda Lima]

O grande fluxo de viajantes e homens a trabalho, principalmente na construção das ferrovias, concentrou um maior público masculino na região central. Apesar do predomínio de homens, o número de mulheres também crescia, e, assim, o comércio começou a se desenvolver para suprir as necessidades da população. Com as linhas férreas, as mudanças econômicas na cidade se tornaram ainda mais evidentes. Por se tratar de um “chão de passagem”, Bauru começou a ser palco de um grande fluxo de pessoas e, consequentemente, de capital. Com esse processo, o agronegócio deixou de ser a única fonte econômica e a cidade passou a lucrar também com o comércio.

Foi a partir desta mudança que se definiu o eixo que ia da Praça da Matriz (ou Rui Barbosa) até a estação ferroviária, na Praça Machado de Melo. Entretanto, na época, a maior movimentação de pessoas ainda se dava na Rua 1º de Agosto, e não na Batista de Carvalho.

Nos anos 30 e 40, o comércio continuava a se desenvolver, ainda por conta das ferrovias e seus operários. Foi neste período que as primeiras famílias começaram a construir suas casas na Avenida Rodrigues Alves. Ainda nesta época, a recebeu o nome de Batista de Carvalho, já que até então ela era conhecida como “Rua dos Esquecidos”.

Calçadão para todos os bolsos

A separação entre classes sociais era evidente em Bauru. Fazendeiros e outros representantes da elite viviam na Avenida Rodrigues Alves. Hotéis e bordéis eram frequentes na 1º de Agosto, região habitada pelas camadas mais humildes. Com o surgimento da Batista de Carvalho, que também já foi chamada de “Rua do Comércio”, um novo processo se iniciou: a divisão de uma parte do centro entre todas as classes, já que comprar era uma necessidade da população como um todo.

A ocupação do comércio na Batista de Carvalho se dividia em três centros. As lojas próximas à Praça Machado de Melo eram consideradas de comércio de baixa renda ou “Paraguaizinho”. Dali até a Rua Agenor Meira, existia o comércio de classe média. A elite comprava na área entre a Agenor e a Praça Rui Barbosa.

Com a chegada do automóvel, a cidade passou a se expandir e sair da região central. A elite bauruense tinha  mais condições de se locomover sem estar próxima ao centro. Por isso, nessa época, o centro da riqueza comercial se mudou para o eixo da Avenida Duque de Caxias, na zona sul da cidade. Assim, na década de 60, houve um abandono do centro e uma consequente desvalorização do local.

No final da década de 80, também na região sul, foi fundado o Bauru Shopping, um local considerado nobre, frequentado apenas pela elite e fruto de uma iniciativa do Sindicato do Comércio Varejista, com o então prefeito Izzo Filho. O Calçadão da Batista de Carvalho também foi criado nesse ínterim, mas com a possibilidade de trânsito de camadas mais populares. O projeto do Calçadão, iniciado em 1992, tinha como justificativa o fato de Bauru ser a única cidade do interior que ainda não possuía um espaço comercial delimitado no centro da cidade. Hoje em dia, o “shopping a céu aberto” é um dos principais locais de comércio popular da região.

Conheça a importância do “trem” da Batista para a população: moradores da cidade relembram boas histórias da principal rua de comércio no centro.

 

 

Reportagem: Mariana Tavares

Produção: Amanda Lima

Edição: Leonardo Zacarin

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