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Os prédios que contam histórias

Nos arredores da rua Batista de Carvalho, presente e passado se confundem. A região fica no centro comercial da cidade, onde se localizam os principais edifícios históricos de Bauru, que tiveram seu desenvolvimento  no início do século XX e funcionam como um retrato de seu passado.

A história e o desenvolvimento de Bauru estão diretamente ligado com as estradas de ferro construídas na região. O crescimento da cidade a partir das atividades geradas pelas ferrovias fez com que a rua Batista de Carvalho se tornasse o principal eixo do município. Paulo Masseran é coordenador do CODEFAT, órgão de preservação de instância estadual, e acredita que “a memória da ferrovia está muito ligada à construção da identidade de Bauru”.

O local, que concentrava um grande número de pessoas e serviços nas primeiras décadas do século passado, se tornou um importante eixo comercial para Bauru, e hoje é uma mistura de modernidade e memória. Paulo explica que os principais prédios tombados em Bauru se localizam próximos ao Centro e são ligados ao conjunto ferroviário. “Além dos próprios prédios administrativos da Companhia, há as moradias de funcionários. Mais que isso, temos toda a estruturação da cidade a partir da construção da ferrovia”, explica.

O prédio da Estação Ferroviária, símbolo de um passado glorioso, está abandonado [Foto: Isis Rangel]

O prédio da Estação Ferroviária, símbolo de um passado glorioso, está abandonado [Foto: Isis Rangel]

Mas em quais condições estão esses prédios tão importantes para memória local?

O processo de preservação do patrimônio histórico-cultural de um lugar envolve diferentes instâncias. Os órgãos responsáveis por oficializar o tombamento de um imóvel são o CODEPAC, o CODEFAT e o IPHAN, em níveis municipal, estadual e federal, respectivamente. Após a ação desses órgãos, a responsabilidade de preservar o bem para a posteridade e promover a interação com a sociedade é das prefeitura, governos estaduais e federal.  Além disso, existem as propriedades particulares tombadas, nesse caso, entra a ação da iniciativa privada para garantir a conservação do imóvel.

Paulo Masseran acredita que, até agora, o investimento da prefeitura na preservação do patrimônio histórico-cultural de Bauru “tem ficado muito no discurso e pouco na prática”. Para ele, “é possível perceber que não há nenhuma política pública efetiva de preservação desses bens”.

Ele também destaca que, antes de entrar em vigor a medida que fornece desconto no IPTU aos proprietários que preservam seus imóveis tombados, garantida pela Lei de Incentivo Fiscal, a preservação desses bens era muito precária: “As pessoas não tinham mesmo interesse em manter aquilo. Muitas vezes o tombamento era encarado como sendo um prejuízo econômico porque o dono achava que não poderia usar aquele local pra nada. O que não é verdade. Ele não poderia demolir o local, mas teria liberdade de usá-lo da maneira que quisesse”, explica Paulo.

Luiza Barbosa é museóloga e funcionária do Museu Ferroviário Regional de Bauru e destaca, entre os projetos de preservação histórico-cultural da prefeitura de Bauru, o da Casa Ponce Paz, localizada  na esquina da rua Antônio Alves com a Ezequiel Ramos, que recebe oficinas, exposições e peças de teatro.

A Casa Ponce Paz é um dos principais pontos culturais de Bauru

A Casa Ponce Paz é um dos principais pontos culturais de Bauru [Foto: Isis Rangel]

Além disso, ela aponta um projeto que visa unificar as estações ferroviárias Paulista e Central, e transformá-los em um grande complexo museológico e histórico da cidade: “O projeto já foi aprovado, a empreiteira já está à frente. Não foi iniciado devido a outras prioridades da prefeitura, mas a parte jurídica já está adiantada e as coisas estão caminhando”, conta Luiza.

Os patrimônios histórico-culturais carregam a história de um local e as memórias de sua população. Luiza acredita que ações de revitalização são fundamentais para que as pessoas conheçam os prédios e sua importância para a construção da história de uma cidade. “A partir desse reconhecimento, a pessoa usa o patrimônio e não o depreda porque sabe que aquele local pertence a ela”, defende.

 

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Reportagem: Paula Reis

Produção: Isis Rangel

Edição: Mariana Ribeiro

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