Na prática, pedalar é complicado
O gerente de transporte coletivo da Emdurb, João Lança, comenta que o Plano Diretor de Mobilidade é um pouco mais abrangente. “Ele não chega a especificar investimentos ou destinação de verbas para alguns lugares, ele vai dizer quais são as diretrizes principais. De onde vai vir o investimento, não cabe ao plano falar”.
O arquiteto comenta que o Plano Diretor de 2008 já previa algumas linhas principais para serem trabalhadas com veículos não-motorizados. “Daquelas que foram previstas no Plano Diretor, poucas foram realizadas por conta de serem atribuições não só da EMDURB, mas também da Secretaria de Obras e da Secretaria de Planejamento Urbano. É uma ação que envolve desapropriação, investimento alto”, explica.
Paulo Roberto Ferrari, secretário de Planejamento Urbano, confirma que a maioria das novas avenidas que são feitas aqui em Bauru já saem com um espaço para ciclovias ou com as ciclofaixas pintadas. Mas para Lança isso não é a solução quando se fala de transporte não motorizado. “Existe uma falsa impressão de que não se anda de bicicleta porque é inseguro, porque não tem ciclovia o suficiente. Na verdade, não é esse o grande motivo. Não existe incentivo para que isso aconteça”. Ele aponta uma série de fatores que, pensados, facilitariam em muito o acesso à cultura da bicicleta: as empresas, por exemplo, devem receber bem os ciclistas.
“Não adianta você sair por uma ciclovia e não conseguir estacionar em um comércio. A empresa onde você trabalha também tem que ter uma infraestrutura com vestiário e estacionamento para quem vai de bicicleta”, ele explica, e acrescenta que também deve existir uma reeducação no trânsito, já que o ciclista não vai conseguir andar pela cidade toda em ciclovia, precisando compartilhar a rua com carro em alguns lugares.
Um carro pode até ser mais rápido, prático e confortável na hora de uma viagem, mas ele demanda alguns gastos particulares e públicos muito altos, que o torna desvantajoso em relação a bicicleta. Do bolso do proprietário, sai combustível, seguro, IPVA, manutenção. Da parte pública, “ele gasta mais do que deveria se comparado aos investimentos em setores que realmente precisam. A gente usa dinheiro público para um bem individual, ao invés de reverter para um bem coletivo”, conclui Lança.
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Dicas para uma pedalada mais segura
Reportagem: Lucas Loconte
Produção Multimídia: Isadora de Moura, Lucas Loconte, Breno Paganini
Edição: Isadora de Moura
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