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O lado verde da força

Dois grandes argumentos envolvem a idealização do Plano de Mobilidade Urbana: o desafogamento do trânsito e a redução dos impactos ao meio-ambiente. As ciclovias ou ciclofaixas são ideais pois, além de incentivar a realização de atividades físicas, mudam por completo a vida do ciclista e do visual de uma cidade.

Bicicletário no Bauru Shopping: cerca de 1700 vagas para carros e motos são disponibilizadas no estacionamento, enquanto que os ciclistas só possuem 12 vagas em área descoberta. (foto: Lucas Loconte)

Barbara Rubim é a responsável pela campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Ela comenta que, de fato a mobilidade urbana está intrinsecamente relacionada com a saúde e o meio ambiente. E ressalta que, no tocante ao meio ambiente, a questão tem muito a ver com a crescente emissão de gases de efeito estufa do setor brasileiro de transportes, que subiram cerca de 143% entre 1990 e 2012. Dessas emissões, a maioria diz respeito ao transporte de passageiros.

“Com relação à saúde, a mobilidade está presente em duas frentes principais: a primeira diz respeito aos acidentes; a segunda, aos poluentes emitidos pelos meios motorizados de transporte que trazem consequências gravíssimas. Estima-se que os gastos do sistema de saúde nacional com tratamentos e outros custos relativos a acidentes de trânsito já estão na casa dos R$ 50 bilhões. Os custos com tratamento de doenças respiratórias decorrentes da poluição do ar também seguem crescendo”, ela explica. “Dentre os modos não motorizados de transporte, a bicicleta é, depois do à pé, um dos mais importantes, pois serve para o percurso de pequenas e médias distâncias, é gratuito, não emite gases de efeito estufa, nem poluentes, e ainda traz benefícios comprovados à saúde de seus usuários. Sendo assim, sem dúvidas, um dos mais importantes”.

Mas vale ressaltar que, para a idealização de uma ciclovia, ainda há a emissão de gases poluentes durante o processo de construção. Não existe meio limpo para idealizar tal forma de transporte, mas as ciclovias ou ciclofaixas são alternativas ideais por justamente terem um impacto minimizado em relação aos carros e manutenção das ruas.

Entretanto as ciclovias não são as únicas vias das bicicletas. Barbara lembra que, pelo Código de Trânsito, o ciclista tem todo o direito (e, na ausência de ciclovias ou ciclofaixas, o dever) de usar a rua para se deslocar. “No entanto, é inegável que a cultura de compartilhamento de vias ainda é pequena no país, sendo comuns os casos de desrespeito ou imprudência por parte de motoristas de automóveis ou transportes coletivos. Em razão disso, muitas pessoas não se sentem estimuladas a usar a bike como meio de transporte, pois têm medo. Tão importante quanto uma melhor infraestrutura é também uma campanha educativa que promova o respeito entre todos os usuários da via”, ela discute.

Na Alameda Dr. Otávio Pinheiro Brisolla, uma ciclofaixa é liberada aos domingos de manhã. Às vezes, a bicicleta vai ter que compartilhar a rua com o motorista, criando uma nova cultura de educação no trânsito (foto: Lucas Loconte)

A representante do Greenpeace também explica que a obrigação pela construção dessa infraestrutura é da Prefeitura, mas a questão é uma política federal recente. Para ela a implantação da Lei 12.587, em que a mobilidade urbana sustentável ganha mais espaço e força, foi um passo enorme para que o planejamento nessa área passe a ocorrer de forma mais estruturada e mais benéfica aos modais citados, nos quais se inclui a bicicleta. “O que vemos é que ainda falta um pouco de vontade política dos governantes e também mais técnicos no setor público que entendam e conheçam a questão”, ela completa.

O ciclismo, como qualquer esporte, traz uma série de benefícios para o seu usuário: ao usar uma bicicleta para o trabalho, além de economizar tempo e dinheiro (evitando engarrafamentos e o gasto com combustível/passe de ônibus), você reduz o seu nível de stress e já chega bem mais disposto para começar o dia, já que as endorfinas que são liberadas pelo exercício contribuem para um relaxamento muscular e mental.

No Brasil, ainda é necessária uma mudança com relação a essa cultura. Tanto Barbara como João Lança comentam que, para isso dar certo, é necessário uma mudança na forma como as pessoas pensam e são educadas no trânsito. Mas, de acordo com Barbara, isso ainda vai levar algum tempo e é preciso continuar pressionando o poder público e ocupando os espaços públicos.

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Dicas para uma pedalada mais segura

 

Reportagem: Lucas Loconte

Produção Multimídia: Isadora de Moura, Lucas Loconte, Breno Paganini

Edição: Isadora de Moura

One thought on “O lado verde da força”

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