As limitações da ‘cidade sem limites’
Apesar do famoso slogan, Bauru ainda apresenta muitos problemas de mobilidade urbana. Calçadas não pavimentadas e pontos de ônibus sem cobertura, por exemplo, são mecanismos que tornam difícil a vida do cidadão bauruense.
Uma pesquisa encomendada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru – Emdurb em junho de 2013 apontou que 23,3% dos usuários do transporte público de Bauru consideram o serviço ruim. Essa insatisfação pode ser explicada também com outros números da mesma pesquisa, em que 57,7% classificam o preço da tarifa como péssimo e 72% consideram os veículos superlotados. Para a pesquisa, foram realizadas 1.241 entrevistas, em diversos pontos da cidade com grande concentração de usuários.
Para ilustrar melhor a pesquisa encomendada pela Emdurb, o Repórter Unesp foi a alguns bairros afastados da cidade, como o Chapadão, Mary Dota e Beija-Flor para saber das pessoas quais os problemas enfrentados não só com o transporte público como também em relação à mobilidade urbana.
O conceito de mobilidade urbana está intimamente relacionado com as condições que a prefeitura e os responsáveis pelo município proporcionam a todos os moradores. Nesse sentido, de acordo com o gerente de transporte coletivo de Bauru João Felipe Lança, mobilidade é dar o direito de acesso à cidade por qualquer meio que a pessoa quiser. Para tentar garantir esse direito, a Emdurb lançou o Plano de Mobilidade Urbana, em agosto de 2008. Ele surgiu dentro do Plano Diretor do município com a finalidade de dar condições para que todas as pessoas tenham acesso de qualidade ao meio de transporte que preferir. Segundo João Felipe, “o Plano de Mobilidade vem para integrar todos os meios de transporte e os usuários. Um exemplo bem simples: às vezes a pessoa não quer caminhar trezentos metros até um ponto de ônibus porque a caminhada é ruim, às vezes é um idoso que tem dificuldade de subir em calçadas. Então precisamos melhorar a calçada porque, de certa forma, ela vai melhorar o transporte coletivo e esse pensamento se aplica a vários outros elementos”.
A Emdurb também já traçou alguns planos para solucionar os principais problemas apontados na pesquisa: para aumentar a frequência dos ônibus e diminuir o tempo de espera dos usuários, algumas linhas serão radializadas, ou seja, serão cortadas ao meio, o que possibilitará a integração (quando é possível utilizar-se de duas linhas diferentes pagando apenas uma viagem). Além disso, a distância entre os pontos de ônibus será aumentada, fazendo com que os ônibus parem menos, ganhem mais velocidade e cheguem mais rápido ao destino. Todos esses planejamentos ainda não têm uma data estabelecida para serem colocados em prática, já que as obras são coordenadas e feitas pela Secretaria de Obras da prefeitura do município.
Em contraponto, o secretário de obras, Sidnei Rodrigues, afirmou que para 2014 o único planejamento no âmbito da mobilidade urbana foi a pavimentação de novas quadras e operações tapa buracos, que acontecem de segunda a sexta-feira, com nove caminhões. A secretaria está dando preferência para a pavimentação de áreas habitadas e que ainda não têm asfalto em detrimento de áreas já asfaltadas, mas que necessitam de recape. A explicação para isso é a falta de recursos para fazer novas pavimentações e recapiar ruas e avenidas que já estão com o tempo de vida útil vencido. Ainda segundo Sidnei, “toda calçada no município de Bauru é de responsabilidade do proprietário. Se chega alguma reclamação sobre alguma calçada danificada, a secretaria notifica o proprietário do terreno para que ele tome das providências necessárias. A responsabilidade do município, nesse sentido, é fazer com que as normas técnicas sejam cumpridas”. Caso o proprietário não tome as medidas necessárias para a reforma do passeio, será aplicada multa. A secretaria se responsabiliza apenas por tornar as calçadas e passeios acessíveis a deficientes físicos.
Quando as prefeituras, assim como em Bauru, não se responsabilizam pela construção e reformas de calçadas que não sejam de terrenos da própria instituição, existem algumas alternativas que o cidadão descontente pode tomar. O Mobilize Brasil, um portal que defende a mobilidade urbana, por exemplo, promove debates públicos sobre a temática e pressiona os governos a implantarem políticas públicas efetivas de mobilidade urbana sustentável. No site o cidadão pode compartilhar histórias e problemas relacionados com a mobilidade, divulgar ações e ser um colaborador.
Uma alternativa sustentável para a mobilidade
Reportagem: Mayara Reis
Produção Multimídia: Maria Tebet
Edição: Marcela Busch
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