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Educação sem resultados

A decadência na qualidade do ensino público básico foi um dos fatores que deram força à educação privada no Brasil, em meados dos anos 90. A tentativa do Governo Federal de universalizar o estudo e abrir as portas da escola para todos os cidadãos nos anos 70 não foi devidamente planejada, prejudicando instituições e professores.

E ainda, “para compensar”, foram-lhes dados apostilas e cartilhas. Em pouco tempo, escolas de 60 alunos transformaram-se em escolas de 600. Esse excesso de demanda aliado à falta de políticas públicas efetivas para o bom funcionamento levaram ao sucateamento da rede pública de ensino e à má qualificação profissional. As rápidas mudanças e a obrigatoriedade da formação do aluno intensificaram a massificação e a generalização dos próprios estudantes e, por consequência, os objetivos a que se propunha a educação não foram garantidos.

Em uma sociedade em que tempo representa dinheiro e que o capital financeiro é a água que move moinhos, a produtividade pode ser comparada às corredeiras que aceleram as águas para logo chegarem ao seu destino: atender as demandas! A escola, enraizada ao sistema produtivo industrial, passou a receber indivíduos – não sujeitos – e os formou para que, uma vez fora da escola, atendessem às necessidades sociais.

A lacuna deixada pelo Estado proporcionou aos empreendedores um filão, uma mina de ouro muito bem explorada e otimizada por eles. A educação privada representou, nos gastos nas famílias brasileiras, aproximadamente 1,3% no PIB do país em 2013 (dados do IBGE). Atualmente, a rede particular atende a 17% da demanda na educação básica e a 48% da educação profissional (Censo da Educação Básica MEC 2013).

Para quem pode investir, a rede privada de ensino oferece educação, garantindo a possibilidade de melhores resultados financeiros futuros, melhor carreira profissional, aprovação em universidades públicas, entre outros subprodutos que podem ser adquiridos ao comprar o pacote. Já para quem confia na rede pública, são poucas as opções de escolha, o que torna os alunos dependentes de um sistema e da criatividade de quem o administra. E ao final do investimento, em ambas as situações, poucos são os resultados garantidos.

Rodrigo Trovarelli

 

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