Inovações pedagógicas: Método Waldorf de ensino
Laura Garcia tem uma paixão: o lugar em que estudou. Essa paixão, na verdade, vai um pouco além e abrange também o método de ensino que ela vivenciou dos 4 aos 18 anos de idade em sua escola. Hoje, estudando Pedagogia, faz um projeto de iniciação científica baseado na metodologia Waldorf de ensino.
As escolas que usam esse método são diferentes das tradicionais – tanto das públicas quanto das privadas – por vários motivos. Um deles é o tamanho do envolvimento que a família tem no espaço em que as crianças estudam: por ser uma cooperativa de pais, eles sempre ficam cientes e participam das decisões que serão tomadas pela escola, além de administrarem judicial e economicamente a instituição, já que ela não pertence a uma só pessoa. Por isso, mesmo existindo a necessidade de um investimento econômico para que os alunos estudem lá, a escola não tem fins lucrativos.
Os pais dos estudantes se envolvem também no aprendizado dos filhos, já que a pedagogia Waldorf não considera que o aluno é um dentro da escola e outro fora dela, assim como a família não pode encarar as crianças como pessoas diferentes dentro e fora de casa. “Pais e professores são parceiros, pois têm consciência de que ambos estão agindo sobre o mesmo indivíduo, e que, portanto, a ação de um reflete na ação do outro. E mais que isso: todos estão trabalhando pela mesma finalidade, que é guiar aquela criança em seu desenvolvimento”, diz Laura.
O modo como a criança deve se desenvolver, para os comprometidos com essa metodologia, é bem mais humanista que a comum. A ideia é ter cuidado para que o conhecimento promova a evolução integral do estudante, e não somente intelectual. Não que o conhecimento científico não seja fundamental (“e que isso fique muito claro”, Laura reforça), mas o que é ensinado pelo professor tem que ser relevante para o aluno e proporcionar vivências sobre o conteúdo. Laura, por exemplo, lembra muito bem como aprendeu sobre o Egito Antigo em suas aulas: “preparamos o papiro, pasme, com a planta! Cortamos os filetes do caule, trançamos e deixamos secar. Depois escrevemos com pena e tinta em cima. Lemos livros sobre o Egito, ouvimos histórias fantásticas sobre os faraós e fizemos desenhos lindos sobre elas. Escrevemos o que estávamos aprendendo no caderno e copiamos também textos que a própria professora elaborou sobre o tema”, conta. Bem diferente de só lembrar por cima quem foi Tutankamon.
Na pedagogia Waldorf, o foco é o indivíduo que o aluno é e seu desenvolvimento como ser humano. Assim, para o professor poder auxiliar nessa evolução, a relação entre ele e o estudante deve ser bastante próxima. Além de conhecer muito bem seus alunos, ele tem que ter uma boa noção de desenvolvimento humano e dominar muito bem todas as matérias oferecidas, já que é ele quem vai acompanhar a mesma turma desde os 6 até os 14 anos de idade das crianças. Afinal, é assim que ele vai conseguir desenvolver a melhor estratégia para que cada um aprenda o conteúdo que ele passar: observando como a classe e cada aluno progride.
Além disso tudo, o ambiente onde a criança vai passar várias horas de seu dia e aprender o que ela precisa para sua formação tem que ser estimulante. Por isso, a ideia de criar uma comunidade a partir da escola também é importante para essa metodologia. Fora a atenção que se tem com disciplinas que envolvem artes, música e educação física. Quando Laura diz que sempre preferiu ir às aulas do que ficar em casa nas férias, ela tinha um bom motivo.
Reportagem: Vanessa Souza
Produção: Marcela Busch
Edição: Wagner Alves
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