Grupo Teatral Crianças de Tibiriçá se destaca na região
Conseguir manter um alto número de crianças em um projeto durante quase dois anos – e sem férias – parece quase impossível. Mas o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Criança e Adolescente “Achilles dos Reis” (ou simplesmente Projeto Achilles dos Reis vem conseguindo essa façanha em Tibiriçá, distrito de Bauru que fica a 25 km do centro da cidade – a única via de acesso é através da Rodovia Marechal Rondon.
O projeto existe há dois anos e tem como objetivo criar atividades para as crianças de Tibiriçá, no período em que não estão frequentando a escola. “Nós atendemos 100 crianças, e queremos aumentar o número de vagas. Nosso objetivo é atender toda a comunidade”, explica Luciana Gonçalves, arte educadora que se dedica ao projeto. São oferecidas às crianças e adolescentes atividades como coral, artesanato, educação social e… Teatro.
Foi dentro do projeto que nasceu o grupo teatral ‘Crianças de Tibiriçá’, dirigido por Luciana. “O teatro chega até eles como arte educação, como ferramenta para a formação de cidadãos conscientes. Nós não estamos aqui formando grandes atores. Se alguém vier a ser, vai ser consequência e vamos ficar muito felizes. Mas se não acontecer, sabemos que vamos encontrar, mais tarde, um profissional consciente culturalmente”, esclarece a arte educadora.
A diferença que participar do projeto e do grupo teatral faz na vida das crianças é demonstrada explicitamente no sorriso, nos abraços, na cumplicidade. “Eu era muito emburrada, guardava minhas coisas só para mim. Agora eu me abro! Vivo mais feliz, depois de ter começado o teatro. A gente é uma família aqui”, conta Bianca de Moraes, 13, que participa do projeto há 1 ano.
O Grupo Teatral ganhou neste mês visibilidade graças à participação na Mostra Estudantil de Artes Cênicas de Quadra, cidade localizada a 180 km de Bauru. A peça levada à Mostra foi O desejo de Catirina, que revive alegremente a lenda folclórica brasileira do bumba-meu-boi. Catirina, escrava grávida encarnada por Bianca, tem um forte desejo de comer língua de boi. O desejo é atendido por seu marido, Chico, que mata um boi do fazendeiro.
Uma batalha de tamborins dá o tiro de largada para o início da peça. Os figurinos coloridos, costurados voluntariamente a partir de doações, chamam a atenção e valorizam cada movimento dos pequenos atores. São várias as músicas – entre elas uma autoral – cantadas durante o espetáculo, mostrando um ótimo trabalho vocal. “Me enriqueceu ver esse outro lado da música sendo colocada de um jeito mais interpretativo”, conta Leandro Ferreira da Silva, professor de coral do projeto que ajudou na produção da obra.
A apresentação na Mostra Estudantil de Artes Cênicas de Quadra teve mais sucesso do que o esperado. Paulo Queiroz, que interpreta o fazendeiro cujo boi é roubado, recebeu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Kamille Vitória, 12, colega do grupo, ressalta: “O Paulo ter ganho o prêmio não foi um prêmio só para ele. Foi para todos nós, porque a gente demonstrou o nosso melhor”.
E o Grupo Teatral “Crianças de Tibiriçá” continuará demonstrando o melhor, ao menos no que depender de Luciana: “Eu sou apaixonada por Tibiriçá, por essas crianças. Isso não é uma brincadeira. É uma brincadeira séria”, conclui com uma firmeza que não deixa dúvidas.
https://www.youtube.com/watch?v=i8ZcFX6Y-zk
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Reportagem: Gabriela Baraldi Passy
Produção: Gabriela Baraldi Passy