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Talento, disciplina e força

Para algumas crianças, a infância pode ser uma época de muita diversão, brincadeiras e lições da escola. Já para outras, pode ser um período de descoberta e interesse por um certo esporte como futebol, vôlei, basquete ou ginástica. E, para essas crianças com interesse e aptidão para a ginástica artística, a carreira como atleta começa muito cedo.

Naturalmente, todos os atletas que competem em nível internacional já disputaram campeonatos estaduais e regionais. É assim também com a equipe de ginástica artística de Bauru, que disputa os Jogos Regionais, os Jogos Abertos do Interior, a Copa São Paulo e alguns torneios organizados na própria cidade.

Com tantos campeonatos a serem disputados, é natural que a rotina de treinos seja intensa. Segundo Deborah Muzeka Lanzetti, a coordenadora da equipe e instrutora de iniciação para ginástica, as atletas treinam “quatro horas por dia, seis dias por semana, sendo que duas horas são voltadas para o treinamento físico e duas horas são de treinamento nos aparelhos.”

A função da escola
A equipe de competição bauruense é formada por seis integrantes, mas a aula de ginástica conta com mais de dez meninas. Deborah explica que a idade ideal para a iniciação de uma ginasta é entre 6 e 8 anos, mas meninas um pouco mais velhas também frequentam suas aulas. Para ela, o ensino do esporte é importante não só para a saúde, como também para o comportamento da criança. “Elas mudam a alimentação, o jeito de pensar e agir, ganham disciplina e aprendem a respeitar.”

A relação entre a prática da ginástica com a escola é extremamente importante nesse sentido: “a ginástica acaba se tornando moeda de troca. Se a criança não for bem na escola, não pode ficar na ginástica”, explica Deborah.

Apesar desse elo, o esporte dentro das próprias escolas já não se faz mais tão presente. De acordo com Rubens Venditti Junior, professor do Departamento de Educação Física da Unesp de Bauru, “a ginástica já foi ensinada nas escolas, mas perdeu espaço para esportes coletivos como futebol, basquete e handebol.”

Quem pode praticar ginástica?
Um dos fatores que “afastam” o esporte das pessoas em geral é a seleção restrita de biotipos físicos que a prática requer. Segundo Deborah, “até existem ginastas mais altos e não tão magros, mas naturalmente o esporte requer atletas mais baixos e magros por conta da agilidade e força necessárias [para a execução dos movimentos].”

No entanto, a falta de estrutura afeta a prática da ginástica. Bauru não conta com uma equipe masculina, por exemplo. “Inicialmente nós tínhamos a equipe masculina, mas como eu sou a única contratada da prefeitura, seria muito trabalhoso eu coordenar as iniciações masculinas e femininas, além das equipes de competição sozinha, então preferimos trabalhar só com as meninas”, conta Deborah.

Qual seria, então, a solução? O professor Rubens leciona a disciplina de Ginástica Geral na Escola e acredita que essa seria uma boa maneira de levar a ginástica a todos. “O que se ensina nas escolas é um reflexo do que se ensina culturalmente, que é basicamente a competição. A Ginástica Geral seria um bom caminho pois não possui restrição de peso, altura, idade e gênero, é para todos e não tem fins competitivos.”

Mesmo com os problemas estruturais, Deborah e suas meninas não desanimam e vêm apresentando bons resultados. Com apenas dois anos de existência, a equipe de Bauru já conquistou o terceiro lugar nos Jogos Regionais de 2013 em São Carlos e o quarto lugar nos Jogos Abertos do Interior, no ano passado, disputado em casa. “Nós ficamos bastante cansadas, mas trabalhamos juntas. Eu de braços dados com elas.”

Reportagem: Ana Oliveira
Produção multimídia: Amanda Moura
Edição: Victor Rezende

3 thoughts on “Talento, disciplina e força”

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