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Muito além dos gêneros masculino e feminino

O gênero não é um conceito estático e, diferente da visão cisnormativa, as pessoas podem se definir muito além de menino e menina. As identidades de gênero são diversas e cada uma delas tem um nome e uma definição.

Transexual, genderfluid, binarismo, gender queer. Esses são apenas alguns dos termos que costumam aparecer em textos que discutem identidades de gênero. O tema é muito complexo e vem acompanhado de uma terminologia vasta, conhecida apenas para aqueles habituados ao assunto. Bom, vamos começar pelo início.

Antes de tudo, é importante afirmar que gênero nada tem a ver com sexualidade – uma pessoa que se identifica com a transexualidade, por exemplo, pode ser de orientação hetero, homo, bissexual… Gênero diz respeito a um tipo de reconhecimento puramente pessoal, que independe do sexo biológico. A genitália, portanto, não define a identidade de gênero.

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Utilizou-se como base o e-book Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos, escrito por Jaqueline Gomes de Jesus em 2012.

Os gêneros mais discutidos se limitam ao binarismo: masculino e feminino. Existem, no entanto, muitas variáveis antes, no meio e até mesmo depois da definição binária. Para Larissa Pelúcio, professora de Antropologia, as estruturas binárias são discursos muito lineares, que não exigem exercícios reflexivos. Classificar todas as pessoas em somente duas categorias – homem ou mulher – simplifica as ideias atribuídas a cada gênero: “lugar de mulher é na cozinha” ou “é da natureza do homem trair”, por exemplo.

Larissa afirma que discursos que enfrentam essa simplificação dos gêneros estão crescendo. Há, mais do que nunca, a possibilidade de “experimentar o masculino e o feminino a partir de vivências mais plurais, mais borradas”. Isso é observado, inclusive, no cunho de termos que contemplem as mais diversas identidades de gênero.

Queer, por exemplo, é o termo geralmente utilizado para denominar pessoas que não se identificam com nenhuma identidade de gênero. Genderfluid é a expressão que define a identidade de gênero que transita entre o masculino e o feminino, ou permanece no meio, isso é, a pessoa não se identifica especificamente com nenhum dos gêneros tradicionais. Existe também os agêneros, pessoas que se definem como não tendo identidade de gênero.

Ainda que o não binarismo esteja ganhando espaço na sociedade, como afirmou Larissa Pelúcio, o normativo ainda é a identificação do gênero segundo o sexo biológico, isso é, a cissexualidade. Aqueles que se definem fugindo desse padrão estão, portanto, fora da norma. Limitar uma discussão tão ampla como a de identidade de gênero à genitália observada no nascimento é muito prejudicial, como opina a transexual Luna: “é uma coisa imposta pela sociedade apenas”. A identidade de gênero é algo individual e pessoal, é uma definição adotada por uma pessoa a partir de conceitos e verdades próprios a ela. Genderfluid, Lorena assim define: “gênero para mim é uma identidade, um sentimento, um jeito de se encontrar”.

 

Saiba mais:
Transexualidade: vivências e dificuldades
Guia de nomenclaturas de identidades de gênero

Reportagem: Caroline Braga
Produção multimídia: Lígia Morais
Edição: Nathália Rocha

One thought on “Muito além dos gêneros masculino e feminino”

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