Nº 16 – 2015 | A reforma política
O Brasil vive um momento politicamente intenso. 2013, o que começa com protestos convocados pelo Movimento Passe Livre contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo ganha enormes proporções, apoiado pelo poder da internet e das redes sociais se espalha por todo o país, leva às ruas pela primeira vez toda uma geração de jovens nascidos após os últimos grandes protestos populares em 1992 pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.
Com o crescimento o movimento se torna difuso, novas exigências e personagens surgem e cenas de violência se tornam um lugar comum. No meio de um furacão ainda difícil de explicar Dilma Rousseff se reúne com 27 governadores e 26 prefeitos e, em 24 de junho daquele ano, anuncia cinco pactos nacionais. No item dois uma tradicional bandeira do Partido dos Trabalhadores, na pauta desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002: a reforma política. Falou-se em constituinte exclusiva e consulta popular por plebiscito. A reforma política está, dois anos depois, acontecendo.
Encerrado o primeiro turno da reforma da vida real – sem consulta popular e de inteira responsabilidade de deputados e senadores – essa edição do Repórter Unesp analisa algumas das principais possíveis alterações que estão sendo votadas. Falamos da polêmica aprovação da constitucionalidade do financiamento empresarial de campanha e da complexa manobra política armada pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha que possibilitou duas votações seguidas sobre o tema – e com resultados bem diferentes. Falamos também sobre voto facultativo, fim da reeleição no executivo, mudanças no sistema eleitoral e discutimos ainda qual o significado de toda essa movimentação.
Com uma reforma política em que a população se restringe ao papel de plateia em uma peça mais trágica do que cômica, o papel primeiro e maior dessa edição é informar, ajudar a entender o que está em jogo e como está sendo jogado. Boa leitura.
Vinícius Cabrera – Editor-chefe
Michael Barbosa – Editor adjunto
NESTA EDIÇÃO:
A jogada política da Reforma Política, por Bibiana Garrido
71 pelo financiamento, por Adriana Kimura
Voto facultativo é a melhor opção para o Brasil?, por Lívia Lago
Câmara dos Deputados aprova fim das reeleições para o Executivo, por Vitor Almeida
Coligações: a alavanca parlamentar permanece, por Lívia Lago