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N° 17 – 2015 | Dietas

Fonte: Trent Yarnell

Dieta dos pontos, Dukan, da lua, Pegan… O que não faltam são dietas dos mais variados tipos e nomes, porém todas tem algo em comum: a privação alimentar com o propósito de atingir o tal “peso ideal”.

Diferente do vocábulo popular, o dicionário Michaelis define a palavra “regime” das seguinte formas: 1. Regime alimentício prescrito a um doente ou convalescente; 2. Privação de todos ou de alguns alimentos, em caso de doença; 3. Emprego metódico das coisas úteis para a conservação da saúde; 4. Predominância de um alimento na nutrição.

Nesta edição do Repórter Unesp buscamos desmistificar o conceito popular dessa palavra, e analisá-la seguindo algumas das ideias definidas pelo dicionário. De acordo com a perspectiva trabalhada, o alimento deixa de ser um instrumento para suprir necessidades básicas e torna-se um mecanismo de representação cultural, social e ideológica.

Mais do que valores nutricionais, o alimento representa quem você é e no que você acredita. Quem opta pelo vegetarianismo ou pelo veganismo, por exemplo, não faz uma escolha entre pratos, mas levanta uma discussão ideológica sobre o sentido da vida e nossa relação com a natureza. Mesmo que por outros motivos, quem leva a religião para a mesa também faz uma escolha que vai além do que se come.

Sem muita opção, os que adotam dietas por restrições de saúde são obrigados a ver a alimentação como um tratamento. As alergias e intolerâncias alimentares, que parecem ser a mesma coisa, apresentam diferenças significativas para o corpo e para as dietas a serem aderidas. Porém, por mais que essas dietas estejam relacionadas a questões unicamente de saúde, o mercado ainda as vende com os rótulos de “vida saudável” e “boa forma”.

Regime, jejum, abstinência, privação. Ao seguir a lógica social e mercadológica, e buscar por termos referentes à “dieta”, enfrentamos barreiras que sempre nos fazem voltar ao conceito de dieta do ponto de vista popular, Mais do que uma denominação, o significado conotativo da palavra estabelece padrões, e acaba por excluir quem não se encaixa em suas definições. Os quadros de distúrbios alimentares psicológicos são um retrato da ação negativa desses padrões, que atingem diretamente a forma como as pessoas devem se comportar e se enxergar.

Por ideologia, restrições de saúde ou por questões psicológicas, o alimento e o termo chave dessa edição – dieta – precisam ser revistos para ganhar definições que saiam do dicionário e estabeleçam uma representação social. Denotativamente, a palavra “alimento” pode ser descrita como: 2. o que mantém, sustenta. Uma sustentação sociocultural, que mantém o corpo, mente e saúde conectados.

 Mariana Amud Fernandes – Editor-chefe

Keytyane Medeiros – Editor-adjunto

NESTA EDIÇÃO:

V de Vida

Comer com os deuses – a alimentação na religião do Candomblé

As diferenças entre alergia e intolerância alimentar

Não contém glúten

Anorexia e a bulimia: quando a alimentação se torna um pesadelo

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