Cuidados com a saúde durante o inverno
A prática de exercícios, assim como questões respiratórias e dermatológicas merecem uma atenção maior nessa época do ano
Quando o inverno se aproxima fazemos planos para aproveitar da melhor forma o que a estação proporciona, o frio. Comer alimentos mais calóricos e gordurosos, tirar os casacos e roupas mais quentes do fundo do armário, passar horas (ou dias) fechado em casa, embaixo das cobertas vendo filmes e séries… São inúmeras as atividades pensadas para nos aquecer nessa época, mas por que as adotamos nessa temporada? Como as temperaturas mais baixas atingem nosso corpo?
Antes de explicar os efeitos da estação no nosso organismo, precisamos entender o que é o inverno. De forma rápida e bastante óbvia, é a época mais fria do ano. Além disso, apresenta algumas características peculiares e importantes que nos ajudam a entender seus efeitos ao corpo. Os baixos índices pluviométricos (de chuva) fazem com que um longo período de seca se estenda, acarretando problemas como a maior incidência de queimadas e incêndios florestais e também o aumento da poluição do ar, o que prejudica a nossa saúde com problemas respiratórios, dermato e cardiológicos. Segundo o Instituto de Pesquisas Meteorológicas – IPMet, a média de chuvas durante o inverno é cinco vezes menor do que durante o verão.
Como já dito acima, as temperaturas mais baixas e o tempo seco contribuem para que, principalmente, as doenças dermatológicas e respiratórias se desenvolvam no nosso corpo. Isso porque o nosso corpo precisa manter sua temperatura média, entre 35,5ºC e 36ºC, e, para isso, acaba trabalhando mais. Por conta desse esforço maior, nossa imunidade diminui e nos deixa expostos a vírus e doenças da estação.
Doenças respiratórias
A baixa umidade do ar é o grande vilão para o nosso organismo. No sistema respiratório, as doenças mais comuns como gripe, resfriado, rinite, sinusite e bronquite, atingem as vias aéreas com inflamações e infecções, que podem desencadear doenças mais graves, como a pneumonia. Além do clima seco, os ambientes fechados e com pouca circulação de ar são ideais para a propagação de fungos e bactérias.
Por mais agradável que seja se manter em lugares fechados, o ideal para o nosso organismo acaba sendo o contrário. Evitar ar condicionado e lugares com muita poeira e poluição é sempre recomendado por médicos pneumologistas. A técnica em enfermagem Nelsi Souza (57) sofre de traqueobronquite crônica, que costuma manifestar crises durante o inverno. “No frio piora tudo, de repente sinto um desconforto respiratório, que provoca tosse por muito tempo, cerca de um mês”. Nelsi também diz evitar lugares muito frios e úmidos, além de já ter feito diferentes tipos de tratamento. “Meço sempre a saturação do ar, que deve estar entre 96 e 99, faço uso do chá de gengibre. E agora vou começar a fazer um tratamento a base de vacinas, receitado pelo meu pneumologista”, diz a técnica em enfermagem.
Os soluções não medicamentosas mais comuns são a umidificação de ambientes, com toalhas molhadas ou umidificadores de ar, a hidratação do corpo por meio da ingestão frequente de líquidos e o cuidado com ambientes e itens que tenham muita poeira ou poluição, como avenidas com grande circulação de automóveis e roupas guardadas há muito tempo.
Para explicar os efeitos do inverno na nossa pele é preciso primeiro entender qual é a sua função. Segundo a dermatologista Vanessa Tonolli, “a pele tem a função de interface entre o ambiente e nosso organismo. Ela impede a penetração de agentes externos e, ao mesmo tempo, regula a perda de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno”. A perda de água é feita a partir do suor, que tem como uma de suas funções a regulação da temperatura corporal através do aumento ou diminuição dos vasos cutâneos.
Durante as temperaturas mais baixas a produção de suor é menor, os vasos sanguíneos se constringem (diminuem de diâmetro) e há uma perda menor de calor para o meio externo. O sebo (oleosidade) produzido pelo organismo trabalha evitando a perda de água do corpo. São mecanismos que combinados tem um mesmo propósito para manter a nossa saúde estável. Além desses dois pontos, o corpo também possui um manto lipídico, uma combinação de gordura e água, uma camada extra de proteção que fica sobre a pele e tem como função protegê-la contra microorganismos e fatores ambientais.
Essa breve explicação torna possível entender como as baixas temperaturas e o clima seco agem sobre a nossa pele. Essas características da estação “levam à diminuição na produção de suor”, diz Vanessa. “Além disso, nesta época, é comum tomar banhos mais quentes e demorados, que acabam removendo o manto lipídico”, essa é uma das causas de agravamento das doenças dermáticas mais comuns, como dermatite atópica, dermatite seborreica e o prurido hiemal, que causam coceiras, manchas e escamações na pele.
Segundo a dermatologista, “a principal precaução é em relação ao banho, que não pode ser demorado e nem com água muito quente. Usar sabonetes mais hidratantes e nunca utilizar buchas ou esponjas”. O uso de hidratantes tanto corporais como labiais é recomendado para restabelecer a barreira cutânea. A hidratação da pele também deve acontecer de dentro para fora, com a ingestão de, no mínimo, 2 litros de água por dia, e de alimentos que evitam o ressecamento e melhoram a elasticidade da pele, como a soja.
Prática de exercícios
O tempo mais frio não pode ser um empecilho para fazer exercícios regularmente, mas alguns cuidados devem ser tomados. Para evitar lesões, é recomendável um aquecimento reforçado, que manterá os músculos em uma temperatura adequada antes, durante e depois dos exercícios.
Por conta da baixa umidade do ar, ao praticar exercícios em lugares abertos, indica-se uma boa hidratação, tomando água, mesmo que em pequenos goles, de 5 a 10 minutos. Assim, a irritação das vias aéreas diminui. Além disso, fazer exercícios em horários em que o sol está um pouco mais quente (mas não o mais quente do dia) estimula os músculos ao exercício.
Sair agasalhado é essencial, pois a mudança de temperatura entre ambientes pode causar um choque nos músculos e, consequentemente, lesões nas articulações. Porém, durante o exercício, o ideal é usar roupas mais leves, para um maior rendimento da atividade.
Os cuidados com nossa saúde são necessários em todas as estações. No entanto, durante o inverno, as recomendações são bem específicas e muita atenção deve ser dada nossa saúde e bem-estar. Mesmo que seja confortável ficar um tempo fechado em casa, comendo umas comidas mais gordurosas e tomando banhos bem quentinhos, o nosso corpo não está habituado a isso e toda precaução deve ser tomada para respeitá-lo.
Leia mais:
http://www.apmpiracicaba.com.br/dbImage/ArquivoJornal_55.pdf
Doenças de pele são agravadas durante o inverno
exercícios físicos no inverno – Revista Marie Claire
Reportagem: Mariana Amud Fernandes
Produtoção Multimídia: Michael Barbosa
Edição: Tânia Mendes