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Centrinho da USP coloca Bauru no mapa mundial da saúde

Centro de tratamento e reabilitação de anomalias craniofaciais, o Centrinho da USP recebe pacientes do Brasil e do mundo. O hospital estadual é mantido com recursos da USP, do SUS e de órgãos de fomento (por meio de projetos de pesquisa), mas em 2014 iniciou um polêmico debate sobre a transferência ou não da gestão do Centrinho para a Secretaria Estadual de Saúde

Bauru, além de ser a cidade sem limites ou aquela com nome de lanche, também carrega um importante reconhecimento. O Hospital de Reabilitação de Anomalias Cranifaciais (HRAC), conhecido como Centrinho, é referência mundial em cirurgias craniofaciais. A instituição, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), atua como centro de reabilitação para portadores de fissuras labiopalatais e malformações craniofaciais e recebe pacientes de todas as regiões do Brasil. Todos os atendimentos são feitos via o Sistema Único de Saúde (SUS).

Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP é referência no Brasil e na América Latina (Foto: Marina Spada)

O centrinho, que funciona no próprio campus da Faculdade de Odontologia da USP em Bauru, recebeu o status de Unidade Hospitalar Autônoma em 1976, mas já atendia casos de malformação congênita labiopalatal desde 1967. Um grupo de pesquisadores da USP identificou um número expressivo de casos de malformação na cidade, com 1 ocorrência a cada 650 crianças nascidas. A partir dos dados coletados nessa pesquisa, os professores fundaram o Centro de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, com o objetivo de prestar o serviço de atendimento através de um serviço integrado de ensino, pesquisa e assistência social da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB).

O hospital “consolidou-se como referência no tratamento das anomalias congênitas craniofaciais, síndromes associadas e deficiências auditivas” conta 0 Dr. João Henrique Nogueira, superintendente em exercício do Centrinho, chegando a ser reconhecido como “referência mundial” pela própria Organização Mundial da Saúde.  O nome Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais foi designado em 1998, após a ampliação das especialidades atendidas. “O HRAC tem atualmente uma equipe multidisciplinar formada por cerca de 660 profissionais, de medicina, odontologia, fonoaudiologia e outras especialidades da saúde, além de funcionários das áreas administrativa e de apoio, todos contratados pela USP” conta Dr. João Henrique.

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O Centrinho oferece tratamento de audição, visão subnormal e odontológicos (Foto: Marina Spada)

Entre as áreas atendidas pelo Centrinho destacam-se as cirurgias plásticas (reparação de fissuras), craniofaciais (malformações) e bucomaxilofaciais (defeito ósseo alveolar e discrepâncias maxilomandibulares), “além de intervenções e acompanhamento odontológico, fonoaudiológico e com demais áreas de apoio, para uma completa reabilitação (estética, funcional e psicológica)”, como afirma o  Dr. João Henrique. O hospital também atua na área de saúde auditiva e oferece serviços médico-hospitalares à população do município e da região em áreas de grande demanda e pouco recurso. Segundo o Dr. João Henrique “são disponibilizados procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos, exames e avaliações nas áreas de otorrinolaringologia, radiologia odontológica, genética e fonoaudiologia” que são realizados por meio de acordo articulado com a Secretaria de Estado da Saúde.

Até ano de 2014 já eram contabilizados mais de 100 mil pacientes matriculados, sendo a maioria deles (55 mil) foram casos de anomalias craniofaciais e cerca de 40 mil casos de deficiência auditiva. “São pacientes oriundos de 3.998 cidades, que corresponde a 72% dos municípios do país” conta o superintendente Dr. João Henrique, destacando a importância do Centrinho para o Brasil, “por dia, são atendidos em média cerca de 500 pacientes e realizadas 20 cirurgias” continua.

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Crise nas universidades afeta o Centrinho

O ano de 2014 foi marcado por uma grave crise orçamentária que atingiu as 3 universidades do estado de São Paulo: USP, Unesp e Unicamp. Com o pretexto de controlar e diminuir os gastos da instituição, o Conselho Universitário (CO) da USP aprovou a desvinculação entre o Centrinho e a universidade, no dia 26 de agosto, com o intuito que a Secretaria Estadual de Saúde assumisse a gestão do hospital.

A proposta foi amplamente rejeitada pelos sindicatos dos trabalhadores e dos professores e pelos estudantes da instituição, que criticaram a falta de transparência com que o processo foi realizado. Os sindicatos ainda manifestaram sua preocupação por conta das demissões que poderiam ser acarretadas pela desvinculação. Poucos dias depois da decisão do CO, o governador paulista Geraldo Alckmin se manifestou contrário à proposta da reitoria da USP e, em visita à cidade Bauru no mês de setembro, em meio a manifestações de funcionários e estudantes, afirmou que o estado não iria assumir a gestão do Centrinho – HRAC. A assessoria do Centrinho afirma que desde então nenhum avanço foi feito em relação à desvinculação do hospital, porém a proposta ainda não foi revogada pelo Conselho Universitário da USP.

Outra medida adotada pela Universidade de São Paulo foi a implantação de um Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV). O Dr. João Henrique Nogueira conta que 46 funcionários do Centrinho aderiram ao programa, sendo que 18 deles atuavam na assistência direta ao paciente, ou seja, técnicos de enfermagem, enfermeiros, cirurgião-dentista, médicos, fonoaudiólogo e assistente social. Para minimizar o impacto, o superintendente conta que os deligamentos foram feitos de forma escalonada. “Tem sido um desafio, o Hospital está se readequando para continuar atendendo com qualidade sua demanda e público-alvo” afirma o Dr. João Henrique.

Enquanto hospital universitário, o Centrinho faz parte de diversos programas de ensino da FOB-USP. Atualmente, 238 discentes ligados ao HRAC por meio de 18 programas de ensino, como  mestrado, doutorado, especializações, atualização, aprimoramento profissional, prática profissionalizante, residência. “A instituição consolidou-se no cenário científico nacional e internacional, destacando-se como importante centro formador de recursos humanos e campo de desenvolvimento de pesquisas avançadas” diz o superintendente.

Infográfico - Centrinho

Serviço: Hospital de Reabilitação de Anomalias Cranifaciais (HRAC)
Endereço: Rua Sílvio Marchione, 3-20 – Vila Universitária
Telefone: (14) 3235-8132 / 3235-8139 / 3235-8129
E-mail: spp@centrinho.usp.br

Reportagem: Ihanna Barbosa
Produção Multimídia: Marina Spada
Edição: Laura Fontana

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