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UPAs em Bauru: boas, porém poucas

Os entrevistados desta reportagem foram unânimes ao dizer que o atendimento e a estrutura das UPAs (Unidades Prontas de Atendimento) são satisfatórios. Porém, a ausência dessas unidades em algumas regiões é um problema na rede de saúde bauruense

Bauru é uma cidade grande, comparada aos municípios da região. A população, formada por mais de trezentos mil habitantes, distribui-se desigualmente pelo território urbano. Essa discrepância afeta a vida dos cidadãos de diversas maneiras, como na área da saúde, já que vários bairros ficam sem cobertura de unidades de atendimento. Em razão disso, muitas pessoas se deslocam por grandes distâncias para conseguir atendimento em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou outros núcleos de saúde.

É o caso de Maria Carmen Souza, que mora no Núcleo Gasparini e precisou ir até à UPA Bela Vista por causa de uma torção no braço. “Eu vim de carro e levou mais ou menos meia hora, se eu viesse de ônibus, aí levaria uma hora”, comenta.

Claudio Gomes mora no bairro Nova Esperança e foi até a UPA Bela Vista para uma consulta de dentista. Ele também ressalta a dificuldade do transporte público.  “Eu vim de carro, então levou só uns quinze minutos. Mas se eu precisasse de ônibus, levaria mais de uma hora, porque não tem ônibus que passe perto daqui, eu teria que pegar um ônibus, descer no centro e pegar mais um”.

 

Como a demanda por uma rede de saúde abrangente acontece em toda o município, as UPAs servem como “quebra-galho”, mas, ainda assim, nem todas as áreas da cidade são contempladas por um posto de emergência e urgência. O bairro Nova Esperança situa-se na região Noroeste de Bauru, onde oitenta mil pessoas (cerca de 20% da população da cidade) residem, segundo dados da Defesa Civil. Mesmo com tantos habitantes, a região é uma das que mais sofre a falta de núcleos de saúde. A UPA mais próxima é a Bela Vista, que fica a cerca de 4 km do Nova Esperança.

Apesar dos problemas de deslocamento, tanto Maria Carmen quanto Cláudio concordam que o atendimento e a estrutura da UPA Bela Vista são bons. “Aqui é melhor que no Hospital de Base”, analisa Maria Carmen.

Crédito: Marília Garcia/Repórter Unesp

(Arte: Marilia Garcia)

Outro problema encontrado na rede de saúde bauruense refere-se à especialidade de cada Unidade Básica de Saúde (UBS) e das UPAs. Muitos pacientes conseguem agendar a consulta em um local, mas são mandados para outros. Foi o que aconteceu com o comerciante Lázaro Ibrahim, que foi até à UPA Geisel/Redentor com uma queimação no esôfago. “Eu fui no Hospital Estadual, aí me mandaram pra cá. É ruim porque já faz dois dias que não consigo comer direito”, conta. Essa não é a primeira vez que Lázaro é transferido: “Já fiquei internado aqui por dois dias por causa de uma hemorragia, aí fui encaminhado para o Base, e do Base para o Estadual”, lembra. Apesar disso, ele opina que “na UPA, o atendimento foi melhor.”

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No geral, a maioria das pessoas que moram próximas às UPAs parece não ter do que reclamar em relação ao atendimento e estrutura. O comerciante Carlos Roberto Cruz levou sua irmã para ser atendida na UPA Geisel/Redentor e acredita que “elas (as UPAs) são boas, pois dão uma aliviada no fluxo do Hospital Central, do Estadual e do de Base”. Porém, Carlos também acredita que “é uma questão de fase, na verdade. Se você vier outro dia, com várias pessoas doentes ao mesmo tempo, pode ser que não seja tão bom, é tudo uma questão de momento”.

Repórter: Ana Oliveira
Produtora Multimídia: Marília Garcia
Editora: Amanda Moura

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