Os altos e baixos do esporte bauruense
A exatos 365 dias dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, os locais de competição do evento passam a ser visitados, as chances de medalha brasileiras passam a ser debatidas e, cada vez mais, os esportes olímpicos entram em ação. Mas não é apenas no Rio que o esporte é o centro das atenções. Nos 119 anos de Bauru, o esporte de alto rendimento tem se destacado com o passar do tempo.
Tudo se inicia pela base. Ela é quem dita as perspectivas das gerações esportivas em cada modalidade, além de poder ser trabalhada de modo a revelar talentos promissores que podem ter alcance local, regional, nacional e, até mesmo, internacional. Atletas não são criados do dia para a noite. Em Bauru, parcerias da prefeitura com a iniciativa privada possibilitam desde 2010 que mais de 10 mil crianças treinem em esportes como handebol, caratê, judô, boxe, tênis de mesa, natação, atletismo e polo aquático, dentre outros.
Segundo Roger Barude Camargo, secretário de Esportes e Lazer da cidade, Bauru conta com várias praças esportivas e centros de treinamento. Com o desenvolvimento esportivo das crianças, elas “são direcionadas para o alto rendimento, e passam a representar a cidade nos Jogos da Juventude, Regionais e Abertos”.
Além do esporte de base, a infraestrutura se mostra como outro fator que potencializa o alto rendimento. Em maio, a final da Liga Nacional de Basquete Masculino (LNB) não foi realizada em Bauru devido à falta de uma arena adequada que pudesse receber o evento, que, então, foi transferido para Marília. O Panela de Pressão, ginásio utilizado nos jogos do Bauru Basket ao longo da competição, tem capacidade para somente 2.000 pessoas e a organização da LNB exigia um lugar que comportasse 5.000 pessoas.
A fim de evitar que situações como essa voltem a ocorrer, a prefeitura de Bauru tenta viabilizar o projeto da Arena Poliesportiva, que seria usada para competições de vôlei, basquete e handebol e comportaria 5.060 pessoas. O projeto estrutural e arquitetônico do local foi realizado em parceria com a iniciativa privada; no entanto, como destaca o secretário Roger Barude Camargo, “diante da situação de crise no País e, também, com quase todo o recurso disponível no Ministério do Esporte canalizado com as Olimpíadas do ano que vem, não será possível viabilizar a quantia que seria necessária — em torno de R$ 20 milhões — para a construção dessa arena [com a ajuda do governo federal]”.
Veja, abaixo, um trecho da entrevista realizada pela equipe do Repórter Unesp com o secretário de esportes e lazer de Bauru, que comenta sobre a importância do esporte de alto rendimento para a cidade:
Com os investimentos na base e na infraestrutura, o terceiro item para se obter sucesso nos esportes passa a ser a inspiração — afinal, é mais fácil o desenvolvimento em determinada modalidade com ídolos como referência. Destacam-se na cidade o Esporte Clube Noroeste, como o principal time de futebol da cidade, e o Bauru Basket — uma das principais equipes de basquete do Brasil.
A dois jogos de voltar ao acesso
O Noroeste foi fundado em 1910. Atualmente o clube é presidido por Emilio Brumati e a equipe principal é comandada pelo treinador João Martins. Nas melhores campanhas do time, destaca-se o quarto lugar alcançado no Campeonato Paulista de 2006, na série A, quando o Norusca (apelido do time) ficou atrás somente do Santos, então campeão, do São Paulo (vice) e do Palmeiras (terceiro lugar).
Desde então, o Noroeste não tem tido boas atuações. Em 2009, foi rebaixado para a série A-2, onde competiu até 2013. Em 2014, pela série A-3, ficou em 19º lugar e caiu para a segunda divisão do Campeonato Paulista. A duas rodadas do fim do torneio, o time lidera a tabela de classificação e pode voltar a disputar a série A-3 no ano que vem.
Para Erlinton Goulart, jornalista especialista sobre o clube, “o Noroeste é o carro chefe do esporte de Bauru independentemente dele estar na primeira, na segunda, na terceira ou, como hoje, na quarta divisão [do Paulista] com boa possibilidade de voltar ao acesso”. Goulart ainda destaca que a fase que o Noroeste viveu do quarto lugar na série A até o rebaixamento para a série B não surpreende. “O Noroeste sempre foi isso. Ele sempre viveu ‘aos trancos e barrancos’. O Noroeste só ficou num período bom de 2003 a 2010. Da década de 1940 até os anos 1990, o Noroeste sempre esteve no patamar de agora”, complementa o jornalista.
A gestão atual do clube no período destacado por Goulart é vista como fora do comum devido à presidência de Damião Garcia, que também era dono do Grupo Kalunga. “Com dinheiro, tudo é mais fácil. Tudo era resolvido rapidamente com os recursos disponíveis; agora a realidade volta ao normal, como era antes [de 2003]”, é o que diz José Roberto Pavanello Silva, representante da Torcida Sangue Rubro, ligada ao Norusca.
A atual presidência, exercida por Emilio Brumati, é vista com bons olhos pela Sangue Rubro: “[a gestão] está a contento. Ele é novo, tem 32 anos. No ano passado, pagou pela inexperiência, mas este ano se recuperou e tem feito uma boa gestão”. Erlinton Goulart concorda: “dentro dessa nova realidade do clube, estão fazendo as coisas certas. O Noroeste, agora, tem balancete — o que só teve antes no período do Damião Garcia — e paga as contas religiosamente em dia. É uma estrutura enxuta, mas que está em dia”.
De Bauru para o mundo
Se a situação não anda tão boa para o Noroeste, o mesmo não se pode dizer do principal time de basquete masculino da cidade: o Paschoalotto/Bauru Basket. Em setembro, a equipe treinada por José Guerra, o Guerrinha, atual campeã da Liga das Américas, irá disputar o Mundial Interclubes de Basquete contra o campeão da Euroliga, o Real Madrid. Com a impossibilidade de os jogos ocorrerem na Panela de Pressão, as partidas foram passadas para o Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Fundado em 1996, o Bauru Basket coleciona títulos: é o atual bicampeão do Campeonato Paulista de Basquete, campeão dos Jogos Abertos do Interior, da Liga Sulamericana com uma campanha invicta e da Liga das Américas, também de forma invicta. O único título que o clube ainda não conquistou foi o de campeão nacional, tendo conquistado o vice-campeonato da Liga Nacional de Basquete 2014/15.
O elenco do time de Guerrinha é, também um dos mais fortes do país. Não à toa, três de seus jogadores foram convocados para defenderem a Seleção Brasileira de Basquete tanto nos Jogos Pan-Americanos de Toronto quanto na Copa América: o armador Ricardo Fischer, o ala Leo Meindl, recém contratado, e o pivô Rafael Hettsheimeir. Larry Taylor, americano naturalizado brasileiro que defendeu o Bauru até a última temporada, também foi um dos convocados pelo técnico Rúben Magnano.
“O momento agora é de descanso, mas a ansiedade para a próxima temporada é muito grande”, relatou o técnico Guerrinha em sua página no Facebook. Devido a seus trabalhos à frente do Bauru Basket, o treinador recebeu o título de cidadão bauruense em junho deste ano, concedido pelo vereador Faria Neto.
Na próxima temporada, que estreia nesta quinta-feira (6), a equipe bauruense pretende manter os bons resultados do ano passado. A base do elenco continua a mesma com o armador Ricardo Fischer, os alas Alex Garcia e Robert Day e os pivôs Murilo Becker e Rafael Hettsheimeir. Confira, abaixo, as novas contratações e as saídas do Bauru Basket para 2015/16:
Bauru: em busca de resultados
Se o Noroeste e o Bauru Basket se tornaram referências no esporte da cidade, outros esportes começam a se destacar. A equipe do Vôlei Bauru disputará na próxima temporada a série A da Superliga Feminina de Vôlei, principal competição da modalidade no Brasil. Já nos Jogos Regionais, que ocorreram mês passado em Santa Bárbara d’Oeste, a cidade se destacou em alguns esportes e ficou em segundo lugar no handebol masculino, na natação masculina e na ginástica artística feminina, cuja rotina já foi retratada no Repórter Unesp.
Já a relação dos resultados mais recentes do Bauru Basket e do Noroeste pode ser consultada abaixo:
Reportagem: Marília Garcia
Produção multimídia: Victor Rezende
Edição: Ana Oliveira