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A saga do Bauruzinho

O monumento, atualmente localizado na rodoviária, é o responsável por dar as boas vindas à cidade e faz parte da identidade bauruense

Engana-se quem pensa que o Bauru nasceu em Bauru. O sanduíche foi inventado por Casimiro Pinto Neto, bauruense, no restaurante paulistano Ponto Chic, no ano de 1937 . O sanduíche logo se tornou popular e foi batizado com a alcunha de Pinto Neto. A receita original, oficializada pela lei municipal 4314, aprovada pela câmara dos vereadores de Bauru em 24 de junho de 1998, consiste em um pão francês com rosbife, fatias de tomate, picles e uma mistura de queijos – prato, estepe, gouda e suíço – derretidos em banho-maria, condimentado com sal. A mais famosa lanchonete bauruense a oferecer a iguaria é o Skinão. O local, localizado ao número 76 da 12ª quadra na Rua Júlio Maringoni, se tornou ponto de parada obrigatório para quem visita a cidade.
De 1937 até 2008, o Bauru foi representado estático e sem graça. Somente 71 anos após sua criação, o lanche ganhou vida graças a uma ideia do vereador Fernando Mantovani em conjunto com o empresário Jad Zogheib. Naquele ano, pelos traços do ilustrador Adelmo Barreira, nascia então o único sanduíche 100% bauruense: o Bauruzinho. O monumento foi construído algum tempo depois, por ocasião do aniversário de 112 anos da cidade. Feito de fibra de vidro, o Bauruzinho – que de diminutivo só tem o nome, já que mede dois metros – é um simpático sanduíche com pés de tomate, olhos de picles e sorriso de rosbife. Fomos até a rodoviária, atual lar do monumento, conversar com ele e saber mais sobre sua história.

 

Bauruzinho, é uma honra falar com você, que há 7 anos recebe os visitantes da cidade de braço abertos.
Obrigada, querida! Não faço nada mais do que cumprir o meu dever. Estou aqui para receber os turistas e cidadãos bauruenses que vem e vão. A honra é, na verdade, toda minha. Não poderia sentir mais orgulho por ter sido escolhido para representar esta cidade tão cheia de história. Sempre que posso, agradeço aos meus pais, como carinhosamente chamo meus criadores Jad e Fernando.

Desde que foi criado, na ocasião da Festa do Sanduíche de 2008, você já passou por muitas emoções. Sei que pode trazer algumas más lembranças, mas gostaria que nos contasse a história de seu roubo.
Roubo não, sequestro! Aquela noite nunca será apagada de minha memória. Era mais uma madrugada fria de setembro e eu estava dormindo quando eles apareceram. Eu já havia sido pichado e vandalizado antes, então imaginei que era mais um desses casos. Não estava preparado para o que viria. Aqueles quatro me levantaram de minha base, deixando meus pezinhos de tomate para trás, e me carregaram até a república onde moravam. Entendo que sou muito bonito e que todos adorariam ter uma réplica em suas residências. Mas aquilo foi demais. Sem falar na humilhação de ser transportado no furgão da polícia como um criminoso. Demorei meses para me recuperar, mas voltei fortalecido.

Nem imagino tudo o que passou. Eu sinto muito. Após o sequestro, você foi remanejado para a rodoviária. O que mudou em sua vida desde então?
Sabe, eu adorava morar no Vitória Régia. Lá era tão verde, o ar tão puro e eu podia ver família se divertindo aos finais de semana, além dos diversos shows e atividades culturais que acontecem por lá. O problema de lá era a falta de segurança, até hoje não há vigilância 24h. A rodoviária não é de todo ruim, lá me sinto muito mais seguro. Adoro ver as pessoas chegando e me emociono com as despedidas. Mas por lá é tudo cinza e o ar é muito difícil de respirar com tanta poluição.

Apesar de ter sido uma experiência horrível, seu sequestro, que foi noticiado em rede nacional, ajudou a alavancar sua popularidade. Como lida com a fama?
No começo eu ficava um pouco tímido com tanta atenção sendo direcionada a mim, mas hoje lido muito melhor com tudo isso. Adoro tirar fotos com meus fãs e sei que meus produtos licenciados fazem muito sucesso. Os bauruenses presenteiam seus amigos de fora com chaveiros e camisetas estampados comigo, eu acho o máximo! Também ajudei a promover a Festa do Sanduíche, que hoje vende uma média de 25 mil sanduíches, mantendo viva a nossa tradição. Apesar das dificuldades pelas quais passei, me orgulho muito de minha trajetória.

Tenho certeza de que a cidade também se orgulha muito de você! Aliás, Bauru completou 119 anos no último final de semana. Quais são seus desejos para o futuro do município?
Meus olhos se enchem de lágrimas ao relembrar a história da minha amada Bauru. A cidade cresceu muito nas últimas décadas e eu espero que continue assim, progredindo sempre! Mas é claro que há muito o que melhorar por aqui. Meus maiores desejos são que os índices de violência diminuam, a saúde pública melhore e amplie seu atendimento, assim como o transporte municipal. Bauru tem tudo para ser uma cidade referência para todo o país, só precisa acertar estes pontos. E eu tenho Confiança, do fundo do meu coração de queijo derretido, que os governantes e cidadãos farão de tudo para continuarmos avançando. Afinal, Bauru é a cidade sem limites!

*A produção da entrevista fictícia foi baseada na obra “Mario Prata entrevista uns brasileiros”.

Serviço

Skinão Lanches
Endereço: R. Júlio Maringoni, 12-76 – Vila America, Bauru
Telefone: (14) 3224-1110
Horário de funcionamento: de segunda a sábado a partir das 18h, aos domingo a partir das 11h.

Repórter: Isabela Romitelli
Produtora audiovisual: Bianca Arantes
Editora: Ana Oliveira

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