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Vai ter gorda na moda, sim!

Ainda que devagar, mulheres plus size ganham espaço na mídia e mostram que a moda é sim para todas e que elas não vão mais deixar que lhe falem nada ao contrário

A moda plus size tem ganhado espaço e é notícia no Brasil e no mundo.  Mas não foi pela conscientização espontânea de revistas e produtores de moda, mas por mulheres que não queriam mais ter sua moda limitada por um número. O termo plus size foi denominado para mulheres que não se encaixavam no padrão convencional – até o manequim 44 -, mas ele não se refere necessariamente à moda para pessoas gordas. Segundo Bianca Reis, fundadora da marca de biquínis e lingeries F.A.T.For All Types, “deveria haver uma nova denominação para uma moda para pessoas gordas”.

Como Bianca, muitas mulheres gordas decidiram assumir a frente da situação e mostraram que a moda não é feita apenas para as altas e magras, que desfilam nas passarelas ou que aparecem nas revistas e nos catálogos de roupas. “Essa exclusão por parte das marcas impede várias pessoas de se expressarem [através do vestuário], simplesmente não fazendo roupas em tamanhos maiores do que 44 ou 46” afirma Bianca. Diversos blogs surgiram no Brasil dedicados a mulheres grandes que não se sentiam representadas pela mídia e nem pelas lojas, como Juliana Romano, do blog Entre Topetes e Vinis, e Renata Porkus, do Blog Mulherão.

Foi pensando na dificuldade de se encontrar peças íntimas para tamanhos grandes que a curitibana Bianca Reis, de apenas 21 anos, decidiu criar a marca F.A.T., com a proposta de não ter limites de tamanho. “Um número 54, por exemplo, raramente encontra peças do seu tamanho, e muito menos com algum design interessante – sempre tudo muito básico e em cores neutras como o bege. Isso é super ruim, porque prejudica muito a autoestima das pessoas”, conta a jovem, que ainda disponibilizou uma tabela com vários tamanhos para que as peças fiquem bem confortáveis para as consumidoras.

Ações como essa são muito importantes para dialogar com milhares de meninas que não fazem parte do padrão estabelecido pela indústria da moda, mas são o tempo todo bombardeadas com propagandas, modelos, atrizes, capas de revistas e photoshop que criam um padrão de beleza muito longe da realidade. Bianca Reis acredita que os avanços feitos ainda são mínimos, com muitos tropeços, e há um longo caminho pela frente, “um espaço minúsculo e ainda ridicularizador em sua maioria – nada que eu apoie ou veja com olhos positivos” conta Bianca, que também enfatiza “enquanto não houver representatividade, não haverá avanço”.

A revista Elle, uma das maiores do segmento de moda feminina do mundo, comemorou seus 27 anos no Brasil no mês de maio com uma edição especial. Nas bancas, a capa da revista era uma superfície espelhada, para representar todas as mulheres. Já na versão Android da Elle, a capa era uma foto da blogueira Ju Romano, vestida apenas com um casaco e sem nenhum photoshop.

Foi um grande avanço ver uma mulher gorda na capa de uma revista que durante anos reforçou a padrão magro da moda. Agora essa mídias precisam manter o comprometimento e abrir espaço para todas as mulheres de todos o tamanhos. “A partir do momento que as pessoas gordas começarem a ser efetivamente representadas, pode-se dizer que realmente há uma discussão”, afirma Bianca Reis, que ainda lembra que a moda é uma “forma de expressão pessoal através de vestuário”, então ela tem que ser feita por todas e para todas.

 

Reportagem: Ihanna Barbosa
Produção Multimídia: Jonas Lírio
Edição: Isabela Romitelli

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