[Perfil] Adotar um bichinho: uma tradição familiar
Na vida de Ana Paula sempre houve espaço para os animais, uma paixão que começou com seu avô
Um animal de estimação é uma das maiores companhias que se pode ter. Esse é um tipo de afirmação muito comum entre pessoas que têm ou já tiveram algum bichinho em casa. O laço afetivo que se cria muitas vezes é tão forte que ter um animal de estimação já faz parte da rotina de algumas pessoas.
O caso de Ana Paula Carmo ilustra bem isso. Aos 39 anos, ela já perdeu as contas de quantos cães e gatos já fizeram parte da sua vida. Paulinha, como é conhecida entre os amigos, é auxiliar de laboratório em uma farmácia em Olímpia, no interior de São Paulo, onde sempre viveu. Os animais que entraram em sua vida tinham tamanhos e cores diferentes, mas algo em comum: todos foram adotados. E nesta edição do Repórter Unesp, ela abriu sua casa e com um sorriso no rosto e disposição para contar um pouco da sua história com os animais.
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A relação de afeto com os bichinhos começou quando Paulinha era pequena. “Meu avô era assim, ele teve cachorro, gato, tudo!”, explica. A paixão passou do avô para sua mãe que passou para ela e que agora divide isso com sua filha Isabela, de 11 anos, que todos chamam de Bela. Mãe e filha já não se lembram mais dos números e datas, mas guardam as histórias de cada bichinho com muito carinho.
Para Paulinha, a história que mais marcou foi a do Machiche, seu cachorro que teve feridas na boca. Quando Ana e seu ex-esposo – que estava com o uniforme de pedreiro – foram levá-lo à uma clínica, o veterinário foi rude: disse que aquilo era câncer e que o cachorro iria morrer e nada poderia ser feito. Mas ela não desistiu: levou Machiche para outra clínica onde ele foi tratado e as feridas sumiram. “Eu fiquei mal por causa do veterinário, só por causa da nossa roupa ele não quis nem saber, nem examinou o Machiche.”, lamenta.
Já Bela se emociona ao contar a história de Scooby, que foi chutado por um motoqueiro e acabou falecendo dias depois. Isabela descobriu quando chegou da escola e viu algo coberto por uma manta no chão. “Vó, não me fala que aconteceu isso”, perguntou a menina para sua avó, que contou o que havia acontecido. Ao relembrar o acontecimento, os olhos da menina se enchem de lágrimas.
Paulinha mora com os pais, a filha, três cachorras, cinco gatos e dois papagaios. Todos adotados. Alguns dos gatos estavam escondidos pela casa, mas ela apresentou as três cachorrinhas – todas vira-latas de pelagem preta – e contou um pouquinho da história de cada uma.
Docinho
É a mais velha das três, tem sete anos. Ela foi adotada de uma cria a pedido de Isabela. Era a menor da ninhada e a mais fraquinha. Nos primeiros dias de vida a avó alimentava ela com mamadeira. Docinho continua sendo a menor da casa, mas é a que põe mais respeito e manda nas outras cachorras. Ela também adora dormir junto com Paulinha e Bela, de preferência no meio das duas.
Meg
Tem dois anos de idade e é a maior do trio. Também foi doada para a família. Meg adora ficar dentro de casa, mas quando alguma visita chega, ela fica na parte da frente da casa junto com os papagaios, deitada em duas cadeiras de áreas que ficam sobrepostas. É extremamente dócil e obediente. Devido ao seu tamanho, ela é a única que não dorme dentro de casa, mas tem sua caminha colocada na área da frente. Agora Seu Cido, pai de Paulinha, pretende usar suas habilidades de pedreiro para construir uma casinha para Meg
Babye
A mais nova, Babye foi doada por um vizinho e tem apenas um ano de idade. Há alguns meses ela foi atropelada e teve a parte de trás do seu corpo atingida por um carro. Ana Paula a levou na veterinária, que disse que ela iria precisar de fisioterapia para recuperar o movimento das patas traseiras. Babye foi medicada e teve que usar fraldas. Na época, Isabela fez uma promessa para que a cachorrinha se recuperasse: iria parar de tomar guaraná. Após o tratamento com os remédios e injeções, Babye voltou a andar, correr e pular – um pouco tortinha, mas sem dores. E Bela, contente com a desejo atendido, segue com sua promessa firme e forte, sem colocar nenhuma gota de guaraná na boca.
Todos os animais de Paulinha foram vermifugados, vacinados e castrados quando ela os adotou. Além disso, ela sempre procurou oferecer todos os cuidados necessários e dar muito carinho. E ela deixa um recado para aqueles que ainda têm preconceito com os vira-latas e pensam no animal apenas como um objeto que deve ser comprado:
“O vira-lata é o melhor amigo do ser humano. Ele está ali sempre perto de você, sempre é amigo. E pra quê você vai comprar um cachorro de mil [reais] se tem tanto cachorro pra ser doado por aí e que pode dar carinho, cuidar das crianças…Os que a gente teve aqui a Bela sempre gostou. Eu acho que não há necessidade em gastar, em vez de gastar esse dinheiro podia adotar um cachorro e usar esse dinheiro com os cachorros [abandonados] que estão precisando”.
Reportagem: Lívia Lago
Produção Multimídia: Bibiana Garrido
Edição: Giovanna Diniz