Pets nada convencionais
Você sempre teve vontade de ter um bichinho diferente como animal de estimação?
O interesse por cobras, lagartos, iguanas e diversos outros animais exóticos vem aumentando no mundo todo, por isso é importante sanar dúvidas a respeito dos hábitos alimentares, do manejo e da forma de adquirir esses animais, que são bem diferentes dos queridos e peludinhos gatos e cachorros. Para começar, o uso da palavra “exótico”. De acordo com o biólogo Érico Ferraz, o termo se refere a animais que não fazem parte de determinada fauna – “o termo silvestre, no entanto, já engloba os animais que pertencem a uma fauna, mas são selvagens; a palavra selvagem abrange todos, exóticos e silvestres” – explica o biólogo.
O conhecimento prévio sobre os hábitos da espécie que você vai adquirir faz toda diferença. O que ela come, como é seu habitat, que remédios tomam, como manejar esses animais e, claro, como adquiri-los legalmente. As espécies selvagens precisam de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o IBAMA, o que faz com que eles se tornem mais caros e mais difíceis de serem adquiridos. O IBAMA ainda não possui uma lista completa de animais silvestres que podem ser adquiridos como pets. O instituto aconselha, portanto, que esses animais sejam adquiridos em criadouros autorizados por ele ou em órgãos ambientais do estado. Aqui, tem-se a lista de parte da fauna considerada doméstica pelo IBAMA.
Hábitos e Alimentação
Érico Ferraz já teve um tigre d´água de orelha vermelha e hoje possui uma iguana, um leopard guecko e três corn snake. Ele fala sobre alguns cuidados que devem ser tomados com cada uma dessas espécies, salientando que, embora, existam rações que podem ser usadas na alimentação dessas espécies, é inevitável que em alguns momentos sejam utilizados ratos e insetos.
Iguanas: são animais arborícolas, portanto é extremamente necessário ter uma grande quantidade de galhos para escalarem. Em cima das copas das árvores, quando em habitat natural, elas captam calor pelo dorso, então é necessário que exista uma lâmpada no alto do viveiro delas. São animais de hábitos diurno e podem chegar até 2 metros de comprimento e o hábito alimentar também varia com a idade: quando filhotes e jovens, precisam de um dieta proteica junto com folhas e frutos; quando adultos, são herbívoros.
Corn Snake: Não gostam de muita luz, por isso a iluminação dos terrários só deve ser utilizada para apresentação rápida do animal. Os machos são territorialistas e podem chegar até 1,6 metros de comprimento. Precisam de uma toca escura para se esconderem e comem a cada uma ou duas semanas.
Geckos: São lagartos que gostam de tocas para se esconder. Como adquirem calor pelo ventre, pedras de aquecimento são necessárias. De hábitos noturnos, alimentam-se de grilos, baratas e tenebrios e chegam a comer neonatos de camundongos. Os machos são territorialistas e seu tamanho varia de 12 a 18 cm. É importante que se dê pó de calcio para esses animais lamberem a medida que precisam.
É muito importante que se conheça um bom profissional na área dos selvagens, Érico alerta que a necessidade de levar esses animais ao veterinário, na maioria das vezes, se deve por erro de manejo do animal. A medicação preventiva usada na maioria dos pets, como vacinas, não é utilizada, no máximo, um vermífugo.
Porcos
A domesticação de porcos também é algo que vem crescendo. Geralmente as pessoas associam o animal a sujeira e ao mal cheiro, mas a verdade é que, quando bem cuidados, são animais muito limpos. A terapeuta ocupacional Giovana Hayworth também já teve vários animais diferentes como pets. Entre eles, vaca, tatu, urubu, morcego, galinha, pato, mas o animal que mais se apegou foi uma porca chamada Coca.
Sobre a questão da limpeza, Giovana diz: “ Porcos não transpiram e precisam regular a temperatura com água, por isso eles brincam com lama (como conhecemos). As pessoas acreditam que porcos são sujos, fedem, mas a questão é a alimentação. Não dá lucro para os matadouros dar água limpa e fresca para os porcos se refrescarem, assim como a troca dessa água. Os porcos acabam se refrescando na lama do ambiente em que moram, lama esta que está misturada com fezes e restos de comida.” Giovana, hoje com 22 anos, já tinha ganhado uma outra porquinha quando criança, a Feijoada. Nessa época, também parou de comer carne de porco.
Quanto aos hábitos e necessidades de um porco, é necessário haver um espaço relativamente grande, uma vez que alguns animais podem ultrapassar os 200 quilos, o que não se aplica aos mini-porcos, que chegam no máximo aos 30 quilos mediante uma alimentação balanceada. Portanto, nada de lavagem. Grãos, verduras, legumes e frutas são os alimentos ideias. Também não é difícil encontrar veterinários que saibam cuidar bem de porcos. As vacinas mais comuns são contra a febre suína, a febre aftosa e, claro, o vermífugo. Quanto à legalidade, a maioria dos municípios proíbem a criação de porcos, galinhas, cabras e patos no perímetro urbano, no entanto, fazem uso do termo criação, então não há restrições quanto a manter um desses animais de estimação no quintal.
Apego?
As espécies de pele áspera e fria diferem dos mamíferos não apenas nos hábitos alimentares e habitat, mas também no convívio com os humanos. Cães e gatos estão em processo de domesticação há mais tempo que esse animais e não é apenas esse o fator determinante. Há também a diferença comportamental de espécie para espécie. “Eles não sentem afeto, eles se interessam por você, pois aprenderam que você dá comida ou que fornece calor corporal na hora de manusear”, explica Érico.
Os porcos, por sua vez, são muito carinhosos quando bem tratados. Giovana afirma que a personalidade desses animais é muito parecida com a de gatos e cachorros. “A Coca ama carinho e passeio. Dormiu na cama comigo por muito tempo; sabe pedir comida e água, faz xixi e coco no lugar certo, além de aprender muito mais fácil que outros animais”, conta.
De qualquer forma, é muito importante levar alguns fatores em consideração na hora de adquirir o seu pet – espaço, tempo disponível, temperamento do animal, recursos financeiros, presença ou não de outros animais na casa são itens importantes e devem ser analisados. Pesquise sobre a saúde e comportamento de cada espécie e não se esqueça que cuidado e zelo são fundamentais, principalmente no caso de espécies selvagens.
Repórter: Tânia Mendes
Produção Multimídia: Adriana Kimura e Michael Barbosa
Edição: Rodrigo Berni