Programas de intercâmbio facilitam experiências internacionais para diferentes públicos
Pacotes oferecidos por agências e universidades ajudam intercambistas a morar e estudar fora, experiências cada vez mais valorizadas pelo mercado de trabalho
Viajar para outro país é uma experiência cada vez mais comum para quem mora no Brasil. Mesmo com a economia em crise, os gastos dos brasileiros no exterior continuam altos: segundo o Banco Central, eles chegaram a US$25 bilhões em 2014. Porém, quando a ideia é conhecer outra cultura mais a fundo, as viagens curtas dão lugar ao intercâmbio, opção procurada principalmente pelos jovens entre 16 e 35 anos, em maioria estudantes.
“É diferente de morar longe dos pais para estudar, porque no intercâmbio você sai da sua zona de conforto, é tudo em outro idioma e com uma cultura totalmente diferente da sua. Não é só aprender a língua de outro país, você conhece a cultura, aprende a se virar, vive uma experiência nova. É uma chance de crescer e amadurecer profissionalmente, de aprender a ter jogo de cintura, o que agrega no currículo também”, conta Marina dos Anjos, consultora da CI Intercâmbio de Bauru, agência que oferece programas de intercâmbio para todos os públicos.
Os mais novos podem viajar pelos programas teen ou de high school, onde, além de estudar em um colégio típico do país, o intercambista mora com uma família de lá, tendo que se adaptar a seus costumes e à sua cultura. Outras opções oferecidas são os programas de au pair – onde meninas podem trabalhar como babás de famílias internacionais –, work and travel – em que é possível trabalhar fora e viajar pelo país no tempo livre – e os programas de estágio universitário e voluntariado.
Uma das principais preocupações na hora do intercâmbio é a dificuldade da língua estrangeira. Para isso, existem programas que oferecem cursos de idiomas fora do país. Assim, é possível viajar e aprender outra língua com falantes nativos. Ser fluente em outro idioma é uma das exigências mais comuns no mercado de trabalho, o que faz com que estudantes universitários procurem cada vez mais por experiências fora do país.
Com base nisso, as universidades brasileiras também oferecem vagas de intercâmbio durante todo o ano, com oportunidades variadas: com menor ou maior duração, com ou sem bolsa auxílio. No campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rodrigo Botton é o responsável pelos programas de intercâmbio da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC). “Existem vários convênios e vários tipos de mobilidade, desde editais para técnicos-administrativos, alunos graduandos e pós-graduandos e para docentes também. Para estudantes, temos convênios com o Santander, a Associação de Universidades do Grupo Montevidéu, o programa Erasmus Mundus, o Ciência Sem Fronteiras e mais alguns outros que podem ser consultados na página da AREX. Além disso, nós também oferecemos intercâmbios com financiamento interno da Unesp mesmo”, explica.
Tudo isso faz com que a faculdade se destaque como uma das que mais envia alunos para o exterior. De acordo com Rodrigo, mesmo tendo só dois cursos contemplados no Ciência Sem Fronteiras (Arquitetura e Design), a FAAC foi a unidade com mais alunos em intercâmbio no ano passado pelo programa: “Os números da FAAC em geral são muito expressivos, tanto pela procura e interesse dos alunos e também por ter alunos bem preparados, que falam dois ou mais idiomas e têm boas notas”, finaliza.
Destinos e alternativas
Com a economia do país em crise, viajar para regiões dependentes do dólar americano ou do euro pode não ser a melhor ideia. “Com a alta do dólar hoje, as opções que têm se destacado pelo custo-benefício são Canadá, Irlanda e Austrália, porque o valor da moeda é atrativo. Ainda assim, os Estados Unidos continuam sendo um destino bastante procurado, principalmente nos programas de curso de idioma e high school”, comenta Marina.
Uma alternativa que se destaca atualmente é o intercâmbio voluntário, opção que existe em programas na universidade – como a AIESEC na Unesp – e em agências de intercâmbio, como o IAESTE da CI Intercâmbio. Nesse tipo de programa, geralmente mais curto, o estudante trabalha como estagiário em alguma organização internacional. Para Marina, essa chance é uma das mais valiosas para o intercambista: “além de desenvolver essa outra visão de mundo em um país diferente, eu percebo que o mercado procura cada vez mais por profissionais com esse tipo de experiência. Quando o pessoal mais novo, em especial os adolescentes, vai fazer intercâmbio, fica mais preocupado em saber quais são os points do país, as lojas mais famosas. Já o pessoal um pouco mais maduro tem um outro tipo de preocupação, que com certeza agrega demais para qualquer indivíduo”.
Apesar de ainda ser mais procurado por jovens, o intercâmbio para pessoas mais velhas cresceu nos últimos anos, com as agências dedicadas a programas especiais para esse tipo de público. Independente da idade, é fato que a experiência de morar fora acrescenta para todos. É por isso que o mercado de intercâmbio cresce anualmente no Brasil, movimentando pelo menos US$ 1,3 bilhão no país. Segundo a Brazilian Educational & Language Travel Association estima-se que, só em 2014, 234 mil brasileiros foram estudar fora, número que deve aumentar ainda mais nos próximos anos.
Reportagem: Jonas Lírio
Produção multimídia: Bianca Arantes
Edição: Laura Fontana Novo
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