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Novas tecnologias expandem possibilidades no campo da saúde

O desenvolvimento e utilização de tecnologias na área da saúde é cada vez maior, auxiliando profissionais e pacientes de maneira inovadora

A cada mês, novas tecnologias com diferentes facilidades e utilidades são lançadas no mercado e rapidamente absorvidas. Entre os diversos campos de desenvolvimento e aplicação dessas tecnologias, o da saúde é um dos que apresenta um grande aproveitamento, pois elas podem ser usadas no diagnóstico e tratamento de pacientes, gestão e compartilhamento de informação. De acordo com estudo produzido pela consultoria IDC, em novembro de 2014, nos próximos três anos, até 42% dos dados médicos serão acessados através de dispositivos móveis e não mais através dos arquivos de mesa. A pesquisa também aponta que até 80% das informações médicas estarão armazenadas na nuvem neste ano.

Há vários exemplos de pesquisas e inovações dentro das mais diversas áreas da saúde. As novas tecnologias podem contribuir para um diagnóstico mais aprofundado e preciso, além de promoverem tratamentos diferenciados, mais adequados e eficientes.

De acordo com Fernando Carbonieri, médico da Faculdade Evangélica do Paraná, as oportunidades são inúmeras, mas também há desafios a serem enfrentados. Ele destaca o diálogo entre médicos e profissionais da saúde com as pessoas que trabalham no desenvolvimento das inovações como o principal deles. “A interação entre profissionais da tecnologia e da saúde é imprescindível para um design da tecnologia, que realmente possa funcionar”. Raony Guimarães Cardenas, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em Bioinformática, ressalta também a dificuldade de aplicar as novas descobertas científicas em uma prática clínica, transformando aquilo que é novo em produto.

Carbonieri aponta que a fronteira com a tecnologia da informação se mostra como uma grande oportunidade. Entre os principais destaques no desenvolvimento de tecnologias aplicadas à saúde, ele aponta como promissora a área dos wearables, dispositivos que podem ser vestidos pela pessoa, como pulseiras e relógios. Dentro da dinâmica da “Internet das Coisas”, uma nova realidade permite a interligação entre objetos do mundo real e do mundo virtual através trocas de informações captadas por sensores.

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Os wearables permitem uma conexão entre o real e o virtual através de seus sensores. (Imagem: Fitbit/Divulgação)

Fernando também destaca que atualmente as impressoras 3D ocupam os holofotes, mas cita os computadores cognitivos com o IBM Watson como uma iniciativa com grande potencial para mudar a medicina.

Quando à produção científica e tecnológica na área da saúde no Brasil, Raony afirma que a distância com relação a outros países é muito grande. Carbonieri explica que “São pequenos centros aqui que estão capacitados a desenvolver tecnologias que mudem o jogo”. De acordo com o professor, a disponibilização de pesquisas ou de tecnologias depende da aceitação de gestores, assim, a rede pública de saúde no país fica atrasada em relação à rede privada. Ele também aponta que o diálogo entre governo e universidades deve resultar em uma produção científica e tecnológica mais efetiva.

Impressão 3D e Bioimpressão

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A tecnologia das impressoras 3D facilita a fabricação de próteses e partes do corpo humano. (Imagem: Gazeta do Povo/Divulgação)

A impressão 3D revolucionou o campo da saúde com a possibilidade de imprimir estruturas para auxiliar no planejamento de cirurgias e próteses complexas. Hoje as principais pesquisas que se destacam no setor são relativas à impressão com biomateriais e à impressão de próteses e órteses custom made, produzidas para correção de traumas ou anomalias congênitas.

A evolução das impressoras e dos materiais já permite imprimir próteses com sais de titânio ou ossos. Através da utilização da biotinta, as pesquisas apontam e experimentam a impressão de órgãos artificiais totalmente funcionais. Carbonieri, especialista em impressões 3D, destaca que a impressão de bexiga para ser transplantada é a maior conquista da área. Ele ressalta: “Em um futuro próximo, estaremos imprimindo órgãos complexos como o rim, o coração, e até, quem sabe, fígado.”

Em fevereiro deste ano cientistas do Centro de Medicina Regenerativa Wake Forest Baptist Medical Center, financiado em parte pelo exército dos EUA, conseguiram fazer a impressão de orelhas, narizes e ossos com células vivas, e depois transplantá-los em animais. O teste em humanos ainda não teve início, mas há grandes expectativas para a experimentação, já que se os resultados forem bons. Ossos e cartilagens poderão ser impressos e aplicados em pessoas com um possível maior sucesso.

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Um exemplo do uso da impressão 3D: orelha artificial produzida pelo Baptist Medical Center. (Imagem: Wake Forest Baptist Medical Center/Divulgação )

Carbonieri destaca que o principal desafio da bioimpressão é a colonização dos órgão com células ideais para seu funcionamento. De acordo com o médico, reproduzir o funcionamento do órgão conforme os padrões bioquímicos e fisiológicos do corpo humano é a parte mais complexa, já que os tipos celulares que devem trabalhar de forma harmônica para que a função do órgão seja atingida são muitos.

Computadores cognitivos com o IBM Watson

O Watson é um supercomputador criado pela IBM que possui um sofisticado sistema de inteligência artificial e cognitivo que possibilita a parceria entre computadores e pessoas. O computador utiliza os mesmos passos de tomada de decisão que um humano e possui a capacidade de analisar informações não estruturadas e linguagem humana para fornecer dados e indicações mais relevantes ao profissional. Assim, uma vez inteirado na linguagem e realidade e utilizando uma larga base de dados que inclui diferentes documentos e pesquisas sobre o campo da saúde, ele oferece ao profissional que o maneja um conhecimento aprofundado e inter-relacionado, identificando sintomas ao passo que indica tratamentos.

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O supercomputador da IBM vem colaborando para modernizar o trabalho médico de diagnósticos e prevenções. (Imagem: Bárbara Christan)

Carbonieri acredita que as possibilidades que o sistema pode trazer à medicina podem transformar a área da saúde em geral. Ele destaca: “os computadores com o Watson IBM podem realmente entender o conteúdo da enorme produção científica a que o mundo chegou. Desta forma ele consegue entregar inteligência no cuidado, e não apenas dados sem significado estruturado.”

Reportagem: Pepita Ortega

Produção multimídia: Bárbara Christan

Edição: Daniela Leite

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