Nº 32 – 2016 | Parto
O Brasil é o pais campeão do mundo quando o assunto é cesárea: 84% dos partos realizados na rede privada (44% na rede pública) são realizados dessa maneira, quando o indicado pela Organização Mundial da Saúde é de apenas 15%. De acordo com pesquisas, uma em cada quatro mães brasileiras sofreram algum tipo de violência na hora de ter o seu bebê. Mas por outro lado, o parto humanizado é um dos temas que mais tem mais se popularizado nos últimos anos. Parteiras e doulas voltaram a ser profissionais altamente requisitadas. Tudo isso evidencia: precisamos falar sobre parto.
Os números revelados pela pesquisa de violência obstétrica no país são assustadores – e ficam ainda mais com a realização de que muitas gestantes sofrem esse tipo de abuso na hora do parto, mas por ser um assunto tão velado, às vezes elas nem percebem que o que estão sofrendo não é normal. Os maus-tratos nem sempre são explícitos – às vezes, é uma declaração do médico ou da enfermeira, é um corte não-consentido que foi naturalizado pela tradição.
Quem deveria ser o principal foco do parto é a gestante e o seu filho. No entanto, nem sempre é isso que acontece, como pode ser observado pelo aumento das cesarianas sugeridas pelos médicos mais por sua própria comodidade do que da parturiente.
Logo, o parto humanizado surge como uma alternativa de retornar o protagonismo desse momento a quem lhe é de direito. Muitos resumem o parto humanizado como o “parto na banheira”, mas ele vai muito além disso. Não é só o processo em si, mas um conceito de que o parto não deve ser um procedimento estéril, mas uma celebração de uma nova vida e de conexão mãe e filho. Conceito esse que, na atual conjuntura, torna-se primordial.
Confira as reportagens desta edição e inteire-se nesse debate. Boa leitura!
Anna Carolina Satie – Editora-chefe
annacsatie@gmail.com
Jhony Borges – Editor adjunto
jhonyborges2008@hotmail.com
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