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Sexo em pauta

Comentário referente à edição número 33 – Entre Quatro Paredes

A 33a edição do Repórter Unesp é ousada. Ela não apenas se propôs a falar sobre sexo, como se propôs a falar de um lado do sexo que é pouco abordado, que é um tabu – dentro do também tabu que é o próprio sexo. Para isso, a edição acertou em algumas abordagens, como o sexo anal em homens, ninfomania, e sexo entre deficientes físicos e entre pessoas com síndrome de down. Mas, ao mesmo tempo, escolheu abordagens mais tradicionais em outras questões, como por exemplo ao tratrar do movimento Eu Escolhi Esperar, que pretende um celibato até o casamento. Dar voz aos assexuados seria mais interessante dentro da abordagem de abstinência sexual, ao invés de mostrar um movimento que tem uma grande base de seguidores e que se justifica dentro do imaginário coletivo, por ter um fundo religioso – mesmo não sendo todos seus participantes religiosos, como a reportagem explica.

Por ter a pretenção de quebrar tabus do sexo, a edição falha em apresentar práticas mais convencionais, não reservando uma parte para as menos populares, como fetiches, ou até mesmo na quebra de ideias ainda muito presentes em nossa sociedade como a de que sexo precisa do falo para ser sexo.

Essas faltas porém não prejudicaram a edição como um todo, que teve na desconstrução seu mote e maior acerto. Todas as suas matérias cumpriram com o objetivo de quebrar preconceitos e estereótipos. As personagens presentes nas reportagens conseguiram ilustrar muito bem as ideias que estavam em debate, além de humanizar a abordagem, não deixando a edição cansativa ou explicativa demais.

Outro ponto positivo da edição foi a produção de mídias, que conseguiu ser bem completa e funcional. Por tratar de um assunto tabu, é de se esperar que a equipe encontrasse dificuldades para a produção de fotos, vídeos e áudios dos entrevistados, dificuldades estas, que foram contornadas com a produção das fotomontagens e de infográficos, que complementaram ainda mais as informações das reportagens.

Um tema tão rico e complexo quanto sexo não poderia ser esgotado em uma única edição, talvez por isso exista  o sentimento de que algo ficou faltando quando terminamos de ler. No mais, apesar de não ser discutido de forma aberta por todos, sexo é um assunto que tem forte apelo do público, por isso sua escolha como tema foi certeira.

Ombudsman: Lara Sant’Anna

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