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Coleta total de lixo em Bauru não garante bom despejo dos resíduos

Coleta de lixo em Bauru cobre totalmente a área urbana, mas peca na destinação dos resíduos

Bauru cresce dia após dia. Prédios, shoppings e estabelecimentos se multiplicam, elevando o status da cidade a cada ano. A população aumentou em cerca de 340 mil habitantes em 2010 para 366 mil no ano de 2015. O PIB seguiu o mesmo ritmo, pulando de  R$ 4 bilhões e meio de reais em 2010 para mais de R$ 6 bilhões em 2013.

Esses números foram acompanhados de uma consequência muito importante: o lixo. Se em 2010 cerca de 166 toneladas de resíduo orgânico eram recolhidas por dia, somente da área urbana e domiciliar, hoje já são 350 toneladas diárias, segundo dados da EMDURB.

A frota de caminhões cresceu cerca de 20% nos últimos 5 anos. (Foto: Moises Inostrosa)

A frota de caminhões cresceu cerca de 20% nos últimos 5 anos. (Foto: Moises Inostrosa)

Se levarmos em conta ainda a extensão da área urbana da cidade, são cerca de 4 toneladas por km², todas elas contemplados pela coleta de Bauru,  segundo o Gerente de Limpeza Pública da EMDURB, Nivaldo Peres. “Cobrimos 100% da área urbana domiciliar e cerca de 80% da área rural”, garante o gestor de 44 anos, que administra uma frota de 23 caminhões compactadores e um efetivo de 140 coletores registrados.

Nivaldo também coloca em evidência um desafio à visão geral da produção de lixo na cidade. O setor rural, juntamente com o industrial, é um ponto cego na coleta pela dificuldade do levantamento de dados. Na área rural, por exemplo, era inexistente o recolhimento de lixo até o ano de 2010, segundo a Revista GEPROS, que é um periódico acadêmico publicado pelo Departamento de Engenharia de Produção da UNESP em Bauru; e o problema em relação às indústrias é que elas têm um serviço de destinação próprio, dificultando um maior conhecimento sobre sua produção de resíduos sólidos e recicláveis.

O gerente também acredita que outro desafio enfrentado pela coleta de lixo é a conscientização da população, ou a falta dela. “Muitas pessoas ainda jogam o lixo onde não se deve, na rua. Não o condiciona corretamente, coloca perfurocortante dentro do saco de qualquer jeito. É caco de vidro, palito, muita coisa”, desabafa Nivaldo, tendo em vista que esse mau condicionamento também atrapalha o levantamento do que é de fato lixo, atrapalhando o atendimento à população.

Nivaldo conta pra equipe do Repórter Unesp qual é o maior desafio para recolher o lixo em Bauru:

Ainda assim, a coleta se mostra eficiente, com rotas três vezes por semana, recolhendo cerca de 0,850 ton/hab por dia, além de uma boa avaliação de seus usuários. Para Adalgizo Wiltzel, representante do bairro Novo Jardim Pagani na Associação de Moradores vinculada à Secretaria de Administração Regional (SEAR), o recolhimento do lixo é satisfatório.

Para onde vai

A eficiência, porém, acaba se restringindo à coleta dos Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD). Sua destinação quebra esse padrão e segue outros métodos mais antigos, suprimindo a sustentabilidade prevista no plano municipal de resíduos e optando pelo aterro sanitário.

Para Alessandra Pinezi, Gerente Ambiental de Resíduos Especiais da EMDURB, o aterro é a escolha mais viável economicamente, tanto que é o destino mais comum para o lixo que a população descarta. No entanto, ela acredita não ser a melhor alternativa do ponto de vista ecológico. “Se a gente for falar do sistema todo, coleta e disposição final, é sustentável até certo ponto, porque você não está jogando em qualquer lugar. Só que ainda assim não é tão eficiente”, pondera Alessandra.

O aterro, no entanto, não é um lugar onde os órgãos competentes apenas descartam o lixo. Há toda uma obra de engenharia que é necessária para garantir o menor impacto possível. “Você tem que impermeabilizar para que o chorume também não percorra uma área dentro do solo e não cause contaminação, nem da água. Mas ainda assim temos um impacto, pois é uma área que você não vai poder fazer mais nada”, admite a gerente, reconhecendo as consequências da manutenção do espaço.

O aterro sanitário é o único método de disposição dos resíduos sólidos na cidade. (Foto: Bibiana Garrido)

O aterro sanitário é o único método de disposição dos resíduos sólidos na cidade. (Foto: Bibiana Garrido)

Já a questão econômica se mostra a mais influente nessa escolha, afinal, Alessandra afirma que, em sua visão, a melhor opção seria uma usina de processamento de resíduos. Através dessas usinas, é possível reciclar e reinserir matéria-prima na indústria, diminuindo assim a extração de recursos do meio ambiente.

Na opinião da gestora, por se tratar de uma decisão muito técnica (entre o aterro sanitário ou usina de processamento de resíduos), ela acaba sendo influenciada por decisões políticas e limitações orçamentárias da prefeitura. No entanto, a equipe de reportagem tentou o contato com a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) para apurar essas limitações, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.

Saiba mais

O Aterro Sanitário de Bauru foi construído em 1992, começando a operar em 1993. Atualmente, ele passa por um processo de ampliação, iniciado em outubro do ano passado. Pelo projeto, essa ampliação garantiria entre sete e oito meses adicionais de vida útil.

Para lá, vão somente os resíduos domiciliares. Os resíduos de saúde são recolhidos apenas dos órgãos municipais. Já os grandes produtores de lixo, como indústrias ou grandes empresas, são responsáveis pela própria produção, escolhendo qual o caminho mais interessante para si. A sua fiscalização é competência da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) e feita em um intervalo médio de sete a 15 dias.

Serviço

A coleta de lixo domiciliar em Bauru é feita três vezes por semana: de segunda, quarta e sexta ou de terça, quinta e sábado, variando por região.

Consulte aqui quais os dias e o período de recolhimento do lixo que abrange a área de seu interesse.

Já para o material reciclável, a prefeitura disponibiliza sete pontos de recolhimento, os chamados Ecopontos. Além do reciclável, eles recebem certos tipos de entulho, como móveis e eletrodomésticos.

Os endereços dos Ecopontos e seus horários de atendimento podem ser encontrados aqui.

Reportagem: Daniel Linhares e Lucas Ayres

Produção multimídia: Julian Vivas

Edição: Herculano Foz

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