As mãos que limpam a cidade
Os coletores de lixo enfrentam uma rotina diária atras dos caminhão e em frente aos faróis
O acumulo de lixo nas cidades é algo constante e um problema coletivo que requer atenção tanto da população quanto de orgãos que buscam a limpeza e o tratamento adequado para descarte e a reciclagem do lixo.
O trabalho formal da coleta de lixo na cidade de Bauru é feito pela EMBURB e seus coletores já passaram por problemas que passam despercebidos pela população, como os cuidados com o descarte de matérias que não deveriam estar ali ou pelo manejo correto de substâncias que poderiam ser levadas para outros lugares como, por exemplo os Eco Pontos da cidade. Mas a maior parte do lixo domestico que é produzido diariamente é recolhido pelos trabalhadores nos caminhões de lixo pela cidade.
(foto)
Luiz Carlos, 43 anos que trabalha a 9 anos na área recolhendo o lixo pela cidade explica sua visão deste trabalho que ele considera importante. “Eu sempre admirei essa parte da limpeza publica, é um serviço estressante não tem como esconder. É um serviço um tanto preconceituoso por parte dos moradores, eles não tem uma visão muito positiva, mas é um serviço interessante, colabora com a cidade e com a limpeza publica e é um serviço meio arriscado”
O trabalho como coletor formal é visto por muito, segundo Luiz, como algo positivo para 90% da população, no entanto os 10% restante veem com olhares discriminatório por mais que vejam a importância da coleta eles tem certa repulsa por causa do cheiro e dos resíduos que caem no coletore. “Infelizmente essas pessoas não veem que aquilo vem do proprio resíduo, que ela produzio”
Luiz esclarece como o trabalho coletivo é essencial para o bom rendimento da coleta principalmente nos períodos noturnos, na qual há um maior movimento nas ruas por parte dos automóveis. “ Quanto o coletor esta trabalhando há uma atenção do motorista da coleta, ele tem que olhar o transito, a área dele e a área do coletor. Porque ao mesmo tempo ele é motorista ele também serve como escudo do coletor”, argumenta a necessidade da sincronia e harmonia entre os coletores.
Evilazio, o motorista que trabalhou naquela noite com Luiz e os outros 3 coletores ressalta que em determinadas situações de transito ele necessita fazer manobras erradas e de certa maneira atrapalhada o transito, mas é algo necessário para a segurança dos colegas e justifica como a correria do dia-a-dia exerce influencia nessas decisões. Além da própria coleta manual causar riscos físicos as coletores.
(foto)
Cortes são apenas um dos problemas que podem aparecem diante da coleta. Quando perguntado se já sofreu machucados, Luiz foi direto “Sim” e explana sobre alguns artefatos encontrados durante a coleta e acidentes que já ocorreram. “ Já me corte com faca de açougueiro, me espetei com siringa e agulhas”. Mesmo que lixo hospitalar seja a cargo de uma equipe especifica, com uma embalagem diferenciada, Luiz diz que pode encontrar esse material em lixos comum, visto o manuseio pessoal da população.
Há casos mais sérios de acidentes presenciados por Luiz. “Eu já vi um colega meu ser atropelado motoqueiro. Bateu a cabeça, foi socorrido pela unidade Samu, mas não foi muito grave, mas assusta você ver uma pessoa ser atropelada. Tem muitos motoristas que possuem uma certa malicia e quando veem o caminhão da coleta diminuem a velocidade, muito tem essa mentalidade, já outros não tem”. Segundo Luiz, o trabalho de coletor é um trabalho de risco.
(foto)
Com relação as questões trabalhistas, Luiz diz que não há muita valorização do coletor. O piso salarial é 50% a baixo do que o esperado, por mais haja os benefícios que vão desde a alimentação, seguro saúde e dos cuidado como luvas e óculos protetores para o trabalho. Luiz também ressalta a importância da participação no sindicado e a cobrança que deve haver por parte dos trabalhadores para o retorno positivo dos problemas que podem acontecer.