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Opinião|Crianças vulneráveis

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Pornografia Infantil. Crédito: Vinícius Oliveira

op3Nesta 36º edição, o Reporter Unesp foca na industria pornografia em seu aspecto comercial que transcende para o imaginário do seu espectador a forma como o sexo é visto hoje. No entanto, não usamos como tema a pornografia infantil em algumas das reportagens produzidas visto o objetivo da equipe em deixar mais visível o trabalho por trás das cenas e de como essa industria movimenta muito capital e os pensamentos de quem consome.

Não é de hoje a existência do consumo de pornografia incluindo crianças e menores, mas com o aumento da disponibilidade e acesso com dispositivos moveis há uma maior veiculação do conteúdo. Esse é o caso recente no Rio envolvendo uma jovem e outros 30 homens. Na qual os rapazes envolvidos sentiram se “confortáveis” o suficiente para compartilhar nas redes o caso.

Mas mais importante do que isso é o “cultura do estupro” que movimenta parte dos casos visto nas mídia, o que é pouco mostrado em comparação com o número de denuncias registradas. Por exemplo, segundo o Balanço da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, responsável pelo Disque 100 – serviço gratuito nacional para denúncias, aponta que o estado de São Paulo registrou cerca de 16 mil denúncias em 2015 sobre violações de direitos de crianças e adolescentes, sendo 15,6% relacionadas à violência sexual. Esses são números apenas e casos envolvendo menores

Essa “cultura” que exerce grande impactos na sociedade, uma cultura que não fica somente contra a mulher, mas também transpassa para esferas de abusos infantis.  Um reforço nos processos simbólicos, imaginários e culturais machistas, patriarcais, discriminatórios e autoritários.

Todos esses elementos se configuram em uma marca de “superioridade”, que é vista tanto pelo senso comum como homem superior a mulher quanto adulto superior a criança. A visão da criança como um ser ainda em formação que precisar ser guiado, orientado por alguém para atingir sua maturidade. Neste ponto encontramos um ponto e fragilidade: os infratores. Em sua maioria os casos de abusos infantis acontece dentro de casa com parentes ou pessoas conhecidas.

Mas essa é a ponta o iceberg. Os casos de pornografia infantil passam dos muros das casa e se deparam com a mercantilização e exploração sexual e o comércio de pessoas em ambiente como a DeepWeb e em áreas mais periféricas. Mas não se engane pensando que a exploração ocorre somente em situações de vulnerabilidade financeiros, há aspectos culturais, como as relações desiguais entre homens e mulheres, adultos e crianças e desigualdade racial que exercem influência no pensamento e nos atos dos envolvidos. há fatores como a desvantagem física, emocional e social, um fenômeno antigo, produto de relações construídas de forma desigual. Criando o fator de vulnerabilidade.

Outro caso recente de abuso e vulnerabilidade da vitima foi o caso ocorrido na Florida, Estados Unidos. Câmeras de segurança registraram uma jovem 15 de anos e outros 25 jovens. Depois da polemica foi revelado que a jovem foi vitima tráfico humano e abuso sexual entre os 13 e 15 anos. Muitos desses tráficos alimentam esse negocio irregular.

Segundo a pesquisa da Internet Watch Foundation até mesmo sites legais de pornografia podem conter materiais infantil. A fundação informa que 743 sites operam desta forma em 2015 e que para se ter acesso a essa conteúdo escondido é necessário acessar de maneira especifica o site para se chegar as imagens e vídeos. Para a maioria dos usuários não há problemas mais sérios, porem a existência deste conteúdo pode gerar complicações por posse de material infantil sem o conhecimento deles.

A pornografia infantil não é um caso isolado, muito dela esta transparentes a quem abrir os olhos para ele, mas esta revestido com sutis problemas comportamentais e piadas que caíram em senso comum de pensamentos preconceituosos e cotidianos – muitos ligados a machismo, sistema patriarcal, discriminação e autoritarismo.

Reportagem: Raphael Soares

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