Como praticar o consumo sustentável no dia a dia?
Entenda como produtores e consumidores podem contribuir com a manutenção de recursos naturais e o bem estar da sociedade usando a sustentabilidade
Já parou pra pensar que todo produto que você consome gera impacto não somente em sua vida, mas em todo o planeta? Seja no supermercado ou no shopping, todo alimento e material adquirido pode causar danos significativos à comunidade.
Com isso em mente, diversas instituições, pesquisadores e cidadãos vêm desenvolvendo e promovendo o consumo sustentável. Este conceito visa mudanças de comportamento, cujo intuito é alertar sobre o descarte inconsciente e aliviar os impactos da produção ao planeta e à sociedade.
A sustentabilidade deve ser pensada durante todo o processo de consumo. Segundo o Ministério Brasileiro do Meio Ambiente, isso envolve “a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais em sua produção; que garantiram o emprego decente aos que os produziram e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados”.
Dessa forma, o cidadão deve pensar como e por que consome. O acúmulo desnecessário de bens é considerado um dos principais inimigos da sustentabilidade, pois não leva em conta consequências posteriores à compra (a duração do produto, seu descarte, etc.).
Permacultura como alternativa ao desperdício
Mas nem tudo é responsabilidade do consumidor. As empresas têm um papel fundamental na popularização do consumo sustentável no Brasil. Por isso, precisam ser transparentes em relação à procedência dos itens que oferecem. É na etapa de produção que muitos recursos naturais são desperdiçados ou usados irresponsavelmente.
Foi questionando a lógica tradicional de produção e sua viabilidade para as próximas gerações que surgiu a permacultura, expressão oriunda de Permanent Agriculture. Criada na década de 1970 por Bill Mollison e David Holmgren, a permacultura parte do princípio de que, através de uma convivência harmoniosa entre o ser humano e a natureza, podemos estabelecer uma cultura permanente de sustentabilidade.
Os permacultores têm por base três princípios éticos: cuidar da terra, cuidar das pessoas e compartilhar excedentes. Para alcançá-los, é preciso seguir algumas soluções de design, como explica a jornalista e permacultora Henny Freitas. “Design não quer dizer somente desenhar, quer dizer destinar cada parte de um todo e perceber que esse todo é composto por várias partes. O que parece ser desperdício para uns, pode ser alimento para outros. Seguindo essa visão, aplicar os princípios de design na permacultura significa planejar para não haver desperdício”.
Mildred Gustack é permacultor e um dos responsáveis pela Nova Oikos, projeto-ponte sediado em um sítio em Camboriú, Santa Catarina. No local, onde mora com a família e produz alimentos para consumo familiar, Gustack também sedia eventos, imersões e cursos para interessados no assunto. “A intenção é abrir horizontes e aumentar a segurança de quem está iniciando sobre as soluções que a permacultura reúne”, explica.
Os adeptos a esse movimento diferenciam-se dos demais produtores graças a ações como a valorização de bens da natureza em oposição à tecnologia e recursos não-renováveis. A preocupação com o desperdício também é um ponto central dessa atividade.
Mesmo sendo ainda restrita a fazendas, sítios e reservas de pequeno porte, a aplicação da permacultura em grandes corporações é considerada possível por Henny. Mesmo assim, ela questiona a forma como a produção é pensada atualmente. “O sistema ‘convencional’ de produção de alimentos não coincide com o ciclo inerente a eles. Sua produção orgânica não é lenta, é natural. A ‘pressa’ do sistema imposto sobre nós, consumidores, é insana”, defende.
Mas há algumas iniciativas mais tradicionais que também dão certo no país. O Prêmio Época Empresa Verde, organizado pela Revista Época, é uma das maiores premiações concedidas às corporações no quesito promoção do consumo sustentável. As práticas reconhecidas são menos questionadoras do que a permacultura, mas ainda contribuem com a questão socioambiental. Na última edição do prêmio, empresas de setores como energia, alimentos e construção civil foram condecoradas.
Consumidor: o que você pode fazer?
Qual é, então, o real papel atribuído a quem consome? O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é atuante em pautas relativas à sustentabilidade e defende a vigilância da população em relação ao setor público e às empresas. Em uma de suas publicações, o Idec comenta sobre isso. “Acreditamos no poder de pressão do consumidor para influenciar, com suas atitudes individuais e coletivas, as políticas e práticas de governos e setores produtivos na direção de ações que priorizem o interesse público e formas mais justas e sustentáveis de produção, distribuição, consumo e pós-consumo”.
Outras atitudes cotidianas podem ser aplicadas. Gastar menos tempo no banho. Reutilizar embalagens. Descartar corretamente produtos usados (pneus, remédios vencidos, óleo de cozinha, pilhas e baterias, lixo eletrônico…) e separar o lixo para a coleta seletiva, são maneiras de começar a praticar um consumo mais sustentável. “Buscar as feiras orgânicas também é sempre uma boa opção, além de conversar com os produtores e buscar as redes de consumo consciente”, acrescenta Henny Freitas.
O Repórter Unesp preparou uma importante ferramenta para ajudá-lo nessa empreitada. Listamos diferentes lugares em Bauru que podem auxiliar na prática do consumo sustentável. Entre eles: farmácias, supermercados e lojas que aceitam descartes, feiras populares que vendem produtos orgânicos e pontos de coleta seletiva. Comece agora!
Reportér: Arthur Iassia Finati
Produtor Multimídia: Heloísa Monteiro Scognamiglio
Editora: Camila Nishimoto