O uso de tecnologia em nosso dia a dia
Atualmente, a imagem das pessoas não está somente relacionada às vestimentas e gostos pessoais, mas também relacionada ao consumo de tecnologia.
Atualmente, são 168 milhões de celulares em uso no Brasil. Em pesquisa realizada ano passado, pela Fundação Getúlio Vargas (SP), em 2018 a densidade de dispositivos conectados à internet será de dois por habitante. Isso significa 416 milhões de aparelhos no país. O consumo tecnológico é um reflexo da sociedade cada vez mais dinâmica, em que o uso da tecnologia facilita o cotidiano dos indivíduos no âmbito pessoal, social e profissional.
Segundo Cristina Alexandra Santos, professora da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e especializada em Consumo e Publicidade, o consumo de tecnologias, assim como qualquer outro tipo de consumo, deve ser moderado. Além disso, deve-se considerar a relevância do consumo para as diferentes idades, gêneros e classes sociais.
Após a Segunda Guerra Mundial, com os progressos tecnológicos e industriais, a produção de mercadorias se tornou mais rápida, fácil e multifacetada. Por conseguinte, o processo de consumo se transforma, assim como a relação dos indivíduos com ele. As inovações tecnológicas influenciam diretamente na maneira como o homem se organiza em sociedade durante o percurso histórico, como as invenções da roda, o descobrimento do fogo, a escrita, a eletricidade e, mais recentemente, a internet. “Portanto, a influência da tecnologia na identidade do indivíduo não vem de hoje, mas de sempre”, é o que argumenta Felipe Machado de Souza, professor na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e pesquisador na área de anúncios publicitários e construção das identidades.
Consumo e Identidade
O consumo pode ocupar um papel determinante no processo identitário. As pessoas compõem juízos de valor em relação aos outros com base nos bens comprados pelos indivíduos. Para a autoexpressão e construção de sua identidade o consumo é o caminho mais fácil. “Nós descobrimos quem somos e nos organizamos como indivíduos a partir do que consumimos. Por exemplo, o seu tipo de alimentação, o que você lê, os cursos que faz e as roupas que usa (ou as que não usa)”, argumenta Felipe Machado.
A estudante Carolina Cintra, 21 anos, é aficionada por aparelhos tecnológicos. Ela acredita que “o consumo tecnológico não confere um status social (ou não deveria). Entendo que, uma vez que possuir aparelhos tecnológicos é um privilégio, a visão de um status social diferente exista. Mas, para mim, as tecnologias são uma evolução histórica como qualquer outra e uma muito boa, inclusive”.
A construção imagética de alguém a partir dos produtos que essa pessoa exibe é a raiz do processo de estereotipação. A professora Cristina alerta que quando essa dimensão é suficientemente válida para, unicamente por si, contribuir para o processo identitário, temos uma problema social. “Nesta perspectiva, a imagem que os indivíduos constroem sobre outrem não aparenta ser um processo difícil ou complexo, mas dedutivo, descomplicado e rápido, ao poder basear-se num único elemento que integra a respectiva aparência e que comunica, silenciosamente, traços da sua (suposta) identidade. As marcas desempenham um papel importante nisto, dado o seu potencial simbólico”.
Pontos negativos e positivos
A facilidade que a tecnologia proporciona, ao poupar tempo e trabalho nas mais diversas funções, a partir de objetos que estão cada vez menores e com mais recursos e potencialidades pode ser uma armadilha para o ego ou um aperfeiçoamento útil para o cotidiano.
Carolina, como usuária e adepta aos recursos tecnológicos, comenta que passa a maior parte do seu dia online. “Eu trabalho 100% do tempo no computador e meu celular serve tanto para o trabalho como para o dia a dia. Eu uso para tudo as tecnologias: ver séries, filmes, redes sociais, falar com os amigos etc”. Para Felipe Machado, a tecnologia torna-se perigosa para a identidade quando tira a atenção de coisas mais importantes. “Nos tornamos dependentes da tecnologia e achamos que sem ela não viveríamos, mas viver vai muito além disso”, completa.
Além disso, discute-se como o espaço virtual tomou o “tempo livre” gasto em atividades de lazer na infância e juventude.
Repórter: Ana Flávia Cézar
Produtora Multimídia: Helena Botelho
Editora: Mariana Pellegrini
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