A crescente aparição de animais selvagens nos arredores de Bauru
Proibição de queimadas propicia adaptação dos animais nos arredores da cidade
Apesar das dificuldades na preservação do Cerrado em Bauru e região, pesquisadores têm notado uma maior frequência na aparição de animais próprios do bioma nos arredores do município. É o que nos conta Guilherme Amaral, doutorando em biologia da Unesp Bauru e integrante do “Quintal de Casa”, projeto que monitora a aparição de animais selvagens em áreas próximas do Museu do Café (Piratininga-SP).
O biólogo atribui esse aumento a proibição da queima da palha da cana-de-açúcar no noroeste paulista, por ação do Ministério Público federal no ano passado. Ele ressalta que esse quadro destaca-se no caso de espécies que melhor conseguiram se adaptar à vida nas fazendas e plantações.
Segundo o Amaral, esses animais estão tendo uma vida mais “estável” e conseguindo se reproduzir mais. As queimadas anteriormente degradavam os habitats, obrigando-os a abandonar seus territórios constantemente.
Apesar dos recentes avanços, acredita-se que, devido a grande degradação do bioma original da cidade, algumas espécies endêmicas provavelmente foram extintas antes mesmo de serem catalogadas. Principalmente animais pequenos, como insetos, peixes e anfíbios.
O recente aumento de animais selvagens em Bauru e região, resulta na aparição de alguns em rodovias e até mesmo nos centros urbanos. Quando isso acontecer, o recomendado é alertar o Corpo de Bombeiros (tel: 193) ou a Polícia Ambiental (190).
Para controlar esses incidentes, a Prefeitura de Bauru, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio ambiente, anunciou na última semana a destinação de parte do território do Horto Florestal de Bauru para a inauguração do Centro de Triagem de Animais Selvagens. O objetivo da medida é ceder espaço para cuidados de animais da fauna regional.
Guilherme Amaral listou para o Repórter Unesp alguns dos principais animais encontrados hoje em dia nas áreas próximas do município e suas respectivas características.
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Onça Parda
A Onça Parda, ou Puma Concolor, é o maior mamífero do subgênero Felinae, que engloba o Leopardo, e o segundo maior felídeo das Américas, perdendo apenas para a Onça Pintada (essa uma parente mais próxima do Leão). É um animal carnívoro, solitário e territorialista, incidente em grande parte do continente americano.
O felino tem aparecido mais frequentemente na região, inclusive em centros urbanos, devido à políticas de preservação ambiental. Os filhotes de onça, por serem animais territorialistas, têm de procurar novas áreas para crescerem, fora do território de seus pais. Isso acaba os levando a invadir áreas urbanas, por conta da degradação de territórios apropriados.
Carcará
Ave da família dos falcões, mas diferentemente desses, que são caçadores “especializados”, o Carcará, além de caçar, come frutas e também carniça. Mede até 60 cm de altura e habita todo o centro-sul da América Latina.
O Carcará aparece em beira de estradas e em lugares onde a vegetação foi recentemente cortada, devido à facilidade de encontrar insetos, presa da ave, nesses locais.
Pacas
Assim como o Cateto, a Paca (Cuniculus paca) é uma importante presa da Onça Parda. É um roedor da família Cuniculidade, com hábitos noturnos, e se alimenta de frutas, folhas, sementes e raízes. Pesa de 6 a 12 kgs.
Seu nome tem origem no Tupi. “Paca” significa “vigilante”, “sempre atento”, que definem uma característica do animal.
Jacu
Jacu é um nome que se dá, na verdade, ao gênero “craformes”. No Brasil, existem em torno de sete espécies dessa ave, sendo que na região de Bauru são mais comuns o Jacuaçu, o Jacupemba e o Jacutinga.
São aves de grande porte que medem até 85 cm de comprimento. Se alimentam de frutos, flores, folhas e brotos, e ficam, geralmente, nas copas das árvores.
Cabeça-seca
Parente do Tuiuiu, o cabeça-seca é uma ave que mede de 85 a 100 cm e pesa em torno de 2,8 kg. Vivem na beira de rios e, segundo Guilherme, estão voltando a aparecer nas regiões de Bauru, onde vive nas margens do Rio Tiête e de seus afluentes (o rio Batalha, por exemplo).
O Cabeça-seca se alimenta de peixes, anfíbios, répteis e grandes insetos.
Cateto
O cateto (Pecari tajacu) é um porco selvagem que aparece em boa parte do continente americano. Mede de 75 a 100 cm de comprimento e 45 cm de altura, tendo o peso variando de 15 a 30 kg. Se alimenta de raízes, sementes e frutos.
Sua aparição em determinadas áreas é, geralmente, intrínseca a aparição da Onça Parda, pois trata-se de uma importante presa do felino.
Reportagem: Vitor Azevedo
Edição Multimídia: Karina Rofato
Edição: Guilherme Sette e Victor Pinheiro