Mobilizações populares: a história que o Brasil fez nas ruas
Relembre o contexto histórico, as motivações e as conquistas das manifestações populares nacionais ocorridas a partir do século XX
A história do Brasil é aprendida desde os primeiros anos escolares, a partir de contextos de lutas e movimentos sociais. Estas tendem a ocorrer, normalmente, entre as classes mais baixas, em busca da garantia de seus direitos.
Essas lutas são apresentadas como revoltas contra a ordem estabelecida, não importando sua motivação. Sejam elas lutas contra atos do poder público, pela mudança de regime político ou entre categorias socioeconômicas.
Para entender o lugar político atual do Brasil, é preciso fazer um retrospecto das mobilizações nacionais que marcaram o país.
Veja no infográfico interativo a seguir as reivindicações, a relevância e a abrangência de cada uma dessas mobilizações. Para visualizar as informações sobre cada manifestação, basta clicar na respectiva marcação da linha do tempo.
Linha do tempo com as mobilizações populares massivas desde a Proclamação da República
A virada do milênio também foi marcada por mobilizações populares que alcançaram certa expressividade em número de participantes. Um exemplo é a greve geral de 1996. Segundo sindicatos, atingiu cerca de 12 milhões de trabalhadores. Suas pautas giravam em torno do desacordo com a política de privatizações, flexibilização dos direitos trabalhistas e o desemprego.
Ainda assim, tornaram-se ausentes das grandes narrativas da história nacional, em larga medida devido ao silenciamento por parte meios de comunicação dominantes, como afirma a historiadora e ativista Hellen Nicolau.
Mobilizações nos governos FHC, Lula e Dilma
A ascensão do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso foi marcada pela estabilidade da economia brasileira, pelo controle efetivo da inflação e o pelo crescimento do PIB brasileiro. Tudo isso resultou em uma singela queda na desigualdade social.
Apesar das privatizações e do apagão em 2001, as manifestações oposicionistas ao seu governo ocorreram de maneira isolada. A exemplo, a Marcha dos 100 mil ocorrida em Brasília em 1999.
Segundo Hellen, a insatisfação com o neoliberalismo foi canalizada fortemente para as vias institucionais, “como se a insatisfação devesse ser manifestada, principalmente, pelas urnas e a possibilidade de mudança efetiva estivesse restrita à troca de governo, e o caminho para a transformação, pelos grupos insatisfeitos, passasse necessariamente pelo voto nas respectivas eleições”.
O Repórter Unesp montou uma galeria com algumas fotos que representam as manifestações mais recentes do país. Clique nas imagens para navegar por ela.
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Na administração de Luís Inácio Lula da Silva, o Brasil viveu momentos de grande crescimento econômico, explicado parcialmente pela alta no preço dos commodities e por políticas de incentivo à produção nacional.
Isso permitiu a realização de políticas sociais que reduziram a miséria e diminuíram a pobreza, de acordo Hellen Nicolau, seja por meio de políticas de transferência de renda, como o Fome Zero e, posteriormente, o Bolsa Família, quanto pela expansão universitária.
“Do ponto de vista concreto, a vida das pessoas estava melhorando e a expectativa era que a vida melhorasse mais. O Brasil ganhou candidaturas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Apresentava níveis de crescimento do PIB, melhoria dos seus índices sociais e a perspectivaera de otimismo”, relembra Hellen.
Apesar da eclosão de grandes escândalos de corrupção como o Mensalão, não havia uma sensação generalizada de que eles teriam resultado em piora na qualidade de vida das pessoas, acrescenta a ativista.
O governo sucessor de Dilma Rousseff foi marcado por grande insatisfação popular, devido principalmente à crise econômica que assolou o país e a deterioração da condição de vida da população brasileira.
Neste cenário, aconteceram as manifestações de 2013, que tinham como pauta inicial a qualidade e o preço do transporte público. Nos anos seguintes, os recorrentes casos de corrupção que também marcaram o governo Dilma, foram diretamente relacionados aos problemas econômicos e sociais, o que gerou grande identificação popular e resultou em manifestações pró e contra seu governo.
Reportagem: Tatiane Degasperi
Produção Multimídia: Ana Carolina Moraes
Edição: Victor Dantas