A profissão de jornalista é uma das mais ecléticas em termos de função. Podemos ser repórteres, produtores, editores, fotógrafos, editores, gestores de mídias sociais, assessores de imprensa, ombudsman… Contudo, apesar da variedade de cargos e personalidades presentes em cada um, o produto final, a notícia, deve conter certas características para ser considerada de boa qualidade, como informações claras, objetivas, seus variados pontos de vista e a imparcialidade na análise.
A 39ª edição do Repórter Unesp foi capaz de fazer isso de forma muito competente. Cada repórter fez sua matéria da maneira mais informativa e objetiva possível, mostrando o ponto de vista de todas as formas de protesto, desde as pacíficas até as mais violentas.
Alguns seguiram a pauta à risca, sendo bem diretos no desenvolver da notícia. Outros mudaram o encaminhamento, fugindo do lugar comum que suas matérias poderiam cair. Dessa forma, a notícia ficou mais interessante e dinâmica.
Por outro lado, alguns repórteres foram mais críticos em seus textos, o que pode levar leitores mais conservadores a ficarem incomodados com a ênfase e voz dada para certos grupos e situações.
Por ser uma edição de cunho histórico, a maioria das matérias apresentam caráter contextual. Certas contextualizações conseguem saciar o leitor. Em outros casos, deixou um gostinho de “quero mais”, o que levaria o leitor a sair da revista para entender mais do assunto antes de prosseguir na leitura.
A ousadia do tema da edição também é um ponto importante a se destacar, propor-se a fazer um levantamento histórico dessa magnitude em um curto espaço de tempo exige um esforço enorme. As três semanas para fazer a webrevista talvez não fossem o tempo ideal para tratar um assunto tão em alta no momento e presente na história recente do país.
A ombudsman da Folha de São Paulo, Paula Cesarino Costa, destacou na edição de 30 de abril do jornal a pouca originalidade das coberturas dos grandes meios de comunicação, incluindo o meio onde ela trabalha, sobre a greve geral. Poucas fontes entrevistadas, nenhum líder de movimento organizador entrevistado, a falta de vontade de falar sobre o assunto e as suas implicações e consequências.
Essa postura por parte de uma jornalista que está no cerne da grande imprensa evidencia o desinteresse dos meios em fazer uma cobertura minimamente decente. Por isso, acredito que Paula apreciaria essa edição.
Existe um bordão que diz que jornalismo se faz na rua. Esse é um aspecto ao qual nossos repórteres fizeram jus no dia da greve. Vivenciaram o ocorrido, falaram com as pessoas, tentaram entender o movimento para que pudessem falar dele com propriedade.
O Repórter Unesp não está sujeito a políticas editoriais rigorosas. Cada ilha de produção e cada repórter têm liberdade de encaminhar seu material da maneira que melhor lhe convier, mas nem por isso a equipe se acomodou. Mesmo tendo um tempo menor de produção se comparado com a edição anterior, o grupo foi mais efetivo, tornando a revista uma fonte segura e explicativa sobre o tema das manifestações populares.
Ombudsman: Isaac Toledo