O YouTube está há 10 anos dentro do mercado, é o terceiro site mais visitado do mundo e o pioneiro dos vídeos na web. A plataforma recebe cerca de 300 horas de vídeos por minuto no mundo. Entre seus conteúdos estão os clipes sobre filmes, programas de TV, vídeos musicais, como também videoblogs e games. É aos dois últimos que o YouTube deve parte de todo seu êxito: a partir da grande demanda, a empresa criou em 2015 o YouTube Gaming, uma plataforma própria para vídeos e transmissões de games.
Existe um sem fim de canais com milhões de visitas de diferentes lugares do planeta. Cada um de eles representa diferentes gostos, matérias e com isso toda uma comunidade que compartilham os mesmos interesses. Mas nos últimos anos, desenvolveu-se todo um fenômeno, o dos youtubers, pessoas que conseguem uma maior influência dentro do site, convertendo-se em verdadeiros ídolos e referências juvenis.
Não existem grandes requisitos para ser um youtuber. A maior parte que se dedica a isso reconhece que grande parte de seu êxito se deve à espontaneidade e proximidade que eles têm com o público. Rubén Doublas, mais conhecido como El Rubius, é um youtuber espanhol que ficou famoso por postar vídeos jogando games como GTA V e Skyrim. Na atualidade, o jovem conta com mais de 12 milhões de inscritos em seu canal Rubius OMG, ultrapassando estrelas do pop como Justin Bieber e Beyoncé. Em uma entrevista para o jornal El País, diz que “As pessoas sentem que sou seu amigo. O que faz que as coisas funcionem é ser você mesmo. Isso é o que diferencia YouTube da televisão”.
Fenômeno em crescimento
Para muitas pessoas, os videogames não significam só um hobby, mas uma fonte de entretenimento e inclusive desenvolvimento esportivo. Com o incremento dos eSports, há verdadeiros torneios, nos quais os competidores se preparam por muito tempo e as pessoas assistem tal como uma partida de futebol ou tênis.
Hoje qualquer pessoa que vai experimentar um videogame ou que quer saber mais sobre ele vai assistir um vídeo de gameplay, antes de ler o manual, uma reportagem ou análise. Isso pode acontecer por muitas razões, uma é ter uma noção mais direta de como são os gráficos do jogo, como também aprender sobre truques de seus jogos favoritos ou aprender de outros que ainda não conhecem. Mas como acontece com os canais de outros assuntos, quem se destaca são os mais originais, criativos e engraçados na hora de apresentar o conteúdo de seus vídeos.
Ao se referir aos pioneiros no site YouTube, com certeza é necessário falar dos gamers, já que se encontram entre os youtubers com maior número de inscritos. Um exemplo disso é o sueco Felix Kjellberg, mais conhecido como PewDiePie, que alcança a fama mundial com seus vídeos tipo “let´s play”, em que a pessoa comenta enquanto joga videogames. Hoje Kjellberg conta com mais de 40 milhões de inscritos e 10.000 milhões de visualizações diárias, sendo assim o youtuber mais rico do planeta.
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No Brasil, 20 dos 100 maiores canais falam sobre games. O primeiro na lista é Rezendeevil, de Pedro Afonso Rezende, 20 anos, com 11.711.475 inscritos, seguido por AuthenticGames, com
voltados para um público infantil, nos quais o apresentador cria histórias no game Minecraft; e o terceiro é TazerCraft, que possui 7,831,094 inscritos. Os criadores Pac e Mike, também fazem vídeos sobre histórias em Minecraft, inventadas e contadas pela dupla.Nos bastidores dos canais de games
O fenômeno dos gamers no YouTube inicia nos EUA, mas de forma rápida canais de gaming surgem em outros países. Hoje não são só meninos ou meninas que jogam frente a uma câmera e comentam o que está acontecendo dentro dele, agora são verdadeiros líderes de opinião, provedores de informação, influindo inclusive no aumento de compras de algum videogame. Empresas como Microsoft e Sony cheguem a estabelecer contratos comerciais com os youtubers de games mais reconhecidos da cena mundial.
Cada vídeo tem um tema e uma forma como abordar os games. Wellington Schneider, youtuber brasileiro criador do canal TheMasterOpsBR, falou com o Repórter Unesp sobre o processo que ele faz para escolher a temática de seus vídeos e a modalidade que usa para abordar os conteúdos dentro de seu canal. “Geralmente eu fazia comentários em cima de gameplays que eu considerava boas, de alto nível e dando dicas, mas o comentário era geralmente gravado após a partida, até porque na minha perspectiva comentar e jogar ao mesmo tempo faz com que o rendimento caia dentro do game. Também procurava ser engraçado, sempre que possível.”
Há youtubers para todos os gostos e sobre gamers também: há os que gostam mais do estilo “let´s play”, em que o espectador pode olhar as técnicas e truques para melhorar, outros mais do tipo vlogs, com formato de conversação, e ainda há aqueles que gostam de misturar os dois. Também existem opiniões variadas sobre as networks, empresas que procuram parceiros para oferecer-lhes assistência em diversas áreas em troca de condições determinadas, em alguns casos dar uma porcentagem das ganâncias do canal. Tem aqueles que estão contra elas porque acham que elas só querem se apropriar do trabalho de outros e tirar proveito disso, outros acham que uma boa forma de formalizar e conseguir viver de sua paixão.
Foi o que fez Schneider: “Eu fui parceiro da Machinima [maior network do mundo], na época era preciso atingir alguns requisitos básicos, como por exemplo certo número de visualizações mensais. Para mim, falar das networks como sinônimo de aproveitamento é uma opinião muito rasa, sem embasamento. A relação existente entre associado e network é benéfica para ambas as partes, e querendo ou não o youtuber é um funcionário da network”. O youtuber ainda acrescenta: “Como toda empresa possui níveis de hierarquia, que podemos fazer uma analogia com o número de visualizações e a influência de cada youtuber no cenário que está, e com isso os benefícios.”
A febre e a permanência
É comum ouvir alguém falar que tem um amigo que está começando um canal de YouTube. Um exemplo disso são jovens como Gabriel Garelli quem ainda está iniciando neste mundo: “Eu gostava muito de assistir vídeos no YouTube em 2012, 2013 aí decidi criar o meu para poder falar com outras pessoas sobre coisas que eu gostava. Comecei fazendo vídeos de jogos, com o passar do tempo eu mudei e fiz o meu canal mudar comigo, comecei a fazer vlogs e a falar de cinema, que é uma das minhas paixões.”
É possível ainda que, ao ver uma multidão de jovens enlouquecidos em algum aeroporto ou na rua, não seja algum ídolo musical ou estrela de cinema, mas sim alguma das figuras de games mais reconhecidas do YouTube. Também não é estranho escutar uma criança falar que seu passatempo favorito é assistir vídeos de jogos no YouTube ou que peça para seu pais o livro de algum de seus ídolos youtubers do momento.
O cenário está mudando em geral na internet e também a forma que a gente tem para se comunicar. Definindo suas preferências, são os usuários que garantem a continuidade dos youtubers como protagonistas da cena.
Repórter: Barbara Ramirez
Produtores Multimídia: Barbara Ramirez e Lucas Marques
Editor: Helena Botelho