A convivência entre Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z em arranjos familiares é influenciada pelo contexto em que cada pessoa cresceu
Uma pesquisa realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), no início de 2018, verificou que os indivíduos pertencentes às gerações Y e Z priorizam, em um trabalho, a estabilidade financeira. Esse dado se contrapõe ao que antes era colocado como primeiro lugar, a felicidade no trabalho. No entanto, essa não é a única distinção que se pode apontar entre diferentes gerações.
Fernanda Terezinha de Almeida, em sua dissertação de mestrado, apresentou quatro definições de gerações mais recentes. São eles os Baby Boomers, a Geração X, os Millennials ou Geração Y e a Geração Z. Esses grupos se diferenciam de acordo com a época em que nasceram e cresceram, conforme os acontecimentos da época.
Baby Boomers
Essa geração é composta pelos indivíduos nascidos entre 1946 e 1964. Eles levam esse nome (explosão de bebês, se traduzido do inglês) devido à alta taxa de natalidade nesse período, após a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com a pesquisa de Almeida, esse ambiente pós-guerra, de reestruturação da nação, fez com que essas pessoas desenvolvessem uma necessidade de segurança. Dessa forma, segundo ela, os baby boomers procuram garantias, tanto no mercado de trabalho, quanto na vida pessoal.
Geração X
Esses indivíduos nasceram entre 1965 e 1976 e foram os primeiros a presenciar uma explosão da mídia. Ao contrário de seus antecedentes, eles viveram um período de retração da natalidade. Por isso, também são chamados de Baby Busters.
Essa geração é mais cética que a anterior. A pesquisadora Fernanda Terezinha associa esse comportamento ao ambiente corporativo, mais concorrido, em que eles estavam sujeitos na época. Esses indivíduos assistiram o começo de uma revolução tecnológica.
Geração Y ou Millennials
Essas pessoas, que também são chamadas de Geração Internet, são as nascidas entre 1977 e 1997. O grupo representava, no último Censo do IBGE, realizado em 2010, a maior parte da população brasileira, somando mais de 38% dos habitantes do país.
Os Millennials são vistos como mais individualistas. Essa característica, de acordo com a pesquisa de Fernanda Terezinha, está ligada ao fato de que esse grupo dá mais importância a vida pessoal, quando comparado com os outros. Além disso, eles cresceram com a popularização das tecnologias de comunicação digital, como internet, smartphones e notebooks. Essa é uma particularidade importante na diferenciação de seus antecessores.
Geração Z
É o grupo a que pertencem os nascidos a partir de 1998. Devido ao pouco tempo, existe pouca informação sobre essa geração. Alguns autores até questionam a sua existência. Muitos a colocam como parte dos Millennials, enquanto outros a chamam apenas de pós-millennials.
Esses individuos ainda estão se formando como adultos, já que os mais velhos, hoje, têm 20 anos. A pesquisadora Eliane Kullock, citada por Almeida em sua dissertação, acredita que essas pessoas tendem a se preocupar mais com o meio ambiente. Isso acontecerá, segundo ela, porque eles serão influenciados pelas propostas ambientalistas feitas durante as últimas décadas.
Na família
É possível falar de convívio entre gerações em arranjos familiares, sejam eles casais com filhos, mães ou pais solteiros com filhos, biológicos ou não, e avós que criam os netos. Essas pessoas, muitas vezes, fazem parte de épocas diferentes e, provavelmente, discordam em alguns aspectos da vida.
Ceneide Maria de Oliveira Cerveny, doutora em psicologia e professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), estuda relações familiares e intergeracionalidade. Ela afirma que o ser humano nasce com uma dupla tarefa. “[temos de] ser nós mesmos e ao mesmo tempo pertencermos a uma família situada sempre em um tempo e espaço”, explica.
É devido à essa dualidade que ocorrem os conflitos de gerações. O contexto em que cada indivíduo cresce influencia na forma com que ele analisa os problemas enfrentados ao longo da vida.
Camila Barbosa Lima, formada em design gráfico, pertence aos Millennials e é mãe. Ela acredita que o contexto econômico ao qual uma pessoa está submetida também influencia as suas percepções de mundo. “Questões como feminismo e machismo são muito fortes no conflito entre gerações por causa disso. Quanto menos acesso à informação, menos tolerantes ficamos com o que é diferente de nós”, pontua Camila.
No entanto, ela acredita que as novas gerações questionam os valores e as regras seguidas pelas de seus antecessores. “Entre pais e filhos, percebo que as novas gerações aceitam cada vez menos a imposição dos pais nas suas escolhas, assim como a imposições de padrões sociais toleráveis ou estabelecidos pelas gerações anteriores”, explica.
O intermédio da tecnologia
As novas gerações, desde os Millennials até os pertencentes à geração Z, têm muito contato com as tecnologias de informação. Apesar de o uso ser muito criticado, como comentado por Vagner Gonçalves, Ricardo Nivaldo, Élcio Tavares e Victor de Souza, no vídeo acima, Camila Barbosa acredita que esse não é o fator gerador de conflitos.
“Na minha geração [Millennial], o grande vilão era o videogame. Na geração [Z] da minha filha, é o celular e o tablet. (…) Na base de tudo, os problemas emocionais continuam a serem os mesmos. Relacionamentos entre pais e filhos, alienação parental, falta de dinheiro”, explica.
Entretanto, Cerveny aponta que o uso de tecnologia prejudica a convivência familiar, além de não ser restrito aos mais novos. Segundo ela, “a criança pequena que faz birra pelo celular, que deseja ver TV o tempo todo, terá seu desenvolvimento oral e social prejudicado. O adolescente não sabe se comunicar e os adultos estão trocando o diálogo face a face pelo intermediado pela máquina”.
Opiniões contrárias são comuns, quando se trata desse assunto. O que resta é esperar para ver como a nova geração se comportará em relação ao uso de tecnologia e o convívio familiar.
Repórter: Ana Laura Essi Daniel
Foto de capa: Pixabay
Produtora Multimídia: Marina Debrino
Editor de Ilha: Isaque Costa