O luto é o momento no qual a pessoa encontra-se angustiada por conta de uma perda recente: seja ela a morte de um ente querido, términos de relacionamentos ou até mesmo rompimentos entre amigos e família. No entanto, cada pessoa pode entender o luto e enfrentá-lo de maneiras distintas.
Para a coordenadora e fundadora da Associação Brasileira de Apoio ao Luto (Casulo), Alice Quadrado, isso vai além do que é popularmente propagado. “Não se trata de superação ou esquecimento, mas sim da readaptação a uma nova realidade”.
De acordo com a psicóloga Valéria Tinoco, esse período traz um sentimento intenso de insegurança. “O mundo conhecido deixa de existir e uma consequente adaptação à nova situação de vida se faz necessária”, pontua a especialista.
Estágios e tratamento
Eles podem ser divididos em cinco momentos: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação (veja mais no infográfico abaixo). “Quando falamos em negação, a pessoa ainda está fora da realidade e não sabe direito sobre o que aconteceu”, relata Alice. No entanto, a fundadora do Casulo afirma que a fase depressiva é a mais crítica. “A pessoa toma consciência da perda e em alguns momentos, não dá para passar por isso sozinha”, ressalta a coordenadora do núcleo.
Além disso, a psicóloga Valéria reforça a ideia de que o sentimento de perda precisa ser vivido, uma vez que a negligência e a falta de apoio podem resultar em consequências muito graves na saúde emocional do paciente. “A avaliação psiquiátrica se faz necessária quando há suspeita de um quadro de depressão ou ansiedade”, avalia.
Contudo, a profissional reitera que, somente após uma cautelosa avaliação será decidido sobre uso de medicamentos controlados. “É oportuno esclarecer que tristeza e depressão são bem diferentes e que a tristeza não deve ser tratada com medicamentos”, afirma a psicóloga.
As funerárias têm papel fundamental na hora do luto?
As agências funerárias cuidam do resgate, cuidado e preparação do corpo do falecido. É dever de um funcionário manter em mente que, no momento em questão, ele se torna o mediador de uma despedida dolorosa, tendo como dever automático e obrigatório a condução ética e humana das cerimônias a serem realizadas.
De acordo com Augusto Cardoso, gerente de funerária em Bauru, é importante evitar qualquer tipo de comentário entre os funcionários. “Precisamos tentar deixar os clientes mais tranquilos e cuidar da parte burocrática. Ou seja, quanto menos a família precisar se esforçar, melhor”, diz o gerente.
Dessa forma, Augusto afirma que as pessoas podem procurar pelos serviços custeados pela própria prefeitura e a Emdurb (Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru). “Em outros casos, quando as pessoas que não querem fazer pela prefeitura, nós dividimos no cartão, cheque ou, até mesmo, confiamos na palavra da pessoa [para pagar informalmente]”, finaliza.
Texto: André Dal Corsi
Produção multimídia: Michele Custódio
Edição: Beatriz Ribeiro