O evento gratuito idealizado pela Casa do Hip Hop é um símbolo de resistência cultural na cidade
Antes de começar a falar sobre a Batalha da Panelinha, é importante explicar o gênero musical envolvido e o seu contexto. O Rap é um discurso rítmico com rimas e poesias, que surgiu no final do século XX entre as comunidades Afro-descendentes nos Estados Unidos e é um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip hop.
No evento que reuniu os principais rappers de Bauru e região no Vitória Régia, aconteceu a chamada batalha de sangue, que é uma modalidade de tema livre, que tem como foco atacar o oponente por meio das rimas. As disputas da Batalha da Panelinha ocorrem seguindo um esquema de chaveamento: dois MCs competem entre si por dois rounds, com direito a um terceiro no caso de empate. O público é quem decide o vencedor, que será escalado para rimar com a pessoa que venceu em outra chave.
A Batalha da Panelinha foi idealizada pela Casa do Hip Hop e é uma forma de resistência cultural na cidade de Bauru. Com Wilker Manzato no comando do rap, Timbá na mixagem de som e Thomas como mestre de cerimônia, a última edição do evento rolou no Parque Vitória Régia nesta sexta (13).
Fechando a tampa da panela
O campeão da noite foi o MC Vitinho, que garantiu sua vaga na Semana do Hip Hop após vencer as disputas. “Foi uma conquista importante para mim, faz três anos que estou no rap e é uma honra poder participar da Semana do Hip Hop. Só de estar em cima do palco você já sente a energia vindo das pessoas, de quem está fazendo aquilo acontecer. Não é só chegar lá, tem muita coisa por trás de tudo”, conta o rapper. Após o triunfo, Vitinho se juntará aos MCs Estrofe e Guaru na grande batalha estadual que acontecerá na Semana do Hip Hop 2019.
Além dele, David MC, que também participou da batalha, reforçou a importância de eventos como esse na cidade para o desenvolvimento de um senso crítico. O cantor conta que começou no rap por meio da poesia e porque viu no gênero um aspecto revolucionário. “Eu gosto de letras que falam alguma coisa pra mudar o mundo. A cultura hip hop me abrigou com o break e o rap veio depois, por volta de 13 anos, quando fui instruído pelo meu vizinho, e para mim é uma coisa muito grande, o rap tem um poder de transformação social”, destaca.
Já os MCs Mael e Shawk destacam a repressão policial que as batalhas geralmente recebem. Esse foi o motivo pelo qual Mael parou de realizar a batalha das Cerejeiras, na quadra da prefeitura. Hoje, os artistas fazem parte de um projeto do Minha Casa Minha Vida que promove oficinas de MC em prédios do programa. “O hip hop […] traz o respeito dentro de casa, assim como na rua”, diz Shawk, “quando a gente chega para dar aula, a gente vê o sorriso de cada um deles […] ele transforma, realmente”.
A Batalha da Panelinha é um símbolo de resistência de Bauru e região e, com um caráter cultural aflorado, traz questionamentos e reflexões para a sociedade. O evento tem alvará e acontece mais de uma vez por mês, sempre com apoio e divulgação da Casa do Hip Hop. Para obter mais informações, acesse https://www.facebook.com/CASAH2BAURU/.
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