O tema da XXI edição da Jornada Multidisciplinar foi “Crise nas Humanidades: inclusão e resistência em tempos de retrocesso”, visando expor a importância das Ciências Humanas no contexto político atual.
Nesta semana, nos dias 16 a 18 de setembro, ocorreu a XXI Jornada Multidisciplinar, promovida pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), em parceria com a Unesp, no Câmpus de Bauru. Com a temática “Crise nas Humanidades: inclusão e resistência em tempos de retrocesso”, o evento buscou incitar debates sobre o saber humanístico, num momento em que têm ocorrido regressos na valorização das Ciências Humanas na educação brasileira.
Desde sua primeira edição, em 1998, a Jornada Multidisciplinar busca abordar tópicos que compõem o mundo moderno, como cultura, identidade, cidadania, linguagem, comunicação e direitos humanos. Sendo assim, e visando discutir temas pertinentes na sociedade atual, a Jornada também traz a valorização do trabalho acadêmico dentro da universidade pública.
Durante a semana, os participante puderam prestigiar exposições de fotografia, palestras, conferências, workshops e rodas de conversas sobre inclusão, diversidade, identidade e gêneros fotográficos.
Um olhar inovador
Em sua abertura, que ocorreu no dia 16, a XXI Jornada Multidisciplinar trouxe uma proposta inovadora,que possibilitou aos convidados a construção da sua própria experiência. Dessa forma, o hall da FAAC se transformou em palco para a mostra fotográfica “Olhares”, uma coletânea de fotos capturadas na Hospital Estadual de Bauru, Dr. Arnaldo Prado Curvello, sendo os responsáveis pelo projeto os produtores fotográficos Calil Neto, Denise Guimarães, Denise Joaquim, Loriza Lacerda, Quioshi Goto e Olício Pelosi.
Além disso, o primeiro dia de evento contou com a participação especial das próprias fotógrafas, Denise Guimarães e Loriza Lacerda. Posteriormente, a fim de encerrar o momento, o Coral de Libras, fez uma apresentação na linguagem brasileira de sinais da música “We Are The World”, em versão nacional.
Reconhecimento do trabalho científico dentro da universidade
No dia 17, a Jornada Multidisciplinar iniciou-se no período da manhã e perdurou até o período da noite, incluindo apenas alguns intervalos entre as atividades. Nesse ínterim, a programação contou com sessões de comunicação científica, onde os discentes evidenciaram seus trabalhos das mais diversas áreas das Ciências Humanas e da Comunicação. Ademais, no final de cada apresentação, ocorriam conversas sobre as produções expostas.
Logo após, deu-se início à conferência “A estética da resistência no cinema afro-diaspórico”, ministrada pelo palestrante Prof. Dr. Gilberto Alexandre Sobrinho, que foi responsável pelo encerramento do segundo dia. Enfim, a ocasião foi conduzida a partir da exibição do documentário “A Mulher da Casa do Arco-Íris (2017)”, que fala sobre a luta contra o racismo, a intolerância religiosa e o fim da pobreza. Também, transmissão também contou com a auto-descrição em libras feita pela Dra. Lívia Maria Villela de Mello Motta.
Por uma comunicação mais inclusiva e diversa
Já os participantes do último dia da XXI Jornada Multidisciplinar puderam prestigiar diversas atividades. A princípio, no período da manhã, a Dra. Lívia Maria Villela de Mello Motta trouxe a temática “Audiodescrição e inclusão cultural: aprendendo a expandir o olhar”.Aqui, o objetivo da palestra foi gerar reflexões sobre a audiodescrição, recurso de acessibilidade comunicacional e a modalidade de tradução audiovisual intersemiótica.
Em seguida, ocorreu a realização do workshop “Afroperspectivismo e a realização de documentários”, que foi conduzido pelo Prof. Dr. Gilberto Alexandre Sobrinho. Durante esse momento, foram exibidos produções cinematográficas, pretendendo, sobretudo, estimular discussões sobre identidade, resistência e sobrevivência.
Ainda no período da tarde, os fotógrafos responsáveis pela produção “Olhares” estiveram presentes para uma roda de conversa. Nela, expuseram desde a idealização do projeto até as escolhas estéticas, técnicas de captura e edição de imagem. Além disso, quem esteve presente também pode saber mais sobre os obstáculos, as surpresas e a experiência que os fotógrafos vivenciaram durante a realização das capturas de imagem.
A importância de valorizar o saber humanístico
Por fim, para encerrar a XXI Jornada Multidisciplinar, o Prof. Dr. Antonio Carlos Mazzeo, mediado pelo Prof. Dr. Carlo Napolitano, trouxe para a discussão o tema “Crise nas humanidades: inclusão e resistência em tempos de retrocesso”. Nessa conferência, Mazzeo contextualizou o que são as humanidades, incluindo as Ciências Humanas dentro de um contexto social e o motivo das suas constantes crises ocasionadas pela sociedade.
De acordo com o Prof. Dr. Antonio Carlos Mazzeo, o núcleo fundamental da ciência humana é, certamente, a filosofia, que nasce com o desenvolvimento da sociabilidade humana, sendo assim o primeiro momento onde o homem se questiona qual é esse espaço e qual é o seu papel dentro dele.
Mazzeo encerrou a conferência afirmando que a partir do momento que a ciência humana deixar de ter crises, será o fim da humanidade. Sendo assim, para ele, as pessoas que não gostam de pensar em mudanças sociais, políticas e das formas econômicas, odeiam a ciências humanas porque sabem que, assim, ela destrói todo o conjunto dogmático, anti-histórico, ignorante e não civilizatório. Portanto, concluiu que devemos abraçar as crises humanísticas e conviver bem com elas.
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